"Fatos sobre mim: eu gosto muito de disciplina! Dormir cedo, acordar antes de todo mundo, ter meu tempo pra ler, estudar, ter tempo de qualidade com meu filho, treinar todo dia, comer saudável, trabalhar com inteligência e estratégia", declarou. "Nem sempre consigo dar conta de tudo, até porque, o TDAH me atrapalha bastante, mas eu gosto muito de dar vários checks no meu dia, me faz um bem danado", explicou a influenciadora Bianca Andrade, de 28 anos, em um story publicado na sexta-feira (28) em seu Instagram.
Segundo Henrique Bottura, psiquiatra diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista (IPP), TDAH é o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade que tem um componente essencial neurobiológico, com disfunções neuroquímicas que impactam na capacidade do indivíduo de focar atenção, manejar os estímulos, hierarquizar as prioridades, impacta também na impulsividade e no comportamento como um todo.
"O TDAH é um quadro que inicia-se na infância e que sim, ele persiste numa grande porcentagem dos indivíduos na idade adulta, podendo ter algumas mudanças das manifestações. TDAH, ele tem três apresentações principais que é o subtipo desatento, o subtipo hiperativo e o combinado, hiperativo desatento. E a hiperatividade compõe também um componente de impulsividade", explica o médico.
Geralmente na infância, vai ter o TDAH que é aquela criança agitada, impulsiva, inquieta, que não para, que não consegue ficar sentada durante a aula, que dá muita dificuldade para o professor, para a escola, para os outros colegas de manejar. Isso é percebido tanto pela equipe da escola como na família ou em outros locais, em que a criança acaba ficando muito agitada e inquieta.
E tem o subtipo desatento em que a pessoa tem uma dificuldade de focar e manter atenção, qualquer mosquinha que passa ela volta a atenção para aquilo e daí ela tem muita dificuldade de voltar a atenção para o que ela tem que fazer. Acaba tendo dificuldades na nota, no aprendizado.
Porém, como muitas vezes são crianças mais quietinhas, menos problemáticas do que o hiperativo, muitas e muitas vezes passam desapercebidas, principalmente quando tem uma inteligência acima da média, o que pode acontecer, porque daí mesmo com a desatenção ela acaba conseguindo ter nota, acaba tendo desempenho.
"Antigamente se achava que não persistia no adulto, que era um quadro que desaparecia. No entanto, percebeu-se que com uma frequência razoavelmente grande, esses sintomas persistem no adulto, muitas vezes mudando de forma de apresentação. Às vezes você tem uma criança hiperativa que passa a ser desatento na idade adulta. Então, é um diagnóstico muito complicado, difícil, porque você tem que retomar elementos da história pregressa da pessoa para poder identificar lá atrás como ela funcionava, porque você não abre um quadro de TDH aos 18 ou aos 20 anos, é um quadro que começa na infância. Então, isso é sempre importante, esse elemento do histórico, para você poder caracterizar", diz Henrique Bottura.
De acordo com o psquiatra, quando a gente pensa em tratamento como um todo do TDAH, existem os aspectos farmacológicos e os aspectos de tratamento não farmacológico que envolvem terapias. "Terapia comportamental é muito interessante, TCC também é muito interessante, aprender. Tem as questões educacionais, aprender a gerenciar o tempo, aprender a organizar o ambiente, organizar, limitar os estímulos. Muitas vezes são necessários trabalhos familiares para aprender a lidar com a criança ou com um companheiro que tem um transtorno de deficit de atenção, hiperatividade. Na escola, algumas medidas podem ser necessárias para ajudar aquela criança que tem mais dificuldade de ficar parada. É necessário uma abordagem personalizada para o indivíduo com TDAH. Às vezes podem ser necessárias mudanças no estilo de vida e muitas outras coisas. Mas primordialmente quando a gente fala de terapia, de tratamentos terapeuticos, a gente pensa em tratamentos cognitivos e comportamentais. E evidentemente existe uma série de medicações que são importantes, que são indicadas para o tratamento. Medicações que tratam o transtorno em si e muitas vezes no adulto é necessário tratar as comorbidades que são muito frequentes", esclarece.