Uma em cada quatro mulheres tiveram consultas de rotina canceladas na pandemia

Pesquisa mostra que cerca de 23% das consultas foram canceladas pelos médicos; brasileiras são as que mais falam sobre saúde da mulher entre amigos e familiares na América Latina

23% das mulheres tiveram suas consultas de rotina canceladas na pandemia
Foto: shutterstock
23% das mulheres tiveram suas consultas de rotina canceladas na pandemia


saúde da mulher deixou de ser prioridade devido à pandemia do novo coronavírus. Esse é um dos dados da pesquisa inédita realizada pela consultoria Kantar, em parceria com a empresa de biotecnologia Amgen. De acordo com pesquisa feita em 7 países com mais de 2 mil mulheres, uma em cada quatro mulheres (23%) teve suas  consultas de rotina canceladas pelo médico.

A pesquisa foi realizada em Canadá, Brasil, México, Argentina, Colômbia, Arábia Saudita e Turquia. A iniciativa faz parte do movimento global "Juntas Somos Invencíveis" , promovido pela Amgen e apoiado no Brasil pela Crônicos do Dia a Dia (CDD), cujo objetivo é conscientizar sobre a importância do cuidado com a saúde feminina, especialmente no atual cenário. Ao longo de 2021, a campanha abordará diversas enfermidades que afetam diretamente as mulheres, como saúde óssea, doenças cardíacas e câncer.


Outro dado observado na pesquisa apontou que a mulher brasileira é proativa em falar sobre cuidados à saúde com seus familiares e amigos, com um papel fundamental na conscientização. Uma em cada duas mulheres (46%) disse que traz tópicos de saúde para a família e amigos. Isso foi significativamente maior do que o que foi observado no México (24%), Argentina (19%) e Colômbia (27%).

"Sabemos que o papel do cuidado das famílias é culturalmente dado às mulheres, que acabam desempenhando essa função, mas, muitas vezes, negligenciam sua própria saúde, o que tem sido muito evidente durante a pandemia. O movimento Juntas Somos invencíveis servirá como um lembrete importante para que nós, mulheres, protejamos nossa saúde, enquanto também cuidamos umas das outras durante momentos como esses, em que os recursos de saúde e o acesso a informações podem ser mais limitados", afirma Bruna Rocha, gerente geral da Crônicos do Dia a Dia.

Você viu?

Desconhecimento da saúde óssea

A pesquisa também abordou o conhecimento da  osteoporose entre as mulheres. A doença é uma condição de saúde grave que ainda é amplamente subdiagnosticada. No Brasil, estima-se que a osteoporose afeta 10 milhões de pessoas. Entretanto, após quebrar um osso, a maioria dos pacientes não é diagnosticada e devidamente tratada para osteoporose, que é a causa subjacente da fratura.

A condição traz um alto impacto para a produtividade e vida de centenas de brasileiros. Após uma fratura, 40% são incapazes de andar de forma independente e 80% passam a ter restrições em suas atividades diárias, como dirigir e fazer compras de supermercado. Além das limitações físicas, a osteoporose e as fraturas podem afetar significativamente a saúde mental e emocional das mulheres.

De acordo com o levantamento, embora a maioria das mulheres no Brasil (96%) concordam que os ossos desempenham um papel fundamental na capacidade de independência, 40% das mulheres que não conversaram com o seu médico sobre a saúde óssea não o fizeram porque isso não é algo que as preocupa.

A pesquisa revelou algumas descobertas sobre como as mulheres no Brasil veem a saúde óssea e os desafios que enfrentam. Dentre as entrevistadas, as mulheres têm conhecimento para reconhecer os primeiros sinais de osteoporose: muitas sabiam que um osso que quebra facilmente (93%) e a perda de altura ao longo dos anos (75%) são sinais precoces de deterioração da saúde óssea, mas menos mulheres (57%) estavam cientes de que dor nas costas também poderia ser um sinal precoce de deterioração da saúde óssea.

A osteoporose afeta uma em cada três mulheres a partir dos 50 anos, porém, o método de prevenção ainda é desconhecido. Segundo a pesquisa, 60% das mulheres nunca realizaram e tão pouco ouviram falar sobre uma avaliação de risco de fratura. Outras 25% já ouviram falar, mas nunca completaram uma e apenas 7% haviam concluído o exame.

Além disso, quase todas as mulheres pesquisadas (96%) afirmam saber que as densitometrias ósseas são importantes para sua saúde óssea, porém, 29% nunca realizaram o exame.

"Apesar de avanços significativos na triagem e tratamento, a osteoporose continua sendo um grande problema em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil. Ao contrário de outras condições de saúde que têm um impacto imediato, muitas pessoas não sentem que a saúde óssea seja urgente, pois seus sintomas muitas vezes podem ser silenciosos. Se não for diagnosticada e tratada, a osteoporose pode levar a fraturas que, para muitos, podem significar perda de independência e da vida como a conhecem" explica o especialista Ben-Hur Albergaria, ginecologista e vice-presidente da Comissão Nacional de Osteoporose.