“Quando as pessoas olham-me logo pensam: “mas você precisa de bariátrica?”. Sim. É preciso tirar essa ideia errada de que só realiza a bariátrica a pessoa que é obesa mórbida. No meu caso, além de estar acima do peso (90 kg nunca tinha chegado a essa marca e minha altura é 1,54m) o que me levou ao médico foi o fato de nem comer tanto mais e mesmo assim, não conseguir emagrecer.
Três fatores foram primordiais para minha decisão por esse procedimento: risco de AVC (eu ia para Pronto Socorro direto com pico de pressão 21 por 9 e nem as enfermeiras acreditavam, pediam para medir de novo e me perguntavam como eu tinha chegado lá dirigindo...), metabolismo de 70 anos (sim, meu corpo parou de queimar calorias, estava todo inflamado e descobri isso fazendo a Bioimpedância solicitada pelo médico após a consulta) e um refluxo constante (sendo que eu nunca tinha tido esse problema na vida).
Pois é, quando cheguei no consultório do Dr. Almino Ramos 26 anos depois que o havia conhecido, nem ele acreditou. E com esse histórico todo, eu o conheci quando ele operou e mudou a vida da minha melhor amiga e irmã, Patrícia Pignatari, anos atrás. Depois disso, ele também operou e mudou a vida do meu primeiro marido e, desde então, eu vinha acompanhando a carreira dele, mas nunca tinha imaginado que poderia ser uma de suas pacientes... Até começar a me preocupar com o risco do AVC e outras coisitas mais...
De uma coisa eu tinha certeza: só operaria com ele porque acompanhei esse médico durante anos e sempre confiei demais no que ele fazia e recomendava. Então, a primeira decisão sensata foi: vou me consultar com ele para chegarmos a um denominador comum, mas confesso que não me imaginava fazendo a tal cirurgia, até a nossa consulta. Como toda escritora, logo que ele falou dos prós e porque indicava para mim a Bypass, saí pesquisando. Ah, para quem não sabe a by-pass é a que além de diminuir o estômago faz uma alça dele para o intestino, para eliminar mais ainda (no meu caso ele optou por essa cirurgia para que se formasse um “ralo” no meu estômago e eu eliminasse de vez o refluxo).
Não vá pensando que quando você senta em uma cadeira em frente a um cirurgião gástrico que ele já vai logo informando como é a cirurgia, não. É um processo detalhado, você preenche toda uma anamnese bem específica mesmo, contando como foi sua relação com o peso desde a infância e o Dr. Almino checa todas as informações e pede detalhes porque essa visão de medicina humanizada faz diferença, sabe?
No meu caso, eu sempre fui magrela ao ponto de colocar duas calças de uniforme da escola para parecer que eu tinha alguma curva (acredite)... Pesava 49 quilos até que com 24 anos descobri uma síncope neuro-cardiovascular: o tal vaso vagal o sangue desce pras pernas e não consegue subir falta oxigênio no cérebro e você desmaia.
É um problema que não existe cirurgia, só melhoraria com remédio e foi o que fiz. A medicação, após consultar 11 cardiologistas, funcionou para parar com os desmaios, mas me fez começar a engordar... Enfim, foram anos tomando essa medicação e percebi que meu corpo havia mudado. Num looping, como todas mulheres que não estão bem com o corpo, fiz de tudo: dieta, exercícios, remédios para emagrecer, até a tal dieta do HCG em que perdi 10 quilos em um mês acompanhada por um médico, mas o que sempre aconteceu foi que eu voltava a engordar.
Enfim, focando novamente na minha decisão, já expliquei os motivos acima que me levaram a realmente optar pela cirurgia. Passei com ele em setembro de 2021 e operei dia 19 de março de 2022. Desmarcamos várias vezes por conta da pandemia, do risco depois da Omicron porque em primeiro lugar sempre estava o meu bem-estar. Uma coisa que notei: a escolha do médico e sua equipe faz toda diferença no antes, durante e depois. O Dr. Almino além de mostrar segurança coloca em prática muito do que aprende nos Congressos e atualizações mundo afora. Me orientou e falou comigo na noite antes do procedimento e me deixou muito tranquila.
Na foto do antes (em que estou na mesa de cirurgia) para foto do depois (11 dias depois) vejo que eu não só estava gorda, eu também estava muito inchada. Ele diz que meu corpo estava em inflamação e que com a cirurgia daríamos um restart em tudo e foi o que aconteceu. Um dos diferenciais é que ele procura fazer as incisões de um lado só da barriga (outros médicos fazem na barriga toda) ele não, até pensando no conforto do paciente na hora de descansar e etc. Bem para resumir foi uma das melhores decisões que já tomei na vida. Claro que os 30 dias depois da cirurgia não foram fáceis nem um pouco. Você fica numa dieta líquida alucinante e, pasmem, não sente fome durante umas três semanas... Mas tem vontade de comer e o desejo louco de mastigar algo.
Eu parecia uma presidiária, contando os dias para que a dieta mudasse para líquida cremosa, depois pastosa e depois sólida... Ufa... Faz pouco mais de 60 dias que operei e já eliminei mais de 17 quilos, sem contar as medidas. Voltei a comer pouco, com restrições a alguns alimentos e é claro que você come mais saudável. Não vou negar que tem a parte chata de medicação e suplementação que você tem que seguir, mas minha vida já é outra. Não tenho mais as dores nas costas e joelhos que me perseguiam, tenho mais disposição e autoestima. Meu cabelo ainda não caiu (é normal uma queda e você deve suplementar para evitar exagero) e meu corpo muda a cada dia.
Eu tinha muito medo de passar mal após o procedimento, mas sendo sincera, aconteceram umas 3 vezes por descuido meu, sabe comer rápido demais, porque não tive dor pela cirurgia em si e às vezes até esqueço que operei. Dessa parte foi tranquilo porque correu tudo bem. Você interna, operada num dia e sai no outro, se não tiver contratempos e comigo não houve (graças a Deus).
Por isso é essencial a escolha do médico. Ressalto isso porque pesquisei e percebi muitos tropeços em outras condutas e cada vez que me informava mais, o meu médico me surpreendia com um novo procedimento, uma nova informação ou solicitação. Sem falar nos dados que colhi ao longo da decisão você sabia que a cirurgia pode aumentar em até seis anos sua expectativa de vida? Por fim, o que posso dizer é que é preciso sim um preparo psicológico porque sua relação com a comida muda depois dessa cirurgia: muda para melhor. Você não come mais, você saboreia a refeição.
E claro, não tem milagre. Ela é um empurrão para a vida saudável, ou seja, você pode sim comer, beber, desde que mantenha o corpo em movimento e claro, praticar exercícios físicos é sempre mais prazeroso quando estamos menos pesadas... A projeção de perda de peso para um ano é de 30 a 35%, segundo o médico... Então minha perda final ficará entre 28 a 35 quilos, mas é preciso mudar a mente também, não só o estômago: o segredo está em fazer do limão a limonada, com adoçante, ao final de uma esteira, para beber bem gelada e comemorar um novo corpo, uma nova saúde e uma segunda chance. Tim, tim?