O que é doença de Crohn, que fez Evaristo Costa perder 20kg

Condição inflamatória afeta o trato gastrointestinal, não tem cura e pode ocorrer em qualquer parte do sistema digestivo

O que aconteceu com Evaristo Costa? Jornalista revelou perda de 22kg após doença
Foto: Foto: Reprodução
O que aconteceu com Evaristo Costa? Jornalista revelou perda de 22kg após doença

O jornalista  Evaristo Costa , de 48 anos, que enfrenta a  doença de Crohn  desde 2020, compartilhou recentemente informações sobre a sua saúde. Ele revelou que uma das consequências foi a  perda de 22 quilos em três semanas .

“Todos os dias eu me sinto definhando. Perco meio quilo por dia. Posso comer qualquer coisa, mas não para dentro de mim”, declarou durante entrevista ao PodCringe.

A doutora  Ana Caroline Fontinele , médica do Instituto Sallet e especialista em cirurgia do aparelho digestivo, explica o quadro: “A doença de Crohn é uma condição inflamatória crônica que afeta o trato gastrointestinal, podendo ocorrer em  qualquer parte do sistema digestivo , desde a boca até o ânus”.

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Sintomas da doença de Crohn

A doença afeta, principalmente, o  intestino delgado e o cólon , causando inflamação, úlceras e outros desconfortos que podem se estender pela parede intestinal. O gastroenterologista  Pedro Alencar  explica: “A doença pode ter manifestações extra-intestinais e até mesmo uma forma de doença ‘a distância’, chamada de Crohn metastático. Geralmente acomete a pele”.

Os períodos de atividade inflamatória e as áreas afetadas do intestino são  imprevisíveis , e o diagnóstico envolve a combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. Para reduzir a progressão dos sintomas e minimizar danos ao intestino, é importante obtê-lo de forma rápida.

Quem pode ter doença de Crohn?

O desenvolvimento da doença varia de pessoa para pessoa, e o gastroenterologista alerta para riscos de perfuração, estenose (estreitamento), fístula e abscessos. “Não existe um exame específico e nem um achado que seja exclusivo da doença de Crohn.  A junção de diversas características nos permite desenhar o fenótipo  (forma como se manifesta a doença)”, destaca o profissional.

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A causa da doença não é definida. Acredita-se que seja resultado da  combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais . “A predisposição genética pode tornar algumas pessoas mais suscetíveis, enquanto fatores ambientais, como tabagismo e certos tipos de alimentação, parecem estar associados ao desencadeamento da doença”, informa a médica do Instituto Sallet.

Ainda nesse tópico, Pedro comenta: “O que sabemos hoje é que existe um papel importante do  sistema imunológico desregulado , componentes genéticos e especialmente o envolvimento do expossoma e microbioma”.

O diagnóstico tardio, o tratamento inadequado, a negligência e o uso de anti-inflamatórios – medicamento contra-indicado para quem tem a doença – são fatores agravantes. “Embora a alimentação não cause diretamente a doença de Crohn,  certos alimentos podem agravar os sintomas  durante os surtos. Em geral, os ricos em fibras, gorduras e laticínios são capazes de aumentar a inflamação e causar desconforto”, acrescenta Ana.

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Quais os sintomas?

Os sintomas da doença de Crohn variam de pessoa para pessoa e, dependendo da área afetada, podem ser leves ou severos. Os principais são:

  • Diarreia (mais de 4 semanas): episódios frequentes, muitas vezes com urgência ou dificuldade para controlar as evacuações, e com a sensação de que o intestino não foi esvaziado por completo, mesmo após ir ao banheiro;
  • Presença de sangue nas fezes;
  • Dor abdominal persistente;
  • Perda de peso sem razão aparente;
  • Febre recorrente;
  • Cansaço extremo (fadiga);
  • Lesões ou infecções ao redor da região anal;
  • Desnutrição;
  • Anemia (má absorção de nutrientes).

Os sinais afetam e interferem nas atividades diárias, incluindo o trabalho, os estudos e os relacionamentos sociais. Ademais, a incerteza dos surtos e o caráter crônico da doença podem afetar o  bem-estar emocional e a qualidade de vida.

Tratamento

Como forma de tratamento, estão incluídas as drogas  imunobiológicas , que atuam bloqueando e modulando vias específicas do sistema imunológico, reduzindo a inflamação e o dano ao órgão. A  cirurgia e os corticoides  são outras alternativas.

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suporte psicológico  também é importante nesse momento. A especialista orienta terapias cognitivo-comportamentais para ajudar o paciente a lidar com o estresse e ansiedade, bem como grupos de apoio e aconselhamento e técnicas de relaxamento, como meditaçãoeyoga.

Apesar de ser uma condição crônica, muitas pessoas conseguem levar uma vida ativa e satisfatória com o tratamento adequado. “Embora não haja cura definitiva, avanços contínuos na medicina e uma gestão cuidadosa dos sintomas permitem que a maioria dos pacientes viva de maneira relativamente normal”, diz Fontenele.

O objetivo do tratamento, de acordo com Pedro, é a  cicatrização completa da área acometida e o restabelecimento da qualidade de vida  do paciente. “Todo o manejo da doença deve ser feito obrigatoriamente de maneira  interdisciplinar , onde diversos profissionais atuam em conjunto para combater a atividade da doença”, finaliza o especialista.


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