Calcinha absorvente vale a pena? Veja o que dizem mulheres que usam

Do conforto à sustentabilidade, as calcinhas absorventes podem proporcionar diversos benefícios

O período menstrual pode ser muito incômodo para muitas mulheres. Algumas vezes, os absorventes convencionais não são o suficiente para segurar o fluxo e podem intensificar essa sensação ruim durante a menstruação. Cada vez mais têm-se procurado novos produtos para trazer mais conforto e liberdade às mulheres. 

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Calcinhas absorventes podem dar mais conforto às mulheres no período menstrual
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Calcinhas absorventes podem dar mais conforto às mulheres no período menstrual


A calcinha absorvente já existe há algum tempo, mas ainda é recebida com olhares de desconfiança de muitas mulheres. Afinal, como uma calcinha consegue, por exemplo, segurar fluxos intensos por um dia inteiro? É preciso se preocupar com o mau cheiro? Custa muito caro?

O Delas conversou com mulheres que testaram e aprovaram o produto para falar sobre suas percepções e os motivos que a levaram a aderir. Além disso, convidamos a ginecologista Ana Carolina Lúcio Pereira para desmistificar o funcionamento da calcinha e indicar os cuidados a serem tomados durante o uso.

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Como funciona?

Ana Carolina explica que as calcinhas absorventes são um resgate mais tecnológico dos panos, que eram usados há muito tempo. Eles podiam ser lavados e reutilizados. “Durante o dia, a calcinha pode absorver até o equivalente a 2 absorventes bem cheios de sangue. Mas quem tem fluxo maior pode precisar de uma proteção extra, como um absorvente interno ou externo pelo menos do segundo para o terceiro dia”, explica a médica.

A peça conta com três a quatro camadas para fazer a absorção do fluxo da menstruação . Veja como funciona:

  1. A primeira camada está em contato com a pele e a mantém seca;
  2. Há a camada bactericida, contra o odor e o crescimento de microrganismos;
  3. Outra retém o fluxo de sangue;
  4. A última camada é externa e protege contra vazamentos.

A primeira vez

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Mulheres que usam a calcinha menstrual revelam que não demoraram a sentir mais confiança


A criadora de conteúdo na internet Bruna Rosa, de 25 anos, decidiu usar por curiosidade e porque queria testar outros tipos de produtos para o fluxo menstrual . Antes de ganhar confiança, ela usava em casa. “Fiquei insegura quando decidi sair na rua, mas vi que realmente aguentava. Também fui entendendo como lavar e quanto tempo demora para secar, quando trocar”, diz. Ela já está usando a calcinha há um ano.

A redução de lixo e a praticidade foram os principais motivos da ilustradora Gabriela Gil, de 33 anos, para tentar as calcinhas absorventes. O uso já soma pouco mais de dois anos, mas até hoje ela se lembra da sensação no primeiro dia. “Foi estranho, mas logo me acostumei e não demorei para achar melhor que os absorventes descartáveis”, explica.

Os absorventes convencionais, principalmente os de cobertura seca, eram um pesadelo para a pesquisadora Bianca Alcântara, de 27 anos. “Minha pele enchia de bolinha, eu sentia um cheiro horrível e me estressava mais durante o período. Era horrível”, desabafa.

Ela também buscou as calcinhas como opção sustentável durante o período menstrual , já que é costume seu buscar reduzir ao máximo o consumo de descartáveis. “Por conta do sangue e pelo tanto de componentes químicos, os absorventes não podem ser reciclados depois”, diz. Ela fala ainda que, dependendo do modelo, elas são super estilosas. “Dá para usar até na praia para tomar um sol, mas nunca para entrar na água”, alerta.

Mais conforto e mais liberdade

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Com a calcinha absorvente, mulheres se sentem mais livres e seguras durante o período menstrual


Apesar das diversas camadas de proteção, a calcinha absorvente é tão fininha quanto à convencional. “Ela tem uma grande área de absorção e se modela ao meu corpo, então consigo fazer todos os tipos de atividade durante a menstruação ”, diz Bianca. A calcinha não limita nem mesmo movimentos de grande elasticidade, então é possível praticar exercícios e até mesmo dormir com ela.

Bruna também sentiu o incômodo ir embora. “Não sinto cheiro algum e me sinto seca o dia todo, acho muito mais prática do que o absorvente”, comenta. 

Segundo Gabriela, a sensação de liberdade é maior com a calcinha. “Fico muito mais segura, despreocupada e feliz por não produzir mais lixo”, acrescenta. 

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Para quem o uso é recomendado?

Apesar de ser muito mais procurada por seu baixo impacto ambiental, muitas mulheres que têm ciclos irregulares ou imprevisíveis também recorrem às calcinhas absorventes. Outra vantagem é que também pode ser usada por mulheres que não tiveram a primeira relação sexual - muitas mulheres temem o absorvente interno antes da primeira vez. 

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Calcinha absorvente x coletor

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Coletor menstrual pode ajudar o meio ambiente, mas nem todas as mulheres se adaptam a ele


O coletor menstrual também é uma opção muito ecológica, mas Ana Carolina explica que pode ser incômodo para algumas pacientes. “Isso principalmente em pacientes mais velhas, que têm o  tabu de se tocar, de manusear o coletor e introduzi-lo. Algumas têm medo do objeto se perder lá dentro”, explica.

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Ainda existe a possibilidade de o organismo rejeitar o coletor por seu formato. A calcinha pode ser uma saída por conseguir dar conta do recado externamente, porque ela se é capaz de se modelar no corpo e segurar o fluxo.

Vale intercalar?

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Muitas mulheres optam por intercalar a calcinha menstrual com outros tipos de absorvente


Ao final do ciclo, Bruna opta pelo uso de um absorvente diário já que não é preciso mais segurar o fluxo intenso. Já para quem quer realmente abolir o uso de descartáveis, Gabriela e Bianca sugerem os absorventes de pano. “Dá para lavar e reutilizar, como a calcinha, e também são super seguros. É uma opção mais barata para quem ainda não pode investir na calcinha”, explica a pesquisadora.

Menor impacto ambiental

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 15,6 bilhões de absorventes são descartados no ano só aqui no Brasil. Da puberdade à menopausa, a estimativa é de que mulheres usem de 10 a 15 mil absorventes descartáveis, equivalente a mais de 150kg de lixo.

Se bem conservada, as calcinhas absorventes podem duram até dois anos. Então, também são dois anos gerando menos lixo.

Cuidado na hora de lavar

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Para garantir que a calcinha dure bastante tempo, é necessário saber como lavar corretamente


Tanto pela durabilidade como para evitar proliferação de bactérias, as calcinhas exigem uma atenção redobrada na hora de lavar. Ana Carolina explica que elas não devem ser lavadas em máquinas, mas manualmente.

“O correto é lavar com água corrente e sabão neutro”, explica a ginecologista. É importante não fazer uso de alvejantes. “Para evitar microrganismos, a paciente pode deixar a calcinha de molho com um pouquinho de vinagre.

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Também não use máquina de secar ou ferro de passar. Deixe secar na sombra e dobre assim que recolhê-la. 

Vantagem econômica

O bolso também é impactado positivamente por quem adere à  calcinha absorvente . Segundo Ana Carolina, uma calcinha custa, em média, R$95 a R$100. “Faça as contas: se você dividir isso em 24 meses sai mais barato do que os absorventes descartáveis”, diz.

No entanto, segundo Bianca, não são todas as mulheres que conseguem comprar várias calcinhas de uma vez. “É o meu caso, por isso preciso intercalar com os panos. Mas minha vontade é de ter várias calcinhas para conseguir usar durante todo o ciclo”, explica.