O autocuidado é sempre importante para manter a saúde física, mental, social e, claro, íntima. Aqui, um ponto para se atentar é a saúde das mulheres cisgênero: a falta de conversa sobre o assunto, juntamente à rotina agitada, acaba fazendo com que esse tipo de dedicação fique para segundo plano, podendo causar desconfortos na região pélvica.
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Os cuidados íntimos da mulher são de grande importância para não ter odor desagradável, evitar corrimentos e mudança de pH da região, entre outros. Etiene Galvão, ginecologista e obstetra e professora do curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), explica quais são as melhores maneiras de manter a saúde vaginal em dia.
“A higiene íntima é o conjunto de ações que visa remover o excesso de resíduos da região genital, qualquer que seja a natureza dos mesmos. Essa prevenção tem por objetivo promover o bem-estar e conforto, assim como prevenir as infecções genitais. A falta de limpeza, tanto quanto o excesso, pode ser prejudicial, pois a região é muito sensível. Então devemos considerar: tipo de pele, biotipo da mulher, atividade física, região onde ela vive e antecedentes de transpiração excessiva.”
Qual a melhor forma de realizar a higiene?
- Remover a umidade excessiva;
- Trocar as roupas íntimas, pelo menos, uma vez ao dia;
- Em climas quentes, deverá ser feita pelo menos de duas a três vezes ao dia. Já em climas frios, pelo menos uma vez ao dia;
- Deve-se manter a pele seca para não haver maceração vulvar e desenvolvimento de infecções fúngicas.
Qual é o melhor tipo de sabonete?
PH neutro (entre 4 e 6), líquido, sem perfume, que tenha poder detergênico bastante suave, hipoalergênico não bactericida e não usar sabonete ou desodorante íntimo.
Quanto a temperatura da água, qual é a mais indicada?
Não faz diferença se a água é fria, morna ou gelada. A água muito quente pode causar ressecamento ou lesões da pele. Para peles com ressecamento, água fria.
Banho após atividade sexual?
A docente lembra que é necessário que as mulheres tenham um cuidado redobrado com a higiene logo após o ato sexual, removendo o excesso de umidade e secreções que poderão causar irritação da vulva.
“Fazer xixi após o sexo: o ato sexual leva a contatos por toda as regiões, inclusive a abertura da uretra, aumentando o risco de infecções urinárias devido ao acúmulo de bactérias; lavar a vulva delicadamente, com água e sabonete neutro ou glicerinado, sem perfume e evitar duchas.”
Pompoarismo como autoconhecimento
Etiene Galvão lembra que o pompoarismo se torna bastante indicado nestes casos. Esse exercício contrai a musculatura do assoalho pélvico, incluindo a musculatura vaginal – isso aumenta a elasticidade da genitália.
“E, portanto, fazendo que haja uma maior sensação da percepção do pênis no momento da atividade sexual. Evita a flacidez vaginal, aumentando e prolongando o prazer na hora do sexo, aumentando a libido, diminui a dor durante a penetração, entre outros, embora tenha que ser orientado por um (a) ginecologista.”
Depilação: como evitar irritações?
Já em relação a depilação íntima, muitas vezes ocorre coceiras após depilar as áreas pélvicas. Com isso, Etiene também aconselha um passo a passo para evitar as irritações causadas pela lâmina de aparar. A médica ainda lembra que a região do complexo labial deve ter uma camada de pelos curta, para funcionar como mecanismo de defesa.
Com isso, o primeiro passo é hidratar a pele com água antes de cortar os pelos. “Depois, esfoliar a pele ao redor da virilha, isso evita ou reduz a irritação da pele no processo da depilação; usar um gel de depilação antes e durante a depilação; depilar levemente, porém firmemente, no sentido contrário ao crescimento do pelo; enxaguar a virilha e secar com uma toalhinha limpa e seca, pressionando por mais ou menos dois minutos e depois; e hidratar a região.”
Óleos e cremes
Com a indústria de cosméticos se renovando a cada dia, não faltam no mercado opções de pomadas ou cremes que prometem benefícios à saúde. No entanto, Etiene reforça que o uso dos mesmos deve ser recomendado por ginecologistas, para evitar, inclusive, a compra de um produto desnecessário à saúde vaginal.
“Então as pomadas ou cremes podem ser aplicados na região vulvar na presença de infecções fúngicas, reposição hormonal tópica, processos alérgicos, pós-depilação, entre outros; já os óleos, como o de coco extravirgem atuam como medida adjuvante em situações específicas”.
Alimentação
Consumir alguns determinados alimentos com frequência, mantendo uma alimentação saudável e balanceada, ajuda a manter o equilíbrio da flora vaginal, beneficiando os microrganismos existentes. A professora lista alguns alimentos como: cereais integrais; legumes e vegetais; frutas; iogurte; alho; couve; cranberry; maçã; água; água de coco e chá verde.
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A docente do curso de Medicina do Unipê ainda comenta que existem vitaminas para a vagina. “O pH vaginal equilibrado deve ser ácido, fazendo com que haja uma inibição do crescimento de microrganismos responsáveis por infecção vaginal. Ácido ascórbico vaginal (vitamina C), é indicado para pacientes com repetidas alterações da microbiota vaginal, devendo ser autorizado por profissional abalizado, considerando as características de cada paciente”, finaliza Etiene.