Tomando como base os estudos realizados anualmente pelo Pornhub – um dos maiores sites de conteúdo adulto do mundo –, é possível notar um crescimento constante no número de pessoas que acessam esse tipo de conteúdo. De acordo com os últimos dois levantamentos feitos pelo site pornô, enquanto em 2016 o Pornhub recebeu uma média de 64 milhões de visitas diárias, em 2017 o número subiu para 81 milhões.
Por um lado, esse crescimento mostra que as pessoas podem estar cada vez mais abertas a explorar a algo que, ainda hoje, é tabu. Porém, o desabafo recente que uma atriz pornô francesa fez no Twitter expões outra realidade: o quanto a acessibilidade ao conteúdo pornográfico está chegando às crianças.
Na última semana, a atriz Nikita Bellucci usou seu perfil na rede social para mostrar (sem revelar nomes) algumas mensagens que recebeu de crianças e desabafar a respeito da falta de atenção que os pais dão a assuntos relacionados ao sexo. Nas mensagens recebidas pela moça, os garotos deixam clara a idade (entre 12 e 13 anos), dizem ser fãs dela e pedem que ela mande imagens e até que faça sexo com eles.
Após responder a algumas delas negando todos os pedidos e chamando atenção para o fato de eles serem crianças e que não deveriam estar abordando as pessoas dessa forma, Nikita escreveu um desabafo sobre a situação. “Sim, o acesso a conteúdo pornográfico infelizmente não é controlado o suficiente, mas vocês acham normal regularmente receber mensagens de crianças pedindo fotos, pedindo para que eu seja a primeira vez deles no sexo? Há uma completa falta de pedagogia, prevenção, e não é nossa tarefa educar os filhos de vocês”, afirma.
Vício em pornografia e educação sexual
Em resposta ao tuíte, que teve mais de 14 mil curtidas, várias pessoas agradeceram Nikita pelo alerta e concordaram com a atriz sobre a negligência que pais costumam dar a tópicos sexuais. Em dezembro do ano passado, por exemplo, o caso de Joseph Deschambault veio à tona em um documentário , mostrando como os pais do garoto não perceberam que eles não só estava acessando pornografia aos nove anos de idade como também estava viciado nesse tipo de conteúdo.
De acordo com Deborah Moss , neuropsicóloga especialista em comportamento infantil, o caminho para prevenir problemas assim com crianças e adolescentes é que os pais tenham uma postura aberta ao diálogo e sanem as dúvidas assim que elas aparecerem. “Respostas simples dão conta e, com o tempo, elas vão fazendo perguntas mais complexas. É importante que se tenha um canal de comunicação com o adolescente para que ele possa tirar suas dúvidas e ser acolhido nas suas angústias”, afirma.
Quanto ao pornô, a psicóloga especialista em sexualidade Carla Zeglio afirma que substituir a educação sexual pela pornografia – caminho pelo qual muitas pessoas vão – é algo que carrega consequências negativas. “Na grande maioria das vezes, filmes pornográficos trazem uma ideia de sexo que não é real. Algumas vezes, mais deseducam do que educam”, comenta.