Todos os anos cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis são descartadas de forma incorreta no lixo comum, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Textil e da Confecção (ABIT). Um dos grandes motivos que gera esse problema é a falta de informação sobre a ressignificação e a reutilização de roupas e acessórios que não servem mais, não fazem parte do estilo ou apresentam desgaste.
Professoras da rede Escola de Moda Sigbol Carolina Nogueira explica que as mudanças na vida de qualquer pessoa influencia muito no seu vestuário, portanto dar o destino certo para o que não será mais usado é manter um equilíbrio do guarda-roupa.
“Uma pessoa que se aposenta, por exemplo, com certeza não vai mais se identificar com suas roupas se o seu dress code era formal e agora ela tem uma vida que pedem roupas mais casuais. O autoconhecimento é a base para uma vida equilibrada internamente e externamente", diz.
Descartar a peça corretamente
Ela afirma que não tem problema nenhum a pessoa querer mudar de estilo ou dar uma repaginada no visual, mas é preciso levar alguns fatores antes de se desfazer da peça. Algumas pessoas não têm acesso a informações e descartam roupas no lixo, o que gera um grande impacto no meio ambiente.
Além da falta de informação, também existe o descaso, quando a pessoa não percebe que esta ação vai retornar para ela de forma negativa e a saída é transformá-las em outros produtos: uma camiseta pode virar pano de chão ou uma estampa florida pode ser adaptada para um enfeite de tiara. “Picotar” as peças e transformá-las em enchimento de almofadas e pelúcias é uma ideia também.
“Caso não seja possível, existe a possibilidade da reciclagem em escolas de moda, corte e costura. Algumas lojas também recebem esse tipo de doação”, acrescenta Carolina.
Quando você ressignifica alguma peça, a ação ajuda o meio ambiente. Quando uma peça ganha uma nova função e evita o acúmulo de lixo. Muitas indústrias têxteis ainda despejam produtos químicos na natureza durante o seu processo e uma roupa pode demorar meses ou centenas de anos para se decompor, dependendo do seu material.
“Ressignifcar é dar um novo olhar e uma nova vida para algo que seria descartado. Ressignificar é customizar com acessórios, tachas, aviamentos, entre outras aplicações. Doar também faz parte da ressignificação. Um exemplo prático de ressignificação são os brechós que compram peças e acessórios que já existem e ofertam a pessoas que muitas vezes têm o estilo diferente do dono anterior”, diz.
Ressignificar a peça
Carolina conta que a dica que dá para as alunas na hora de ressignificar a peça é reformá-la. Muitas vezes, uma roupa fica parada no armário porque o caimento não está adequado e, com um ajuste, é possível deixá-la perfeita.
“Caso a pessoa não se identifique mais, ela pode mudar a peça completamente. Por exemplo, dependendo da modelagem, um vestido pode virar uma blusa ou uma saia, ou até os dois. Dessa forma economizamos dinheiro e ajudamos o meio ambiente. Em relação aos acessórios podemos desmontar e criar novos.”
Se depois de transformar a peça você perceber que ela cabe mais no seu look, a doação de roupas é uma excelente opção, além de ajudar o meio ambiente é também uma ação social que impacta positivamente uma pessoa, de duas formas: a primeira, quando é alguém que precisa de roupas e outra forma é uma pessoa que está buscando determinado estilo e aquela peça cai perfeitamente no que ela busca.