Durante a pandemia, o excesso de telas e a falta de atividades externas trouxeram prejuízos para a saúde ocular das crianças. Entre os problemas mais comuns estão os distúrbios de grau: a miopia, que é a dificuldade de enxergar para longe, a hipermetropia, que na forma mais comum é a dificuldade de enxergar para perto, e o astigmatismo, que é uma combinação de ambos.
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Segundo o Dr. Emerson Castro, oftalmologista do Hospital Sírio-Libanês, 80% da comunicação com o mundo exterior é feita por meio da visão. “O desenvolvimento visual no cérebro começa no nascimento e é concluído por volta dos sete anos de idade, então qualquer prejuízo nessa fase deve ser corrigido enquanto o desenvolvimento ainda não foi concluído”, alerta.
Nos últimos anos temos observado o que é chamado de ‘epidemia de miopia’, um aumento significativo no número de diagnósticos. O dr. Emerson Castro alerta para os principais motivos: “Hoje, estudos já mostram que, além do fator genético, há fatores comportamentais no aparecimento e desenvolvimento da miopia. Entre as causas, estão a exposição exagerada a telas e falta de atividades ao ar livre”, explica.
“Com a pandemia, tivemos, além das aulas online, muitas atividades dentro de casa, que não estimulam o olhar para longe”, completa. Pessoas com miopia, especialmente com graus mais elevados, têm maiores chances de apresentar com o passar dos anos, outros problemas como o descolamento de retina, glaucoma e catarata. Daí a importância em se discutir esse assunto e orientar formas de evitar o problema.
Dentro de casa e na escola, os pais, cuidadores e profissionais podem identificar alguns sinais e sintomas de miopia como, por exemplo, quando a criança aproxima objetos do rosto para ler, coça muito os olhos ou reclama de dificuldades para enxergar, além de desvios de direção nos olhos. As consequências imediatas podem ser a dificuldade para enxergar a lousa, desinteresse por leitura e levar a queda no rendimento escolar. Nesses casos, é importante procurar um oftalmologista e realizar um exame completo.
Como podemos agir?
Ainda segundo o oftalmologista, a atenção à saúde ocular de crianças e adolescentes é essencial, devendo começar dentro de casa, sabendo identificar os primeiros sinais. É importante também limitar o acesso a telas: a cada trinta minutos, fazer uma pausa de trinta segundos, focando o olhar em trinta metros de distância.
A Sociedade Americana de Pediatria recomenda que bebês de até dois anos não sejam expostos a telas, principalmente próximas ao rosto. Dos dois aos cinco anos, a recomendação é de uma a duas horas de tela por dia. Já para crianças maiores e adolescentes, a recomendação é que a exposição não passe de três horas por dia. Além disso, a luz azul das telas também pode prejudicar o sono, afetando a produção dos chamados hormônios do sono.
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No transporte até a escola, é importante reforçar o uso do cinto de segurança, pois, em caso de acidentes, minimiza as chances de um impacto que afete os olhos. Já no ambiente escolar, atividades ao ar livre, que estimulem o olhar para longe, também são importantes.
“É um esforço que deve vir de toda a sociedade, inclusive com políticas públicas. A criança sozinha nem sempre consegue expressar suas dificuldades com a visão, por isso é necessário que uma rede de apoio esteja atenta e aja de forma rápida para diminuir os impactos negativos na formação visual e por consequência na formação do indivíduo”, finaliza o médico.