Pai solo: Ele perdeu a esposa no mesmo dia em que a filha nasceu
Após um ano da morte de sua noiva e do nascimento de sua filha, o tenente Gonçalves fala sobre saudade e esperança na criação de Sophia
Por iG Delas | - Mariana Mazzoni |
No dia 14 de setembro de 2019, o tenente da Polícia Militar, Bahia Gonçalves, estava prestes a realizar um dos seus maiores sonhos: se casar com a mulher que estava grávida da sua primeira filha. Essa mulher era Jéssica Victor Guedes, de 30 anos, com quem o tenente tinha uma relacionamento há sete. Uma fatalidade, porém, acabou mudando os rumos de sua vida: Jéssica estava com eclâmpsia e sofreu um AVC hemorrágico a caminho da igreja.
Jéssica chegou ao hospital já sem atividade cerebral. Uma cesárea de emergência foi realizada para salvar Sophia, que nasceu com 29 semanas e passou por 70 dias de internação na UTI com diversas complicações. Hoje, o tenente Gonçalves conta ao Delas sobre sua nova vida e como tem sido a rotina da paternidade solo.
Gonçalves conta que os dias em que a Sophia ficou internada foram muito complicados. Ele chegou a pensar que ela não fosse resistir. “Quando ela ainda estava na UTI, teve trombose no coração e no pescoço, que são problemas muito graves. Eu tive muito medo. Ela era tão frágil, tinha 800g, recebendo plaquetas, transfusões de sangue, remédios… Mas Deus me capacitava e a Sophia me dava forças e conseguimos vencer”, relata.
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Atualmente, o tenente tem um perfil no Instagram onde divide a criação da Sophia e fala sobre a paternidade para os seus quase 400 mil seguidores. “A minha paternidade começou quando ela teve alta do hospital e eu comecei a dar banho, trocar fralda, fazer massagem, levar nos médicos, dar de mamar, enfim, fazer tudo. Uma grande questão que eu tenho é em relação a saudade da mãe dela, porque tudo que a Sophia tá evoluindo eu queria que a mãe dela estivesse aqui para ver”, diz.
Bahia conta que tem uma rede de apoio, sua mãe e os pais de Jéssica, mas recentemente ele se mudou de São Paulo para Sorocaba, pensando na qualidade de vida da pequena, que tem problemas respiratórios. “Além disso, em São Paulo, os pensamentos na mãe dela me sufocavam, tudo me lembrava ela. Se vou no mercado, se passo em frente a um restaurante que a gente frequentava, era tudo muito dolorido. Nós já nos mudamos duas vezes para ter um novo recomeço”, conta.
“Eu me tornei um pai com cuidados maternos. Tive que aprender o que uma mãe passa”, é assim que Gonçalves define os desafios da paternidade solo. Assume que passar por isso sem a presença de uma mulher é difícil. Diz que se preocupa pensando em como vai lidar com algumas questões femininas de Sophia nos próximos anos, como cuidados com o cabelo e da aparência.
Apesar de todas as dificuldades dessa história, o pai orgulhoso conta que quis tirar o dia 14 de setembro para celebrar a vida. Tanto da Sophia quanto da Jéssica. “Quero apresentar o que tem de melhor nessa vida para a Sophia, que é viver, poder agradecer todos os dias. Claro que a tristeza vem, mas ela tem hora para começar e para terminar. Não quero vibrar na dor, eu vibro no amor, na ressignificação”, finaliza.