Ginecologista explica o que a cor do seu sangue menstrual indica sobre o corpo

É normal que a menstruação varie de cor dentro de um espectro que vai do acastanhado para o vermelho vivo, mas outros tons podem ser sinal de alerta

Você costuma reparar no seu sangue menstrual ? A cor que ele adquire pode dizer muito sobre o seu corpo e o seu útero, inclusive se estão saudáveis ou não. Mas o que exatamente cada cor  indica?

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Ginecologista explica quando a cor do sangue é considerada normal e quando é considerada anormal
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Ginecologista explica quando a cor do sangue é considerada normal e quando é considerada anormal


A presença de hormônios no organismo, sangue velho retido no canal vaginal, gravidez e até infecções influenciam sua coloração e, por isso, é importante sempre estar atenta. A ginecologista Flávia Tarabini, da clínica Dr. André Braz, no Rio de Janeiro, esclarece como isso funciona. 

Vale lembrar que o ciclo menstrual dura cerca de 28 dias, não podendo ser superior a 40 dias, e a menstruação deve ter de quatro a seis dias.

Delas: Por que o sangue menstrual muda de cor?

Flávia Tarabini: Por algumas razões. Uma delas é o tempo.

No início e fim da menstruação, ele tende a ter um tom mais amarronzado. No começo é um tecido residual que sobrou da menstruação anterior e ficou ali no canal vaginal, muitas vezes, já em decomposição e é expelido no ciclo seguinte. E, no fim, já é o da menstruação atual que começou a coagular.

Isso é mais comum em mulheres que não tomam hormônios. Mulheres com um fluxo muito intenso durante toda a menstruação não necessariamente passam por esse processo.

Delas: Então usar anticoncepcional interfere na cor?

Flávia Tarabini: Sim. Mulheres que usam algum método anticoncepcional hormonal, como pílula, anel ou SIU Mirena, têm um sangramento diferente  das que usam contraceptivos não hormonais, como DIU, camisinha e diafragma.

Quando usa a pílula, o sangramento não é bem uma menstruação, é uma privação hormonal, que não leva à descamação completa do endométrio. Então o sangue vai ser bem mais avermelhado e liquefeito, principalmente.

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A presença de coágulos e um tom vermelho mais escuro, intenso também, é característico às mulheres que menstruam de fato, sem hormônios.

Delas: Muitas mulheres grávidas relatam ter tido uma espécie de menstruação “rosada” ao engravidar. O que é isso?

Flávia Tarabini: Um sangramento rosado pode ser tanto um estágio inicial de uma menstruação normal, cujo fluxo vai se intensificando ao longo dos dias e aí não é gravidez, quanto como, nesse caso, um sinal de que está ocorrendo a nidação e, portanto, sinaliza uma gestação.

O processo de nidação é quando o óvulo fixa no útero. Isso pode gerar um leve sangramento porque faz como se fosse uma ferida no endométrio justamente para fixar. Aí sai esse fluído diluído, meio rosa, por pouco tempo e em pequena quantidade.

Delas: Existem outras cores que ele pode adquirir?

Flávia Tarabini: Sim, e, dependendo de que cor for essa, ela pode ser normal ou anormal, ou seja, apontar para algum problema.

Delas: O que seria normal?

Flávia Tarabini: De forma geral, qualquer sangramento que esteja no espectro de cores que vai do acastanhado até o vermelho vivo. Mas, dependendo do que está acontecendo com a mulher, outras cores também podem ser observadas e são normais.

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No período pós-parto, o puerperal, que a gente chama, a mulher vai ver uma evolução na cor e quantidade do sangue dela. Vai começar no vermelho vivo, indo para o acastanhado, diminuindo a quantidade, e depois vai adquirir um tom mais amarelado até parar.

Isso porque o sangramento do período puerperal tem a ver com a fixação da placenta durante a gestação. Com o parto, ela descola, e o local começa a cicatrizar, diminuindo o sangramento e liberando o tecido morto já em processo de decomposição decorrente dessa cicatrização. Daí a evolução na cor e na quantidade que é expelida nesse momento.

Delas: E o que seria anormal?

Flávia Tarabini: Anormal é quando o a cor sai desse espectro. Se ele estiver mais enegrecido ou se você perceber um volume aumentado de coágulos, que são bem castanhos e tem um aspecto mais solidificado, assim como secreções esverdeadas e amareladas, é sinal de um processo infeccioso.

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O odor também é importante nesse momento. Sempre que o sangue tiver um cheiro forte, existe uma infecção. Cheiro de peixe, fétido, por exemplo, pode simbolizar uma neoplasia, que é o câncer de colo de útero, ou uma infecção avançada de HPV.