Em 22 de outubro de 2009, a então estudante de turismo Geisy Arruda tornou-se notícia nacional após ser hostilizada na extinta Uniban de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Com apenas 20 anos, Geisy precisou ser escoltada pela Polícia Militar, enquanto cerca de 700 estudantes se reuniam em uma onda de xingamentos e ataques. O motivo? Um vestido rosa curto, cuja barra ficava logo abaixo do bumbum. Para a universidade, a vestimenta da jovem representava um "desrespeito à dignidade acadêmica e à moralidade", o que resultou em sua expulsão. Quinze anos depois, a mulher que foi expulsa propõe uma festa de debutante para celebrar as conquistas que se seguiram ao polêmico vestido rosa e exaltar o avanço dos direitos das mulheres.
Em 2024, com o avanço das redes sociais e o aprimoramento das pautas feministas, é difícil imaginar que Geisy Arruda não teria o apoio de um grande número de mulheres. Entretanto, na ocasião, a jovem teve que enfrentar muitos comentários machistas e ataques pessoais.
"Eu contribuí para a história do feminismo no Brasil. Eu acabei me tornando uma referência. Apesar de vivermos num país tão liberal, as mulheres aqui ainda são muito julgadas, e, de repente, [surge] uma menina que usa um vestido que quer, ousada... Acho que a minha história libertou muitas moças para que hoje elas possam usar as roupas que querem não só no ambiente de faculdade, mas na rua mesmo", avalia Geisy Arruda, em entrevista ao iG Delas.
A hostilidade enfrentada pela modelo, no entanto, foi uma locomotiva para alcançar a fama. Desde a expulsão polêmica, Geisy integrou um dos realities mais famosos, "A Fazenda", participou de programas de televisão, trabalhou como modelo e conquistou espaço na internet como influenciadora digital.
Atualmente, Geisy Arruda coleciona 4,8 milhões de seguidores no Instagram e dedica parte do tempo para produzir conteúdos adultos. Em 2022, foi divulgado que seis meses em uma das plataformas lhe renderam mais de R$ 1,2 milhão.
"A minha vida mudou totalmente, né? Mudei de cidade, de casa, hoje eu tenho uma vida financeiramente mais estável, [posso] proporcionar à minha família coisas que há 15 anos eu não podia. Eu me tornei uma mulher que continua gostando de roupas curtas e decotadas, só que uma mulher muito mais forte e que sabe o peso da minha história na questão do direito das mulheres de poder usar o que quer sem ser agredida, bulinada ou importunada. Simplesmente ser livre", enfatiza.
A influenciadora também está a passos de lançar o quinto livro de contos eróticos e, no momento, está se dedicando a estudar novos temas para explorar na obra.
"Estou começando a pensar nos fetiches que eu vou bordar. Eu já tenho uma bagagem, não quero repetir [os temas dos livros anteriores], então, tenho que ter cuidado nessa questão. Agora eu estou na parte de baixo, de produção mesmo, de tentar entender o que que eu vou trazer de novo", explica a modelo, citando fetiches como podolatria, axilismo e amarrações com cordas.
Para registrar os quinze anos que se passaram e que lhe trouxeram fama, maturidade e estabilidade, Geisy Arruda está organizando uma festa de debutante para o vestido rosa.
"Vamos fazer uma festa de debutante com direito a bolo de chantilly, com coxinhas, salgados, guaraná. Eu quero um bolo bem anos 2000, todo decorado com balões. Estou planejando uma festa bem legal, porque nunca tive essa festa por conta das minhas condições financeiras. Quando eu era mais nova, minha mãe infelizmente nunca pôde me proporcionar esse aniversário de 15 anos. Então, terei ele agora. Vou fazer aniversário, quer dizer, meu vestido, mas eu também, né? Porque somos um só", completa.