Entenda a diferença entre câncer de útero e câncer no colo do útero

Especialistas explicam as diferenças entre os tipos de câncer no útero, como prevenir, quais seus sintomas e tratamentos; confira


Câncer de útero: entenda melhor a doença de Fátima Bernardes
Foto: Reprodução: Alto Astral
Câncer de útero: entenda melhor a doença de Fátima Bernardes

Na última semana,  Fátima Bernardes anunciou em suas redes sociais que estava com câncer no útero na fase inicial. Ela se submeteu a uma cirurgia para a retirada do tumor e passa bem. ''Sempre soube que a vida é rara, mas hoje meu amor a ela é ainda maior e vem carregado da certeza de que cada minuto importa mesmo e tem que ser muito bem vivido'', disse a apresentadora do Encontro. 



O anúncio da doença da apresentadora gerou algumas dúvidas, já que o tipo de tumor que mais atinge esse órgão é o câncer de colo do útero. Para saber mais sobre o assunto, o iG Delas conversou com especialistas. Em linhas gerais descobrimos que o mesmo órgão pode ser atingido de formas diferentes. Elas estão relacionadas a diferentes causas e possuem diferentes sintomas. Confira.

Qual a diferença entre câncer de útero e câncer no colo do útero?

A ginecologista e obstetra Fernanda Pepicelli explica que o útero é dividido em três camadas: o endométrio (camada mais interna que fica espessa todo mês, e se não ocorre a fecundação ela se “desfaz” e afina noC externa, fina, como se fosse uma capa de proteção. Essas três áreas podem ter câncer e o mais comum comparativamente entre eles é o câncer de colo.

Segundo a radio-oncologista Hospital DF Star em Brasília, Pauline Souto, a principal diferença entre o câncer de útero e o câncer de colo de útero é a localização. O câncer de colo uterino, como o nome diz, surge da porção mais inferior do útero. Já o câncer de útero se origina do corpo uterino, ou seja, da sua porção mais superior. 




Quais as principais causas do câncer de útero? 


Os principais fatores de risco para o câncer de colo de útero são: infeccção de vírus HPV, sobretudo tipos 16 e 18, responsável por cerca de 70% dos casos, segundo dados do INCA 2018), início precoce da atividade sexual (isto se relaciona ao tempo de exposição ao vírus HPV), múltiplos parceiros sexuais, história prévia ou presente de doenças sexualmente transmissíveis, mulheres que tiveram muitos filhos, tabagismo, imunossupressão.  

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"Já o câncer de corpo uterino - que em geral ocorre com mais frequência no endométrio -  está relacionado ao estímulo do útero por hormônios femininos. Por isso os principais fatores relacionados a ele são: uso de reposição hormonal com estrogênio sem oposição de progesterona, mulheres que não tiveram filhos, pós-menopausa, primeira menstruação em idade precoce, obesidade, uso de anticoncepcionais e drogas como tamoxifeno, usado no câncer de mama", explica Souto. 



Quais são os sintomas pra esse tipo de câncer? 


Segundo as médicas, pacientes com câncer de útero costumam apresentar sangramento vaginal após a menopausa. Por esta razão, a maioria é diagnosticada em estágios iniciais. “Casos mais avançados podem evoluir com dor abdominal e pélvica, dor lombar, aumento do volume abdominal, massa palpável em pelve e até abdomen, inchaço das pernas”, diz Souto. 

Em relação ao câncer de colo de útero os principais sintomas estão ligados ao sangramento vaginal espontâneo ou depois do sexo, secreção vaginal anormal com ou sem dor. Casos mais avançados podem evoluir com dor pélvica e dor lombar, dor à relação sexual, sintomas intestinais e urinários, inchaço de membros inferiores, até falência dos rins. 


Como prevenir o câncer de útero? 


Para evitar o câncer no endométrio é recomendado evitar o uso de estrogênios de forma isolada e tentar manter uma vida saudável, com dieta e exercícios físicos. 

No caso de câncer de colo uterino, é muito importante fazer sempre o preventivo, também conhecido como Papanicolau. Segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde, o exame deve deve ser oferecido às pacientes entre 25 e 64 anos de idade, o que não quer dizer que não possa ser realizado antes dos 25 ou após os 64 anos. 

“Pacientes com 3 testes anuais negativos podem passar a realizá-los a cada 3 anos. A vacinação contra o HPV encontra-se disponível no calendário vacinal do Ministério da Saúde e está disponível para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos, em duas doses aplicadas com intervalo de 6 meses entre as doses. Além disso, cuidados relativos à prevenção de DSTs e a cessação do tabagismo são também medidas preventivas”, acrescenta Souto. 


Quais os tratamentos para o câncer de útero? 


Welly Chiang, ginecologista que atua em cirurgia ginecológica avançada, explica que a vacinação contra a HPV, o uso de preservativos durante a relação sexual e exames de rotina são de extrema importância para as pessoas que tem útero se manterem sempre saudáveis.

Os tratamentos para esses tipo de câncer são na maioria das vezes cirúrgicos, muitas vezes acompanhados de quimioterapia e radioterapia antes e após a cirurgia.

Pauline Souto completa dizendo que, os tratamentos dependerão, como sempre, do estágio em que se encontra a paciente.  "De maneira geral, tumores de corpo de útero são tratados primariamente com cirurgia", diz a rádio-oncologista.  A partir da análise do material retirado da paciente define-se a necessidade ou não de tratamento complementar com outras modalidades, como quimio e radioterapia.

“Já os tumores de colo de útero iniciais podem ser tratados com a cirurgia de retirada de todo útero, mas por procedimentos menos radicais, caso se deseje e seja possível a preservação da fertilidade da paciente. Casos mais avançados são geralmente tratados com quimio e radioterapia concomitantes, seguidos de braquiterapia (uma modalidade de radioterapia na qual insere-se aplicadores vaginais para reforço de dose diretamente no local acometido)”, encerra Souto.