Padre surpreende noivos e celebra casamento em libras
A cerimônia foi realizada em Lajeado, Pernambuco e emocionou os noivos, que são surdos: "ato acolhedor e respeitoso"
O casamento de Adrielly Monteiro e Adalberto Ferreira em Lajeado, Pernambuco, ficou ainda mais especial por conta de uma surpresa do padre Aluizio Aleixo: ele fez a celebração na Língua Brasileira de Sinais (Libras).
"Esse gesto representou uma riquíssima oportunidade de trazer a reflexão para a sociedade para a importância de as pessoas aprenderem Libras, inclusive padres", disse a noiva ao G1.
O sacerdote contou que aprendeu libras na evangelização. "Fui evangelizado por um surdo, que me contou a parábola da ovelha perdida", disse. Na parábola, o pastor sai à procura de uma ovelha e, quando a encontra, a chama pelo nome. "Nessa hora, ele colocou o nome dele. Vendo-a machucada, o pastor estende a mão e a ovelha responde ao sinal com mais força. Ele me fez a pergunta: 'Por que?', mas ele mesmo respondeu: 'Porque a ovelha era surda e precisava que o pastor fizesse um sinal'. Entendi naquele momento que fui chamado a realizar também essa missão", disse o padre.
Adrielly e o marido são professores de Libras. Ele também é tradutor de sinais internacionais e trabalha como assistente de suprimentos e materiais em um hospital. Para o casamento, os dois convidram dois profissionais intérpretes de Libras, mas foram surpreendidos ao verem que o padre falou em português e Libras de forma simultânea.
"Ficamos muito felizes, é claro [...]. Esse sinal foi acolhedor e respeitoso para com a gente e nossos convidados surdos, pois a Libras é a nossa primeira língua. Infelizmente a grande maioria dos religiosos sabem se comunicar com pessoas surdas, criando na igreja um ambiente não acessível. Ficamos emocionados", afirmou a noiva.
O padre Aluizio afirmou que a experiência foi muito boa. "Cada matrimônio é único, mas dos surdos e em especial, de Adrielly e Adalberto, ficou marcado porque recebi a atenção e participação de todos os surdos e ouvintes. A participação da pessoa com deficiência na vida da Igreja é necessário e importante", pontuou.