Com a evolução do mundo digital, os jovens e crianças estão cada vez mais dentro de casa, usando as redes sociais e estendendo os seus anos de estudos. De acordo com um estudo realizado pela revista científica Lancet Child & Adolescent Health, a adolescência vai até os 24 anos, não até os 19. Mas como tornar essas crianças e jovens mais independentes e preparados para a vida adulta?
Por iG Delas | 23/02/2023
Muitos pais acabam fazendo tudo para os seus filhos, desde as tarefas de casa, até as responsabilidades escolares. “Essas atitudes podem fazer com que a criança cresça com falta de segurança e autonomia, baixa tolerância à frustração, baixa autoestima e dificuldades de relacionamento. Geralmente são muito dependentes emocionalmente e temem serem abandonadas”, salienta Vanessa.
Abrir espaço para diálogo é essencial para seu filho em qualquer situação, essa liberdade para conversas mostra a casa como um lugar seguro para as crianças. “Ser transparente, aceitar ouvir, tentar se colocar no lugar de seu filho, se dispor a ajudar, sem julgamentos e respeitar são fatores que fazem a diferença para acolher os filhos”, exemplifica a especialista em Neurociência e desenvolvimento infantil do Projeto Pigmeu, Ane Macedo.
Estabelecer rotinas, evitar superproteção e atribuir responsabilidades são muito importantes. “Além disso, delegar as tarefas aos pequenos, incentivar as descobertas, ensinar a lidar com frustrações, deixar a criança errar e mostrar que isso é natural, ajudar a guardar os brinquedos, jogar as roupas no cesto, também pode ajudar a criar senso de responsabilidade”, complementa Vanessa.
Embora o desenvolvimento intelectual seja importante, o socioemocional é o que mais vai interferir no futuro das crianças. “Quando a criança não está encorajada, se sente fracassando ou com muita ansiedade para aprender no tempo estabelecido para a turma, o rendimento escolar cai. Por isso é importante que os pais reservem um tempo todos os dias para prestar atenção em como o filho tem se sentido”, comenta Ane Macedo.
"Permita que a criança encontre soluções para os problemas ou que ela, pelo menos, estimule a capacidade de ser resiliente, tentando quantas vezes for preciso até conseguir realizar uma tarefa. Deixar a criança perceber que você acredita no potencial dela é muito importante para que ela se sinta confiante”, explica a psicóloga Vanessa Gebrim.
A cobrança excessiva por resultados escolares nunca vai ser saudável para o desenvolvimento das crianças. ”Muitos pais focam apenas nos resultados finais, por isso cobram demais, até mesmo usando ameaças de castigos que, por si só, já fazem o filho ficar com uma carga desnecessária de estresse e ansiedade”, diz a neurocientista fundadora do Projeto Pigmeu.
As escolhas devem ser estimuladas desde cedo para que a criança se torne, no futuro, um adulto seguro, decidido e independente. “Se isso não acontecer, provavelmente será aquele adulto que não sairá da casa dos pais, pois não conseguirá viver sozinho”, alerta Vanessa.
Enquanto cobrar desnecessariamente é negativo, valorizar o esforço é essencial para mostrar a importância da tentativa. “Isso porque a criança fica muito mais encorajada e motivada quando existe uma rede de apoio em torno dele, é importante não focar só nos resultados e sim no processo, curtindo as pequenas vitórias”, complementa Ane.
O processo, no entanto, não precisa ser massante e desanimador para os pais, é um momento de aproveitar a convivência familiar. “É importante lembrar que os pais são potencializadores do conhecimento que o filho adquire na escola, mas não devem esquecer que também precisam aproveitar o processo como pais. Muitos ficam tão preocupados com a vida escolar dos filhos, que se atolam em atividades educativas."
Apesar de ser ótimo para a criança se tornar um adulto mais preparado para a vida, Vanessa alerta que os pais devem procurar um equilíbrio para que os filhos também não acabem perdendo a infância. “É preciso perceber os momentos em que a estimulação da independência é oportuna. O exagero também pode ser perigoso. Em alguns casos estimulação excessiva pode ser entendida pelas crianças como abandono”, finaliza a psicóloga
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