O mês das mães reforça a ideia de valorização da figura materna. Mas, e fora da data, estamos incluindo essas mulheres em políticas internas empresariais? É o que questiona o gerente de operações da Bematize, Thiago Américo, que lista dicas para tornar o ambiente corporativo mais acolhedor para as mães
Segundo estudo publicado pelo portal Vagas.com, a maior preocupação das mães em relação ao emprego é justamente a hora de voltar ao mercado de trabalho. Mais de 70% das mulheres entrevistadas já foram questionadas se eram mães, ou se tinham planos para ser, durante processos seletivos.
"O mês das mães reforça a ideia de valorização da figura materna. Mas, e fora das datas comemorativas, estamos incluindo mulheres mães em nossas políticas internas empresariais?", questiona Thiago Américo, gerente de operações da Bematize, empresa especializada em consultoria e gestão em inovação e tecnologia.
Um dos erros mais comuns dos gestores que pode comprometer a rotatividade na empresa é a falta de treinamento entre lideranças. "A mudança começa a partir do exemplo dos líderes. Por isso, é preciso envolver a liderança no acolhimento, desenvolvimento, crescimento dessas mães e nas decisões justas de carreira do seu time", diz Américo.
Uma das formas de acolher as mães é oferecer benefícios flexíveis, ou seja, dar autonomia ao empregado para escolher o seu próprio benefício de acordo com seu momento de vida. Esse formato se tornou comum na pandemia, facilitando a retenção de talentos nas organizações. "Recentemente, fizemos um levantamento com a participação de 14 mil colaboradores que revelou que o benefício de auxílio-creche foi o mais escolhido por 38,57% dos entrevistados", comenta o especialista.
Criar um canal de comunicação é um dos pilares para agregar fluidez em suas iniciativas para que os colaboradores saibam quando e onde podem encontrar apoio profissional. De acordo com Américo, os gestores devem promover a empatia e apoio entre as suas colaboradoras, pois quando se sentem respeitadas, elas tendem a ser leais ao propósito da empresa. "Um dos segredos da boa gestão é ressignificar o valor da empatia, já que ela auxilia no desenvolvimento de habilidades entre os profissionais", acrescenta.
Dar um presente, lembrancinha ou um brinde para as mães pode fazer a diferença no dia delas. Para sair do comum, o profissional sugere ações que as empresas podem fazer para tornar algo especial. "Personalize o presente, pode ser um porta-retrato, caneca, camiseta ou almofada com estampa do filho, por exemplo. Para as funcionárias que tiveram seus filhos recentemente, um kit para o bebê pode ser um belo presente para celebrar a data", sugere.
As ações do endomarketing têm ganhado força nas organizações, isso porque é a chave para a retenção de talentos. Thiago Américo comenta que a ação de endomarketing voltada para as mães pode fortalecer a imagem da empresa. "Ações internas podem contribuir na cultura de pertencimento. Sendo assim, ganha-se uma equipe engajada, integridade de colaboradores e posicionamento da marca em prol do público feminino", afirma.
A maternidade é um momento único na vida da mulher, mas também exige cuidados com a saúde mental. De acordo com o profissional, as empresas devem criar boas práticas de conscientização sobre a saúde mental. "Oferecer apoio emocional durante essa fase é uma forma de acolher essas profissionais e ajudá-las a superar limites nesse período tão desafiador!", aponta.
A política de horários flexíveis ganhou força durante a pandemia, com isso muitas empresas passaram a adotar esse benefício para todos os colaboradores. Contudo, as gestantes precisam de um olhar diferenciado nessa questão, afinal, elas precisam se ausentar para as consultas de pré-natal e exames de rotina. "É fundamental que a empresa saiba acolher e respeitar esse momento, demonstrando respeito com a saúde da gestante e do bebê".
As atividades físicas trazem benefícios para corpo e mente, mas nem sempre toda colaboradora tem tempo para se dedicar à academia ou fazer uma caminhada. "Há diversos educadores físicos que disponibilizam serviços específicos para empresas como exercícios laborais ou recreativos. Momentos de lazer são essenciais para manter uma boa saúde mental", comenta o gerente de operações.
Uma das iniciativas que o setor de recursos humanos pode aderir nas empresas é realizar uma pesquisa interna para avaliar como elas se sentem em relação à vida profissional dentro da organização. "Os líderes devem questionar se elas se sentem reconhecidas no ambiente de trabalho e se as suas necessidades são atendidas. O ideal é que seja realizado mensalmente, pode ser feito presencial ou remotamente, caso as colaboradoras estejam trabalhando home office", complementa ele.
Aposte nas boas práticas do mercado. Converse com empresas que estão iniciando essa jornada e também com aquelas que estão à frente neste tema. Certamente surgirão ideias importantes que possam ser aplicadas no dia a dia da empresa. "É preciso construir um ambiente empático que favoreça a parentalidade nas organizações, sendo assim teremos aumento de retenção de talentos, profissionais motivados e a oportunidade de formar uma comunidade acolhedora e forte com as mães".
O profissional de RH tem o papel de melhorar a experiência do colaborador na empresa. Quanto às mães profissionais, é preciso humanizar os processos seletivos para que elas não sejam prejudicadas em função da maternidade. Entre essas dicas mencionadas do especialista, cabe aos gestores estimularem o debate deste tema para que: (1) tenham profissionais engajados com a causa; (2) a maternidade esteja alinhada ao bom desempenho das colaboradoras ao receberem o devido apoio e acolhimento na companhia.
"Então, empresas, pensem: lutamos muito pelo crescimento pessoal destas colaboradoras e pela transformação de carreira delas. Não devemos desvalorizá-las pela condição maternal ou não dando a devida importância para suas ambições profissionais. Afinal, o que seríamos de nós sem o trabalho muito bem executado por elas? ", finaliza Thiago Américo.