De volta ao trabalho após o bebê

Existe uma carreira promissora após a licença maternidade. Basta haver planejamento e vontade de conciliar os dois papeis, como provam estas mulheres em constante jornada dupla de trabalho
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Ângela, Ceres, Fabiola, Graziela, Paula e Priscila e têm muito em comum: todas têm filhos pequenos e, após os seus nascimentos, retomaram as suas carreiras por livre e espontânea vontade. Para mim é importantíssimo conciliar a maternidade com o trabalho, porque uma mulher não deixa de ser profissional quando se torna mãe. Sem dúvida é muito mais difícil ser as duas, mas uma não pode excluir a outra. Fico pensando que, se tivesse aberto mão da minha carreira, em alguns anos, seria mais difícil acompanhar o pensamento e as exigências da minha própria filha. Além disso, deixar de trabalhar seria uma frustração que poderia projetar no bebê, diz Ângela Fileno, 30, professora universitária e mãe de Isabela, 1, com quem todas concordam.

Elas preocupam-se tanto com o desempenho no escritório quanto com a educação de seus filhotes e, acima de tudo, amam ser mães e, ao mesmo tempo, profissionais dedicadas. O que as diferencia são as estratégias adotadas para conciliar as duas atividades e suas rotinas de trabalho. Por isso, dividem o que aprenderam com quem está prestes a integrar este time:

O antes
Todas as entrevistadas, tenha sido a gravidez planejada ou não, sabiam que voltariam ao trabalho após os quatro meses da licença maternidade desde quando leram o positivo no exame de gravidez. Segundo Fabiola Mello, 32, coordenadora de RH e mãe de Julia, 5, e Felipe, 1, o ideal é já aproveitar os nove meses para organizar a vida pós-filho. Conheça escolinhas, babás, procure referências, veja o horário de funcionamento de supermercados, farmácias, analise cardápios de restaurantes, explica. E, principalmente, decida se o bebê ficará sob os cuidados de uma babá, da avó ou da escola.

Monte um esquema
Não basta decidir quem cuidará do bebê enquanto a nova mãe batalha por uma promoção. Muitas vezes é preciso armar uma tática para amamentar ou respeitar os horários da avó, por exemplo. Aquela vovó que ficava sentada na poltrona fazendo crochê não existe mais. Hoje elas têm uma vida ativa e muitas vezes, produtiva, o que pode implicar em não terem disponibilidade para cuidar dos netos, explica Ângela, que mesmo assim conta com a sua mãe durante a semana para conciliar seu planejamento de aulas, o mestrado e o trabalho.

Para estender os cuidados com a filha após os quatro meses da licença, a supervisora de marketing culinário Priscila Barufi, 34, mãe de Ana Carolina, 7, na época do nascimento da pequena levava a babá e o bebê para passarem o dia na casa da cunhada, que era bem perto do seu escritório. Saía para amamentar na hora do almoço. Foi bem corrido, mas deu super certo pois ela continuou a mamar de manhã, no almoço, à tarde e à noite até o sétimo mês, explica.

Quando a avó é a responsável
Graziela Venditti, 32, analista de compras e mãe de Kaike, 4, vê na sua mãe seu anjo da guarda. É a avó quem fica com ele pela manhã e o leva para a escola à tarde, conta. Cada vez menos mães têm incumbido as suas próprias mães de cuidarem dos netos, mas as vovós ainda são verdadeiros portos seguros na vida de quem trabalha fora. Eu e a minha mãe moramos em cidades diferentes, mas quando a Julia nasceu, planejamos para que ela ficasse na minha casa por alguns meses para me auxiliar na volta ao trabalho e acompanhar o dia a dia da babá, conta Fabiola.

Contando com o marido
O pai tem papel fundamental na criação dos filhos, mas alguns exercem participação operacional no momento em que a mãe volta a trabalhar. Nas noites em que ministro aulas, o meu marido fica com a Isabela ¿ dá banho, comida e coloca para dormir. No início achei que ele não fosse dar conta, mas ela aprendeu a falar papá primeiro que mamá, conta Ângela. Ceres Maldonado, 27, responsável por atendimento e gestão de projetos em uma agência de e-learning e mãe de Matias, 3, e Romeu, 1, tem uma agenda atribulada mas nunca teve babá pois sempre dividiu as atividades com o marido. Banhos, sucos, mamadeiras, papinhas, passeios ao ar livre, fraldas... Tudo é dividido, conta.

Escolha a escola certa
Embora Ceres tenha o total apoio do marido por seus horários serem diferentes, Matias e Romeu passam a maior parte do dia em uma escola indicada pela pediatra. Eu me sinto segura e amparada. Quando visitei o local, o senti muito humano e estruturado, um casarão arborizado e ensolarado cheio de crianças correndo. Adorei o clima! As coordenadoras e algumas professoras são mães e souberam me acolher tanto quanto aos meus bebês, lembra.

Para Ângela, que é professora, é preciso encontrar a instituição que trate bem os pequenos do ponto de vista físico e afetivo. Procure saber a formação dos professores, se há auxiliar de classe, a quantidade de alunos por sala, as condições físicas da escola, principalmente em relação à segurança, e analise o discurso da diretora. Acredito que a maneira de se pensar a educação pode ser captada numa conversa informal e que o excesso de atividades (inglês, balé, capoeira, computação...) que as escolas oferecem como um emblema de qualidade do ensino não passa na verdade de adereço para o que é essencial, o cuidado com seu filho, detalha.

Sobre a babá perfeita
Escolha alguém de confiança. Caso não seja possível, adquira este sentimento analisando o comportamento da profissional e buscando referências. Paula Neckel, 28, monitora de call center e mãe de Letícia, 1, contou com o apoio de uma babá desde o sétimo mês de gestação, pois, além da menina, ela cuida dos serviços domésticos. Ela é fundamental, pois como eu fico a maior parte do dia fora, o papel de cuidar, amar e educar é dela também. Por isso é de suma importância escolher muito bem essa pessoa, pois no caso de erro, as consequências podem ser sérias e prejudicar o desenvolvimento do bebê.

Novos horários
A questão do horário é o mais complicado para as mães, porque cada vez mais as empresas exigem a presença do funcionário, explica a coordenadora de RH. Acho que suspender temporariamente as atividades profissionais ou diminuir o ritmo nos primeiros meses pode ser uma alternativa, mas nem todas as profissões permitem esse tempo de dedicação à maternidade que é muito importante para você e para seu filho, opina Ângela.

Eu sempre brinco que todas as mães deveriam trabalhar somente 6 horas por dia, para poder cuidar e realmente curtir os filhos. Por outro lado, há a disputa acirrada por emprego e vejo o quanto isso seria prejudicial para a mãe que quer ter uma carreira sólida. Vejo que o Brasil ainda engatinha para uma outra realidade, a de horários flexíveis e com uma real preocupação com a mãe que está trabalhando mas, infelizmente, isso ainda acontece em pouquíssimas empresas, que já se deram conta que é necessário gerar bem estar ao colaborador para obter dele um melhor rendimento e produtividade, revela a profissional de RH. Enquanto isso não ocorre, policie-se para não trabalhar até muito mais tarde e, se possível, trabalhe próximo à sua casa, assim poderá passar mais tempo com o bebê.

Descubra o que a sua empresa oferece
Paula teve acompanhamento com uma assistente social e uma psicóloga durante os quatro meses de licença, ambos oferecidos pela empresa onde trabalha, que também proporciona como benefício uma ajuda de custo para as despesas com a babá, o qual será concedido até sua filha completar sete anos. Já Ceres, que não havia planejado com muito detalhamento a sua volta ao trabalho após o nascimento do primeiro filho, teve tempo e abertura para decidir junto aos seus gestores a melhor maneira de retomar suas atividades depois do segundo. Fiquei, depois da licença, cinco meses no esquema de home office, trabalhando em casa. E quando precisava ir ao escritório, podia levar o bebê. Foi incrível, conta. E todas as empresas devem conceder a licença de 15 dias para amamentação.

Entenda a saudade
Todas elas choraram, sentiram um vazio enorme e no início da volta à labuta telefonaram para quem cuidava de seus bebês em um curtíssimo intervalo de tempo para saber se o pequeno comeu, fez coco, chorou, sentiu dor... É preciso um pouco de sangue frio, brinca Paula, que assim como Ângela se pega olhando fotos da filhota em um instante de folga. Mas todas conversam muito com os seus filhos e se dedicam totalmente aos momentos que dividem. Desde muito pequena sempre conversei bastante com a Letícia e explicava a necessidade de voltar a trabalhar. Hoje ela até acena um tchauzinho quando eu saio!, diverte-se Paula.

Atualize-se...
Para retomar a carreira, é fundamental não se esquecer dela em nenhum momento. Manter-se atualizada é essencial. Durante a licença gestante não é possível fazer cursos ou algo similar, mas é possível ler muito, acessar internet e conversar com pessoas que estão no mercado de trabalho, ensina Fabiola, que completa: A mulher tem uma capacidade incrível de organização, então depois que volta a trabalhar ela consegue cuidar dos filhos, da família, passear, estudar e se focar no trabalho. Para tudo é preciso dar tempo ao tempo, passar a fase de adaptação da nova rotina e se planejar na carreira e na vida. Entender que enquanto eles são pequenos, é tudo mais cansativo porque eles ainda são muito dependentes mas eles crescem ¿ e rápido!

... e aproveite!
Nunca pensei em parar de trabalhar, primeiro porque acho importante ter a minha independência financeira e, segundo, porque acho que em uma casa onde o homem e a mulher trabalham, as conquistas vêm com maior facilidade, teoriza Graziela. Partindo deste ponto de vista, fique com a melhor parte de ser uma mulher completa.

Para Fabiola, três coisas precisam estar em mente para isso: Primeiro, que as suas prioridades mudaram, então algumas vezes será preciso faltar ao trabalho porque o filho está doente. Segundo, saber que nem por isso precisa abrir mão de uma carreira ou de seus ideais, os filhos crescem e em breve será possível empregar maior energia no trabalho. E, terceiro, que realmente ninguém cuidará do seu filho como você, mas nem por isso estão deixando de cuidar.

Ela finaliza seu discurso lembrando a todas as mães trabalhadoras que existe vida após o nascimento dos filhos e, com certeza, uma vida melhor, com um significado nobre e insubstituível.

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