Um dos tratamentos mais conhecidos contra a obesidade, a cirurgia bariátrica pode trazer mudanças significativas para a vida do paciente. Entre os riscos associados a esse procedimento, existe o de desenvolver uma compulsão. "Temos casos de compulsão por álcool, drogas e até sexo, que é menos frequente, mas pode acontecer por vários motivos", pontua o cirurgião bariátrico Andre Augusto Pinto, da Clínica Gastro ABC.
Ele explica que, embora a obesidade possa ser causada por fatores hormonais ou fisiológicos, a grande maioria dos casos está associada à alimentação e hábitos de vida. "Esse paciente deixa de fazer atividade física, está acostumado a comer alimentos ultraprocessados, muito carboidrato, muita gordura e se sente confortado com a comida, a comida é uma fuga para ele...", exemplifica o médico.
"Quando você tira a comida, o paciente precisa de alguma outra coisa para se sentir confortado. Então, é muito frequente trocar a compulsão [alimentar] por bebidas alcóolicas, alguns tipos de droga, sexo. E algumas vezes, o paciente não desenvolve compulsão, mas desenvolve um quadro de depressão. Existem até casos de suicídios".
O cirurgião explica, acrescentando: "A alimentação também é um estilo de vida. Se o paciente está acostumado a sair para comer com os amigos, a comida está presente em tudo que ele gosta de fazer, quando você tira isso, ele não sente mais prazer em nada".
Por isso, antes de fazer uma bariátrica, o paciente passa por avaliação psicológica e, se necessário, psiquiátrica. "É indicado que se faça acompanhamento psicológico no pós-operatório também, para evitar essas compulsões, que não são muitos frequentes, mas podem acontecer", comenta Andre Augusto.
Os impactos da cirurgia bariátrica na vida sexual
Um estudo apresentado na Obesity Week, encontro anual realizado pela Sociedade Americana para Cirurgias Metabólicas e Bariátricas e pela Sociedade da Obesidade, mostrou que, um ano após passar pela cirurgia bariátrica, os pacientes notaram mudanças positivas na vida sexual. Os entrevistados disseram sentir mais apetite e desejo sexual, além de maior satisfação com o próprio desempenho na cama.
Isso acontece porque, além das limitações físicas relacionadas à obesidade, alterações metabólicas, como a queda da testosterona, podem provocar diminuição da libido, especialmente em pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 ou 50 - com obesidade grau 3. É por esse motivo que a obesidade está frequentemente relacionada a casos de disfunção sexual.
"Quando você perde peso, e principalmente quando perde de uma forma tão rápida, como na bariátrica, a testosterona sobe muito rapidamente, então, a libido aumenta", diz Andre Pinto. A cirurgia também interfere na autoestima. "Muitas vezes, a pessoa se sente mais bonita, volta a fazer atividades físicas, a comer melhor. Tudo isso faz aumentar a libido", adiciona o médico.
Existem casos em que pode haver queda da libido?
Segundo o cirurgião bariátrico, a resposta para esta pergunta é sim. Existe essa possibilidade quando o paciente, por exemplo, desenvolve um quadro de depressão, que pode acarretar a diminuição da libido, ou ainda, se não estiver seguindo uma alimentação equilibrada, podendo ter baixa de vitamina A, E, D ou B12 e, por conseguinte, a queda do apetite sexual.
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