Eloise Morhange, 36 anos, tem a bicicleta como principal meio de transporte desde 2004, quando abandonou o ônibus e o metrô para pedalar em direção à faculdade e ao trabalho. Mas foi há dois anos que a bike realmente mudou a vida dessa moradora de São Paulo. Ela entrou para um clube de ciclismo, o Fuga, fez amizades, ganhou competições e hoje viaja o mundo pedalando.
Ao Delas, Eloise conta que quem a apresentou a esse novo mundo foi o ex namorado. Na época, ele era um dos treinadores do Fuga e a incentivou a andar em uma bicicleta de estrada, um modelo um pouco diferente daquele que estamos acostumados a ver na cidade.
“Nunca tinha andando em uma bike assim, mas meu namorado me fez testar e eu adorei. Foi um pouco difícil no começo, mas me apaixonei rapidamente quando vi a diferença de potência em relação à bike urbana que eu tinha. Essa foi, na verdade, a minha segunda paixão pela bike”.
“Passar para a bike de estrada foi um prazer tão grande que eu comecei a pedalar muito mais. Eu queria ir mais longe. Não fazia só o trajeto do trabalho, eu saia mesmo para pedalar para explorar a cidade e fazer distâncias mais longas, porque era uma bike mais rápida e bem mais divertida do que a minha urbana”.
Matriculada no clube de ciclismo, Eloise passou a treinar essa nova modalidade durante a semana e, aos finais de semana, saía com o grupo para andar na estrada. “É uma coisa muito legal e uma amizade muito forte. Você via as pessoas felizes de acordar às 5h no sábado ou domingo para encontrar a turma às 7h e sair para pedalar. A gente pedalava distâncias entre 60 e 120 km, dependendo do grupo e do trajeto, o que dava de 4h a 5h. Eu voltava para casa ao meio dia com uma sensação maravilhosa de ter feito uma coisa incrível já pela manhã”, relata.
Eloise conta que, em determinado momento, o namoro acabou, mas, o que parecia ser um problema, já que o clube de ciclismo e os amigos eram os mesmos, acabou se mostrando uma forma de amenizar a dor. “Passei a fazer outros treinos em que ele não estava e comecei a pedalar por fora com algumas amigas que fiz no grupo. Eu fui percebendo que a bike tinha mais importância que o namoro e, por mais que tenha sido triste o término, ele me deu um presente enorme que foi essa paixão pelo ciclismo”.
Você viu?
“Em momentos difíceis, a bike te tira desse foco e ajuda a pensar em outras coisas e a meditar. Por mais triste que você esteja, aquilo vai te fazer bem e proporcionar uma sensação gostosa, já que, durante o exercício, o corpo produz serotonina e endorfina – neurotransmissores relacionados à sensação de bem-estar. É realmente como uma terapia. A sua bike vira sua companheira tanto em momentos difíceis quanto bons”.
Primeira corrida
Para Eloise, o momento mais marcante nessa trajetória com o ciclismo foi a primeira corrida que participou e venceu. “Eu nunca imaginei que fosse participar de corrida. Sou competitiva e má perdedora, então falava que não entraria nessa. Mas um amigo me inscreveu para acompanhá-lo e, quando vi, ganhei a prova sem imaginar que seria possível. Foi um dos momentos mais inusitados e surpreendentes, me deixa sorridente até hoje”.
A corrida aconteceu no município de Cunha, São Paulo, e Eloise venceu o primeiro lugar nos 60 km. Desde então, já participou de outras corridas e voltou ao pódio como segundo e terceiro lugar.
A descoberta da cicloviagem
A bicicleta é transporte para ir ao trabalho, praticar esportes e, mais recentemente, Eloise descobriu que também é possível viajar com ela. As cicloviagens, como são chamadas, são viagens em que o trajeto todo é feito de bicicleta.
Eloise mora atualmente na França e conta que já fez algumas cicloviagens pelo país, que variam o trajeto entre 140 km a 250 km. “São coisas muito incríveis que eu nunca imaginei que fossem acontecer um dia. Não imaginei que fosse fazer distâncias tão longas e com tanto prazer, sem ver o tempo passar e vendo a paisagem de uma forma diferente, mais lentamente”.
“Está sendo muito mágico essa terceira etapa da bike na minha vida. Ela me presenteia todos os dias e me faz encontrar pessoas novas”, diz. Eloise fala que por onde passa conhece novas pessoas e faz amigos por conta da bicicleta. “É enriquecedor e reconfortante, porque te dá a oportunidade de fazer amigos na vida adulta. A bike te dá esse respiro. É um lugar muito rico de encontros. Para mim, o resumo da felicidade”.
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