Que o Brasil é o país do futebol, você já sabe e deve estar cansada de ouvir. Apesar de as camisas de time fazerem parte da nossa cultura, foi a periferia que transformou elas em itens de moda. Agora, o visual tem se espalhado e dominado as ruas do país e do mundo
No Reino Unido, as camisas de time fazem parte de um estilo inspirado nos anos 1990 e que ficou conhecido como blokecore. A palavra "bloke" é uma gíria que pode ser traduzida para "mano". Mas apesar de ter nascido por lá, o visual sempre fez parte do nosso cotidiano.
Antes de se tornarem tendência, as camisas de time já vestiam jovens negros em bailes funk e periferias de todo o país. Durante muito tempo, essas peças foram estigmatizadas e sinônimos de um visual "desleixado". O esporte sempre esteve presente na moda, mas agora, o futebol tem cada vez mais conquistado o seu espaço. Recentemente, essa estética se espalhou pelas ruas e dominou até mesmo as semanas de moda.
O desfile rendeu críticas à grife francesa, sobretudo, pelo valor da peça, que chegou a custar US$ 780 (cerca de R$ 3,9 mil, na cotação atual). Dois anos depois, na temporada de Outono/Inverno 2022, a Gucci apresentou luvas de goleiro, em parceria com a Adidas.
A camisa da seleção brasileira ganhou significado político nos últimos anos, sendo bastante associada aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Hoje, a oposição busca ressignificar o verde e o amarelo e lhes dar um novo sentido. Esse movimento tem se espalhado pelo país, com o objetivo de trazer um novo olhar sob as nossas cores.
"Na periferia, futebol, esporte, é uma parada muito importante, tá ligado? E pra periferia, a camisa da seleção significa vitória, significa exemplo, significa os jogadores pretos que vestiram essa camisa e que trouxeram a gente até onde a gente [chegou] no futebol, tá ligado? Essa camisa nunca saiu da periferia, nunca vai sair e, por isso, que você pode se apropriar de qualquer parada, mas o que é da favela é da favela, o que é dos pretos é dos pretos, já era", declarou ele.
Em 2022, o mundo inteiro se vestiu de verde e amarelo. A Copa do Mundo do Catar levou o Brasil — o único pentacampeão — aos holofotes. De repente, o Brazilcore saiu das quebradas, onde a estética sempre esteve presente, e virou tendência entre as fashionistas. A camisa da seleção brasileira, a bandeira e as cores dominaram looks nas redes sociais e viraram sinônimo de estilo.
A recíproca também é verdadeira! Hoje os clubes tem desenvolvido cada vez mais modelos de camisas, com design apurado e alta tecnologia, como controle de suor. Além disso, estão aderindo a uma moda que já era comum na Europa: ter o primeiro e segundo uniforme, usados nos jogos, e um terceiro modelo, que transita entre a camisa esportiva e uma linha casual, para uso no vestiário ou para torcedor.
Recentemente, a Adidas lançou mais uma peça da coleção Y-3, em colaboração com o estilista japonês Yohji Yamamoto. A marca assina o uniforme do Real Madrid, cuja campanha é estrelada pelo lateral-esquerdo brasileiro Marcelo Vieira, atualmente no Fluminense.
E podem ser usadas no visual do dia a dia, com looks que vão desde as arquibancadas até o escritório. Sem contar que são uma ótima desculpa para vestir o manto do seu time do coração em qualquer lugar. Essas peças caem bem tanto com os modestos jeans (saias, shorts, bermudas e calças), até as calças de alfaiataria, para um figurino mais sofisticado.
Inspirada pela ideia de que a camisa é um manto sagrado que representa a paixão pelo time do coração, a campanha lançada recentemente pelo Star+ busca mostrar que é possível vivenciar esse amor em diferentes momentos da vida, que vão muito além do estádio. O objetivo é provar que é possível vestir essa torcida no trabalho, em um casamento, no primeiro date ou qualquer que seja a ocasião.