Quando o médico francês Pierre-Emmanuel Bouet descobriu que sua paciente gestante tinha um par de pernas crescendo para fora do útero, dentro do corpo da grávida, ele ficou surpreso.
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“Eu fiquei abismado quando descobri”, disse o médico ao jornal americano "The Washington Post". Parte do saco amniótico, cheia de fluido, cresceu para fora do útero da mulher, com as pernas do feto dentro. A primeira coisa que ele decidiu fazer depois de ver a imagem foi pedir uma segunda opinião: “Perguntei a colegas para confirmar o diagnóstico”
Ele é um obstetra do Centro Hospitalar da Universidade de Angers, na França, e tinha razões para ficar tão assustado: essa anomalia é tão rara que, segundo o médico, só existem outros 26 casos como esse registrados na história da medicina obstétrica.
Os médicos da mulher rastrearam a ruptura no útero por meio de uma ressonância magnética, e o caso, com uma foto rara que registra a situação, foram publicados no em um periódico científico britânico: o "New England Journal of Medicine".
O que você deve estar se perguntando é como houve tal ruptura no órgão para que as pernas do feto crescessem para fora dele. Por mais que pareça, os especialistas garantem que não foi uma chutada mais brusca a causa da ruptura.
Segundo Pierre-Emanuel Bouet, a origem mais provável para a ruptura é o histórico da paciente, que já havia realizado cinco cesáreas. Por causa da cicatrização das cesáreas, partes do útero ficaram mais rígidas do que o comum e, ao invés de expandir durante o crescimento uterino e do feto na última gestação, uma delas acabou se rompendo, causando uma abertura de cerca de uma polegada.
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A mãe, que não foi identificada, não sabia do rompimento em seu útero e não apresentava nenhum sintoma. O médico informou ao veículo que, geralmente, as mulheres sentem dores quando isso acontece, por conta da hemorragia interna, mas, no caso dela, a parte do saco amniótico – com as pernas do bebê – que saiu pela abertura acabou comprimindo as paredes do órgão, o que evitou a perda de sangue.
Mas ainda assim, a mulher enfrentou uma situação muito perigosa, segundo o médico. “O útero inteiro poderia ter se rompido, levando a uma séria hemorragia interna, além do grande risco de um parto prematuro”, explica. Devido a estes riscos, o médico sugeriu interromper a gravidez com 22 semanas, mas a mulher e seu parceiro optaram por continuar com a gestação e apenas oito semanas depois o parto foi feito, por meio de cesárea.
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De acordo com o médico francês, apesar do incidente com as pernas, o bebê nasceu saudável, e a mãe também passa bem: “Ele nasceu prematuramente, mas saudável”.