A internet foi pega de surpresa nesta quarta-feira (06) com a notícia de que a apresentadora Sabrina Sato, de 43 anos, anunciou que perdeu o filho que esperava. A influenciadora estava grávida de 11 semana do seu segundo filho , fruto do relacionamento com o ator Nicola Prattes. Sabrina havia anunciado a gravidez em outubro.
A médica obstetra e consultora Lansinoh, Dra. Carolina Curci, conversou com o iG Delas e explicou sobre como as gestões em pessoas acima dos 40 anos podem ser mais delicadas. Desde riscos para a saúde da gestora quanto para o feto, cuidados especiais devem ser tomados. Veja logo abaixo .
Há riscos de engravidar após os 40 anos? Para a pessoa que gesta ou para o feto?
Sim, há riscos tanto para a pessoa que gesta quanto para o feto em uma gravidez após os 40 anos. Para quem gesta, os riscos incluem uma maior chance de desenvolver pressão alta, diabetes gestacional, e de enfrentar alterações no ganho de peso do bebê durante o pré-natal. Por isso, é essencial que a saúde esteja bem controlada antes da gravidez, com uma boa qualidade de vida, sono adequado, alimentação balanceada e, se possível, acompanhamento médico.
Se a pessoa já apresenta condições como pressão alta ou diabetes, é fundamental que essas comorbidades estejam bem gerenciadas antes de tentar engravidar.
Em relação ao feto, o risco de má formação fetal também aumenta consideravelmente em gestações após os 40. Isso inclui a possibilidade de alterações cromossômicas, como as síndromes de Down, Patau e Edwards. Assim, é importante estar ciente dos riscos e realizar um pré-natal adequado para monitorar a saúde tanto da pessoa que gesta quanto do bebê.
Quais os cuidados que as gestantes devem tomar após essa idade?
Elas serão gestantes de alto risco. Como temos uma maior chance de complicações para o binômio mãe e feto, será necessário um pré-natal mais próximo, com individualização das vitaminas. Vamos precisar realizar alguns exames para detectar tudo o que pode ocorrer com essa paciente. Uma gestante acima dos 40 anos vai precisar de um planejamento adequado. Será um pré-natal individualizado, ajustado conforme as alterações que forem apresentadas.
Por que uma gestação após os 40 anos pode ser considerada de risco?
A chance de terem doenças pré-existentes é maior, como obesidade, sedentarismo, alteração da tireoide, diabetes, infecções urinárias de repetição ao longo da vida, pacientes que podem até ter pedras nos rins, pressão alta. São doenças que podem se acumular ao longo da vida. E o mais importante, a mulher envelhece internamente, e nossa reserva ovariana já vai diminuindo desde que nos tornamos mocinhas; essa reserva vai sendo consumida e não há volta. Então, aquele óvulo aos 40 anos tem uma chance maior de apresentar alterações cromossômicas, o que pode favorecer o nascimento de bebês com malformações.
Quais são as condições mais comuns dadas nas pessoas gestantes a partir dessa idade?
A partir dessa idade, o risco de abortos espontâneos aumenta bastante. O índice de abortamento espontâneo é bem maior para essa paciente, então é algo com que precisamos lidar. Teremos que avaliar a possibilidade de síndromes como Down, Patau e Edwards. Porém, é importante lembrar que, além da questão da má-formação fetal, precisamos estimular essa paciente a ter uma gravidez saudável, com bons hábitos, superação do sedentarismo e controle da obesidade, da pressão alta e da tireoide. Isso é fundamental, assim como avaliar seu histórico obstétrico: se é a primeira gestação, se já tem dois ou três filhos, se é com um novo parceiro ou se foi resultado de tratamento.
Quais acompanhamentos especiais devem ser feitos?
Então, temos os exames necessários, como o morfológico do primeiro e do segundo trimestre. Em mulheres com mais riscos, pode ser feito o NIPT, que é um teste pré-natal não invasivo realizado por exame de sangue. Se houver alguma alteração, podemos fazer exames na barriga da gestante, como biópsia nos locais adequados durante a gestação. Pode ser realizada uma biópsia de vilosidades coriônicas ou uma amniocentese, para obter um diagnóstico definitivo sobre a presença de possíveis malformações. Mas tudo vai depender de como estiver a gestação no momento.
Estamos vendo muitas pessoas decidirem ter filhos após os 40 anos. Você vê uma segurança maior em ter filhos quase chegando aos 50 na atualidade?
Sim, porque temos um acompanhamento mais próximo e tecnologias avançadas. Podemos intervir para ajudar essa mulher quase aos 50 a engravidar. O que não se pode esquecer é que a mortalidade no parto aumenta. A questão é: essa mulher possui um histórico clínico ideal para engravidar? Expor-se a esse risco pode levar a complicações graves no parto, como perda do útero ou, infelizmente, até o óbito, o que é uma história muito triste para a família.
As mulheres acima dos 50 anos que desejam engravidar e não têm óvulos ou embriões preservados de quando eram mais jovens precisarão aceitar óvulos doados. Elas também precisarão de acompanhamento com clínico geral, endocrinologista e cardiologista antes do tratamento, além de assinar um termo de consentimento esclarecendo o risco de morbidade materna aumentada, desde o pré-natal até o parto.