Brasil lidera consumo de droga para emagrecer, proibida na Europa
O Brasil não perde o título de campeão de consumo de remédios para emagrecer, com direito a ser citado – em tom de preocupação – no relatório mundial feito pela Organização Mundial de Saúde.
No ano passado, segundo informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram comercializadas duas toneladas de sibutramina, droga anorexígena proibida em países da Europa .
iG: O país consumiu no ano passado duas toneladas do medicamento para emagrecer
sibutramina. O senhor acha que esse número é um reflexo de falhas nas fiscalizações estaduais e municipais?
Dirceu Raposo de Mello: O consumo de sibutramina é alto, mas estamos falando de medicamentos controlados, com retenção de receita médica. O problema não é a fiscalização e sim a prescrição pelos médicos. Quando uma pessoa entrega uma receita na farmácia é porque alguém prescreveu o medicamento. Mas é uma discussão que deve ser travada no âmbito da corporação médica. O papel da Anvisa é municiar o CFM (Conselho Federal de Medicina) com os dados disponíveis sobre o tema.
iG: Que tipo de informação a Anvisa fornecerá ao CFM?
Dirceu Raposo de Mello: Podemos dizer, por exemplo, quais são os médicos que mais prescrevem anorexígenos e se há indícios de que esses profissionais têm relações promíscuas com quem vende estes medicamentos. Não é o meu papel questionar se a prescrição está correta ou não. No entanto, os dados que aparecem em nosso sistema de gerenciamento indicam que existem desvios que tangenciam a prática antiética, com objetivo exclusivamente comercial. Isso não é bom nem para o paciente nem para a saúde pública de um país.