A equidade de gênero é uma das bandeiras mais levantadas quando o assunto é a diversidade. E os números mostram que isso não é por acaso. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais da metade da população brasileira é composta por mulheres. Porém, sua representatividade ainda é menor do que a do público masculino no mundo dos negócios.
Nas empresas, seu salário é 20% inferior ao de homens que ocupam o mesmo cargo. No empreendedorismo, cerca de 24 milhões de mulheres têm vontade de empreender, mas somente 9 milhões conseguem abrir seu negócio, segundo dados do Movimento Aladas, projeto que tem por objetivo unir, encorajar e capacitar mulheres que querem empreender ou aprimorar sua capacidade de liderança e gestão.
Para tentar mudar essa radiografia da situação no país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta semana, uma lei que obriga as empresas a pagarem o mesmo salário para homens e mulheres que exercem as mesmas funções. O conjunto de ações para garantir o direito do público feminino no mercado de trabalho foi o Projeto de Lei 1.085/23, apresentado pelo governo federal no Dia Internacional da Mulher deste ano. O texto já havia sido aprovado na Câmara e no Senado.
Para Daniela Graicar, fundadora do Aladas, a lei joga luz a uma luta antiga. "Há décadas, as mulheres buscam ter suas competências profissionais reconhecidas e equiparadas às dos homens. A lei abrirá um novo horizonte para o alcance dessa igualdade salarial, servindo não só como reconhecimento, mas como estímulo para que tenhamos cada vez mais uma maior participação das mulheres no mundo dos negócios".
De acordo com as novas alterações do documento, as empresas que não cumprirem a determinação da lei serão multadas em 10 vezes o novo salário da funcionária discriminada — elevado ao dobro em caso de reincidência. De acordo com Daniela, esse é apenas o primeiro passo.
"Falar sobre o assunto e trazer mais visibilidade é uma maneira de reconhecermos que é necessário ampliarmos a visão sobre esse tema, diversificarmos os pontos de vista no ambiente de trabalho, além de apoiarmos cada vez mais a quebra de obstáculos dessa trajetória. O caminho ainda é longo, mas estimular a conversa nos ambientes corporativos e fora deles é essencial para essa busca constante de equilíbrio e progresso", ressalta.
Segundo um estudo do Sebrae e do Movimento Aladas, as mulheres estão se dedicando com mais afinco para desenvolver novas habilidades de gestão e empreendedorismo, reflexo do aumento da oferta de oportunidades de capacitação.
Para Daniela, juntamente com a criação de políticas públicas que ajudem as mulheres a terem um suporte para poderem se dedicar mais ao seu papel profissional, a igualdade salarial será um salto importante, mas que deve acontecer de forma gradativa. "As empresas precisam entender o fato de que ter mulheres em seus times tão bem remuneradas quanto os homens só trará benefícios, pois incentivarão toda uma transformação na sociedade".
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