Quando a quarentena do coronavírus ajuda a encarar a quarentena do pós-parto
"O isolamento já estava previsto, a diferença é que não estou sozinha nessa'", comenta Mariana, mãe de Helena, de 23 dias
Por Bia Bradley |
O pós-parto é um momento delicado por si só. São dúvidas, medos e incertezas que passam na cabeça da "recém-mãe", tudo misturado com um amor que vai crescendo pelo bebê que está ali em seus braços. Mas viver tudo isso em meio à pandemia do novo coronavírus pode ter seu lado positivo.
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É assim que Mariana Bezerra está encarando a quarentena dentro da quarentena. Ela é mãe de Helena, de 23 dias, e está isolada em casa com o marido, Rafael.
"Nunca imaginei viver algo parecido, mas compreendo a importância do isolamento nesse momento de pandemia e também nas primeiras semanas da Helena", conta Mariana em entrevista ao Delas .
No final, a medida do governo está até a ajudando a lidar com o pós-parto. Rafael, por exemplo, está mais presente. "Meu marido tirou férias e agora está trabalhando home office. Confesso que tem sido muito bom, pois entre uma reunião e outra, ele cozinha, troca fraldas e fica com a Helena para que eu possa descansar".
Além disso, os pais de Helena estão mais mais tranquilos em relação ao fato de não precisarem se preocupar com o volume de visitas que naturalmente acontecem a um recém-nascido, mas que estão "proibidas" diante do novo coronavírus.
"Não esperava sair de casa nos primeiros meses da Helena, pensando em um mundo sem pandemia, então não tenho me incomodado com essa nova rotina, acho até bom, pois minhas amigas também estão em casa e temos tempo de conversarmos virtualmente, todas com muita disponibilidade (risos)".
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Neste sentido, Mariana está sentindo menos dificuldade do que talvez sentiria com um mundo "normal". "O isolamento já estava previsto, a diferença é que não estou sozinha nessa", completa ela.
Apesar de um mundo totalmente diferente, Mariana explica que a única diferença que vem sentindo mais neste momento é o distanciamento dos pais, que, aliás, é sua maior frustração neste momento.
"De fato, as visitas em geral seriam restritas, mas a participação dos avós nesse momento tão especial seria mais efetiva. Infelizmente isso não tem acontecido, em 23 dias de vida da Helena meus pais e os avós paternos só a viram 1 vez", comenta. Com a nova realidade, fotos e vídeo chamadas estão conseguindo aproximar Helena de seus avós, assim como vem aproximando muitas famílias e amigos.
Apesar da calma no momento, a mãe confessa ter vivido dias tensos desde a gravidez. "As preocupações eram muitas por se tratar de um vírus novo, que pouco se sabia a respeito e nos casos de gestante e bebê, sem precedentes", explica.
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"Confesso que gerou até um pânico. Fiquei com medo de me contaminar nos dias que antecediam o parto e complicar minha cirurgia, assim como, até hoje, medo de contaminar minha filha que não possui o sistema imunológico formado", fala Mariana.
Ainda assim, ela segue firme e forte no isolamento, respeitanto a quarentena do pós-parto e a do governo e conta com a compreensão da mãe e da sogra para passar o Dia das Mães assim, em casa. "No meu primeiro Dia das Mães eu me sinto tranquila ficando em casa e sabendo que minha filha está protegida".