Leve seu filho para a cozinha
A cozinha não é um ambiente bem visto por mães quando se trata do bem estar de seus filhos. Mesmo assim, é inegável o seu poder transformador nas crianças. Por isso, é uma pergunta que vale a pena ser feita: será que não é bom para seu filho se arriscar na cozinha?
De acordo com as chefs Ana Carolina Rosa, Camilla Donato e Gabriella Carioba, a resposta é sim. As três ministram cursos de culinária para crianças entre 6 e 14 anos, e concordam em dizer que a culinária traz benefícios tanto para os pequenos quanto para seus pais. “É mais fácil a criança passar hábitos saudáveis de alimentação para o adulto que o contrário”, diz Camilla, que dá cursos de férias no Ateliê Gourmand em São Paulo.
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Ana Carolina Rosa, responsável pelos cursos infantis da Accademia Gastronômica, diz que, apesar destes cursos serem importantes, é a prática em casa que atiça a curiosidade da criança para a culinária. “Fiz meu primeiro arroz quando tinha quatro anos. Meu bisavô fez um banquinho para eu ficar na cozinha com minha avó e minha mãe. Tenho o banquinho até hoje”, lembra Ana Carolina.
A pedagoga e chef Gabriella Carioba, que dá aulas semanais de culinária para crianças no espaço A Nossa Cozinha, se lembra de quando ajudava sua avó a assar biscoitos e de como se sentia feliz em poder ajudá-la. “Toda a minha construção de aulas de culinária foi em cima das minhas primeiras experiências de vida”, completa.
“Crianças são curiosas, de forma geral. Só depende da forma que o adulto aborda o tema”, diz Ana Carolina. Ela afirma que a melhor maneira de mostrar o ato de cozinhar para a criança é de forma lúdica, e com materiais que brinquem com os sentidos dos pequenos. “É importante lembrar que você está trabalhando com os sentidos da criança, não pode apenas explicar os procedimentos”, diz Gabriella.
Gabriella sugere que os pais chamem a criança para cozinhar alguma coisa de que elas já gostem muito, mas propondo um preparo alternativo. “Se seu filho gosta de macarrão, pode-se comprar macarrão colorido, ou fazer uma salada de macarrão”, exemplifica a chef. Dessa forma, segundo Gabriella, a criança é estimulada a “abrir” seu paladar.
Segundo Camilla Donato, o paladar se treina. Por isso é importante deixar o máximo de possibilidades abertas para as crianças, criando oportunidades para que elas experimentem de tudo. Outra ação importante é questionar a criança sobre o porque dela não ter gostado de algum alimento. “É bom perguntar para ela se o alimento é azedo ou amargo quando ela diz não ter gostado”, aconselha.
Tanto Gabriella quanto Ana Carolina explicam que os pequenos podem participar de todos os processos: de picar os alimentos até colocá-los no forno. Elas afirmam que esta participação aguça os sentidos, e incentiva a criança a comer o que acabou de cozinhar.
Mas e a proteção? “Ter sempre um adulto por perto é fundamental”, diz Gabriella. Camilla recomenda o uso de facas com ponta arredondada e atenta para o cuidado que se deve ter com a porta do forno. Com isto garantido, já para a cozinha.
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