Organização e crianças: como envolver os pequenos no processo?

Incentivar as crianças participarem do processo de organização é importante para elas criarem um vínculo e se sintam mais confortáveis no espaço

Manter a organização do quarto dos pequenos parece tarefa impossível quando as crianças começam a crescer, brincar e explorar o espaço. Apesar de difícil, procurar deixar o ambiente organizado é extremamente importante para o desenvolvimento delas. De acordo com a pedagoga Denise Metri Cunha e arquiteta Paula Rochlitz Quintão, um ambiente organizado permite trabalhar a autonomia das crianças . “Elas não vão precisar da ajuda dos adultos para encontrar seus brinquedos, por exemplo”.

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Denise e Paula criaram a empresa 'Canto, Cantinho', focada na organização do espaço pensando no bem-estar e conforto
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Denise e Paula criaram a empresa 'Canto, Cantinho', focada na organização do espaço pensando no bem-estar e conforto

As profissionais explicam que a organização do espaço, seja do quarto ou da salinha de brinquedos , ajuda a criança visualizar melhor os brinquedos e mantê-los conservados. Além disso, entender o processo de arrumação pode ter benefícios em outras áreas da vida das crianças. “A criança começa a entender que um lugar só fica organizado se alguém o deixar assim, o que contribui para a formação do sentimento de alteridade”, falam.

Participação das crianças

Quando as crianças são pequenas, é comum os pais tomarem a frente dessa tarefa. No entanto, à medida que elas vão crescendo é interessante começar a envolvê-las nesse processo. “Quando apenas o adulto fica responsável pelo ambiente, a criança normalmente brinca, bagunça e vai embora”, dizem. Ela acaba ficando em uma situação cômoda por não entender o funcionamento daquele espaço.

Como consequência, a criança acaba não se apropriando do próprio espaço. Para mudar a situação, as profissionais sugerem que, em um primeiro momento, os pais incentivem os filhos a os ajudarem a escolher o melhor lugar para cada brinquedo. “Com a mediação do adulto, eles começam a refletir sobre as possibilidades de organização que podem ser exploradas naquele espaço”.  Ao participar dessa dinâmica, começam a se sentir pertencentes e responsáveis pelo ambiente. 

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Vínculo e conforto

Para que a criança se reconheça no espaço, é imprescindível que exista vínculo entre ela e o lugar. Esse vínculo é criado na medida em que ela se sente confortável e participante daquele cômodo. Para isso, o momento de organizar as coisas deve envolvê-la. É interessante perguntar o que ela está achando de como os móveis estão dispostos ou o que ela sugere como solução para um possível problema. A subjetividade e os gostos da criança devem estar refletidos ali.

As profissionais contam que durante o trabalho que realizam, a criança é a protagonista de toda a arrumação. “Por exemplo, se o pequeno ainda não sabe ler, ele escolhe o desenho; se já sabe, é ele quem escreve, junto conosco, as letrinhas na etiquetadora – no final do processo, fica satisfeito e orgulhoso com o resultado”, dizem. Desse modo, as ideias da criança são respeitadas e isso faz com que elas se sintam confortáveis e pertencentes àquele espaço.

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Quando o espaço é compartilhado por irmãos, é interessante continuar respeitando os gostos e subjetividades de cada um

Em caso de ambientes que são compartilhados por irmãos, ainda é importante respeitar a individualidade e os gostos de cada um, assim como a faixa de desenvolvimento que eles estão passando. “O espaço pode ser dividido pensando nos pertences de cada um e naqueles que serão usados por todos”.

Como arrumar os ambientes

Depois dessas primeiras dicas das especalistas, é hora de colocar a mão na massa. E se você tem filhos pequenos, provavelmente o primeiro passo para arrumar o ambiente deles é organizando os brinquedos. 

Uma ideia é usar caixas organizadoras. A disposição das mesmas devem ser devidamente escolhidas e organizadas de forma que a criança tenha fácil acesso a elas - tanto para pegar os brinquedos para usar quanto para guardá-los depois. O uso de etiquetas com desenhos, por exemplo, também ajuda bastante em casos de crianças menores.

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E como o assunto é organização, guardar tudo no lugar depois da diversão deve fazer parte da rotina dos pequenos. É interessante sempre incentivar os filhos a guardar os objetivos após utilizá-los, assim, aos poucos, isso vai se tornar um hábito.

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Além disso, à vezes pequenas mudanças no ambiente ajudam tanto na organização quanto na utilização do espaço. “Muitas vezes, apenas mudando a disposição e/ou a localização dos móveis é suficiente”, sugerem as especialistas. Em outros casos, almofadas espalhadas pelo quarto podem tornar um lugar “árido” em um cantinho aconchegante para a leitura.

Além disso, a arquiteta lembra sobre a importância de garantir que o mobiliário tenha a altura correta. Uma estante de livros infantis na altura do adulto, por exemplo, não incentiva a criança a explorar a leitura, afinal, ela não consegue visualizar o que pode manusear. Adaptando isso a altura correta, os pequenos ganham autonomia para ler e devolver o objeto quando bem entender. O mesmo vale para outros móveis e acessórios utilizados para guardar brinquedos e objetos. “Isso faz com que as crianças se sintam à vontade para explorar o espaço que, afinal, é seu”.

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Organizar os brinquedos, livros e objetos em um mobiliário na altura da criança é essencial para que ela tenha autonomia

As profissionais ainda listaram 5 dicas para serem incorporadas no dia a dia otimizar o uso e dar mais conforto ao ambiente:

1. Sempre guardar os brinquedos após o uso. Dessa forma a bagunça não acumula

2. Valorizar os momentos que a criança dedica para organizar os brinquedos, fazendo elogios e mostrando que ela foi capaz de executar muito bem aquela tarefa

3. Sempre dar exemplo, mostrando os pequenos que os adultos também organizam os pertences após o uso

4. Incorporar na rotina da casa um momento de organizar o espaço das crianças. Pode ser um dia da semana ou um momento do dia para colocar isso em prática

5. Na organização dos brinquedos, é interessante categorizá-los em grupos e definir locais diferentes onde serão armazenados, para não confundir a criança na hora de utilizá-lo. Por exemplo, caixas específicas para tipo de brinquedos (legos, bonecas, ou jogos grandes, por exemplo – são coisas de categorias diferentes que devem estar separadas) e mobiliário para cada função, nas dimensões, alturas e materiais corretos para cada situação.