Quem são as 12 mulheres do ano eleitas pela Time

A revista Time divulgou na última semana a lista das 12 mulheres do ano. A brasileira Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, aparece entre os nomes. Segundo a publicação, as escolhidas "estão trabalhando para um mundo mais igualitário"

Anielle Franco

Atual ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco nunca pensou em entrar para a política — até a morte da irmã, a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro em março de 2018. A busca por Justiça levou Anielle, então com 33 anos, aos holofotes nacionais.

Valter Campanato/Agência Brasil

Professora de inglês e jogadora de vôlei, ela se dedicou ao ativismo em tempo integral, lançando uma organização sem fins lucrativos em nome de Marielle

Sua trágica história familiar, personalidade calorosa e uso assíduo das redes sociais transformaram a outrora reservada Anielle Franco em uma líder no movimento pelos direitos dos negros no Brasil. Agora com 38 anos — a mesma idade que Marielle tinha quando morreu — Anielle se encontra em uma posição muito mais proeminente do que sua irmã sequer poderia imaginar.

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No dia 11 de janeiro, ela tomou posse no Ministério da Igualdade Racial, criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

"Perdi o medo quando mataram minha irmã. Agora eu luto por algo muito maior do que eu", disse a ministra à Time.

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Cate Blanchett

A atriz foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo seu papel em "Tár", de Todd Field (sua sétima indicação e, se vencer, seu terceiro Oscar). A Time menciona que Cate teve uma infância marcada pelo luto, após a morte repentina de seu pai, quando ela tinha apenas 10 anos. Por isso, ela e os dois irmãos foram criados pela mãe e pela avó.

Divulgação/TNT Brasil

Em 2012, Cate ficou horrorizada quando o seu país, a Austrália, tentou impedir a migração de refugiados e de pessoas que procuravam asilo em Nauru e na ilha de Manus

E isso a estimulou a agir. Desde 2016, Cate Blanchett é embaixadora da Boa Vontade da ONU (Organização das Nações Unidas), trabalhando com a agência de refugiados da organização, a ACNUR, para aumentar a conscientização e captar fundos para ajudar refugiados em todo o mundo. "Você pensa: as pessoas precisam ver isso e precisam ouvir as histórias dessas pessoas", disse a atriz.

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Ayisha Siddiqa

Aos 24 anos, a paquistanesa é defensora dos direitos humanos e da justiça climática. No ano passado, durante a Conferência do Clima da ONU no Egito, ela compartilhou um poema autoral que criticava o fracasso dos líderes mundiais em suas ações contra a mudança climática.

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Ayisha acompanhou de perto o efeito desse fracasso durante as inundações que atingiram o Paquistão em 2022

Ela canalizou esse sentimento todo no poema, em forma de protesto. Aos 12 anos, a jovem também testemunhou como o meio ambiente pode ser implacável ao ver pessoas próximas, incluindo seus avós, adoecendo e morrendo por causa da água poluída do rio de sua comunidade.

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Em 2020, Ayisha Siddiqa cofundou a Polluters Out, uma coalizão global de jovens ativistas, e ajudou a lançar a Fossil Free University, um curso de treinamento de ativismo

Agora, ela está trabalhando para ajudar a criar um fundo para corrigir o desequilíbrio de recursos que os ativistas têm em comparação com a indústria de combustíveis fósseis. Ayisha também é pesquisadora de um projeto de Direitos Humanos e Justiça Global da Universidade de Nova York que tem por objetivo quebrar as barreiras existentes entre os líderes intergovernamentais e os ativistas locais.

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"Este trabalho é definitivamente intergeracional", comentou à revista Time

"Eu sou jovem agora. Amanhã não serei mais. Eu amo trabalhar com pessoas mais jovens do que eu para transmitir esse conhecimento, para que a corrente nunca se quebre", finalizou.

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Angela Bassett

Em 1994, Angela Basset ganhou o seu primeiro Oscar de Melhor Atriz pelo filme "Tina - A Verdadeira História de Tina Turner". Quase 30 anos depois de interpretar a Rainha do Rock, a atriz agora faz história na pele de outra rainha: Ramonda, da franquia “Pantera Negra” — recebendo a primeira indicação da Marvel na categoria.

Divulgação/TNT Brasil

No filme, a atriz dá vida à personagem, que sofre com a perda do filho enquanto lidera seu povo

À Time, Angela afirmou que a experiência em interpretar mulheres que fazem muitas coisas ao mesmo tempo a ajudou a entender que está tudo bem não dar conta de tudo. "As mulheres têm que ser esposas, irmãs, amigas, mães, líderes comunitárias, ativistas, e temos na nossa essência sermos todas essas coisas", disse. “Mas é importante dar a si mesma primeiro, e então você terá mais para compartilhar com o mundo".

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Ramla Ali

Ramla Ali é uma boxeadora profissional, modelo e filantropa que representou a Somália nas Olimpíadas de Tóquio. "Meu próximo objetivo é me tornar campeã mundial”, afirmou à Time.

Reprodução/Instagram

Em 2018, ela fundou o Sisters Club, uma organização sem fins lucrativos que oferece aulas de boxe para mulheres que geralmente não têm acesso ao esporte

É o caso de mulheres que pertencem a minorias étnicas ou religiosas, bem como sobreviventes de violência doméstica. O Sisters Club já se expandiu para quatro locais em Londres, abriu uma filial em Los Angeles e em breve abrirá outra em Fort Worth, no Texas, EUA.

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Ramla também é embaixadora da UNICEF no Reino Unido

Quando ela era criança, sua família fugiu da Somália e recebeu asilo na Grã-Bretanha. Antes da pandemia, ela visitou o campo de refugiados Za'atari, na Jordânia, e agora planeja fazer viagens semelhantes este ano, na esperança de desestigmatizar o que significa ser refugiado. "Outro dia vi alguém postar no Instagram: 'Tenho comido como um refugiado de guerra o fim de semana inteiro'", declarou. "É bastante ofensivo. É importante para mim mostrar que os refugiados também são seres humanos".

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Phoebe Bridgers

A cantora norte-americana de 28 anos recebeu quatro indicações ao Grammy somente em 2021. No ano passado, durante um show na Flórida, Phoebe aproveitou o intervalo entre as músicas para fazer um discurso em defesa do aborto seguro. Para a Time, ela disse acreditar que se você se importa com algo, é sua responsabilidade defendê-lo.

Reprodução/Instagram

Quando vazou um rascunho de uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos contra o direito ao aborto, a cantora divulgou, em uma publicação no Twitter, que fez um aborto em outubro de 2021

No post, ela ainda incluiu um link com uma lista de entidades ligadas à causa que aceitavam doações. Na rede social, também costuma se manifestar contra os políticos dos quais discorda, pedir a abolição da polícia e mostrar apoio aos direitos das pessoas trans. Além disso, Phoebe Bridgers está à frente da gravadora Saddest Factory Records.

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Olena Shevchenko

Olena Shevchenko, de 40 anos, é uma ativista ucraniana. Em 2017, ela cofundou a organização sem fins lucrativos Insight, com sede em Kiev, para apoiar mulheres e a comunidade LGBTQIAPN+. Olena já sofreu sete ataques somente nos últimos cinco anos. Um deles foi em 2022, enquanto ela carregava suprimentos para serem distribuídos em meio à guerra. A ativista foi surpreendida por um homem que a atacou com spray de pimenta.

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À Time, a ucraniana contou ouvir muitos questionamentos sobre o seu papel: "'Por que você está falando apenas sobre mulheres? Por que não homens? Por que não todo mundo?'"

A realidade, disse ela, é que essas comunidades são especialmente vulneráveis ​​durante a guerra: "As pessoas LGBTQIAPN+ enfrentam forte discriminação de outros ucranianos; a maior parte da ajuda humanitária não inclui pessoas com deficiência; e o nível de violência sexual durante a guerra... você não pode imaginar".

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Atualmente, ela e os colegas concentram seus esforços em arrecadar fundos para comprar desde kits de primeiros socorros a hormônios para pessoas transgênero

Olena afirmou que grupos conservadores na Ucrânia costumam acusar pessoas LGBTQIPN+ de fugir, alegando que "eles não estão protegendo o país, não estão ajudando aqui na Ucrânia". Seu objetivo é, portanto, mostrar que essas comunidades são muito ativas "em diferentes linhas de frente. Não apenas militares, mas em outras esferas".

Os estereótipos de gênero que ela lutou incansavelmente para combater ao longo dos anos também assumiram outra dimensão durante o conflito

"Você precisa lembrar as pessoas que as mulheres não são pessoas que devem apenas dar à luz novos soldados e cuidar de nossos heróis".

Verónica Cruz Sánchez

A ativista mexicana Verónica Cruz Sánchez, de 52 anos, é fundadora da rede ativista Las Libres. Desde 2000, ela atuava para promover o aborto seguro em Guanajuato, um estado mexicano bastante conservador onde o aborto era criminalizado sob quaisquer circunstâncias. Verónica e os colegas trabalhavam distribuindo misoprostol, uma pílula abortiva aprovada pela OMS.

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Nos últimos 18 meses, Verónica Cruz tem expandido o Las Libres para os EUA

Em maio de 2021, quando o Texas aprovou uma proibição quase que total do aborto, ela passou a receber mensagens pedindo ajuda às mulheres americanas afetadas. Las Libres agora conta com cerca de 300 voluntários no país, que já ajudaram cerca de 10.000 mulheres.

O fato de pílulas abortivas estarem prontamente disponíveis nas proximidades ajuda

Apenas uma semana depois que a lei do Texas entrou em vigor, uma decisão da Suprema Corte do México descriminalizou o aborto em todo o país. Foi "gratificante", disse Cruz, ver os políticos mexicanos apoiando a decisão. "Por 20 anos, eles me disseram que eu era louca, e agora eles estão repetindo minhas palavras".

Muitos podem se preocupar com o risco de desafiar leis como a do Texas, mas Verónica Cruz não tem medo

"Quando as pessoas me dizem que sou louca por correr o risco de ser presa, fico com raiva. O que estou fazendo é a única coisa razoável a fazer", afirmou.

Masih Alinejad

Exilada do Irã desde 2009, a jornalista e ativista de 46 anos é contra as restrições do país às mulheres, chamando o hijab obrigatório de "o muro de Berlim" do regime. Sua campanha alarmou o líder supremo aiatolá Ali Khamenei, que não apenas a criticou em discursos, mas até enviou seus asseclas para sequestrá-la em julho de 2021.

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Um ano depois, uma conspiração semelhante terminaria em assassinato, de acordo com uma acusação do Departamento de Justiça dos EUA

Protestos começaram a agitar o país depois que uma mulher de 22 anos morreu em setembro do ano passado sob a custódia da notória "polícia da moralidade", que percorre espaços públicos para impor vestimentas e comportamentos islâmicos.

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Hoje Masih Alinejad vive em um esconderijo do FBI junto com o marido e o filho

As forças do regime mataram mais de 500 manifestantes e detiveram outros milhares. Mas a sua conexão com as mulheres do Irã — hoje ela tem 9 milhões de seguidores no Instagram — diz a ela que República Islâmica está com os dias contados.

Em 2014, Masih lançou uma campanha chamada "My Stealthy Freedom", para pedir às mulheres do Irã que se gravassem sem hijabs

Milhares de mulheres aderiram à campanha ao longo dos anos, com a hashtag #WhiteWednesdays.

Megan Rapinoe

Megan Rapinoe é uma jogadora americana de futebol. Em 2020, durante a SheBelieves Cup, ela e as colegas de equipe vestiram o uniforme do avesso para esconder o símbolo da federação de futebol dos EUA, como protesto para exigir equidade salarial entre homens e mulheres no esporte.

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No ano passado, as equipes feminina e masculina assinaram um acordo histórico garantindo estruturas de pagamento idênticas para participações em seleções e vitórias em torneios, divisão de receitas e distribuição equitativa do dinheiro da premiação da Copa do Mundo

"É um grande passo para continuar a construir o esporte", disse Megan, que ganhou o prêmio Bola de Ouro de melhor jogadora da Copa do Mundo de 2019 na França. Aos 37 anos, a atleta jogará a sua última Copa do Mundo nesta temporada na Austrália e na Nova Zelândia.

Makiko Ono

Makiko Ono assume, em 24 de março, o cargo de CEO da Suntory Beverages and Food, parte de um conglomerado de bebidas conhecido por produzir os uísques Jim Beam e Maker's Mark. Com um patrimônio de cerca de US$ 10,4 bilhões, a Suntory é a empresa mais valiosa sob liderança feminina no Japão, onde menos de 1% do estrato superior das empresas listadas tem uma mulher como CEO.

Divulgação/Suntory

As mulheres ocupam apenas 8% dos assentos no conselho das empresas públicas japonesas, em comparação com 26% nos Estados Unidos e 45% na França

Embora o Japão ostente a terceira maior economia do mundo, ele ficou em 116º lugar entre 146 países no relatório de disparidade de gênero do Fórum Econômico Mundial de 2022. É um problema que Makiko Ono, de 62 anos, está determinada a resolver internamente na Suntory. A empresa deseja que, até 2030, 30% de seus gerentes sejam mulheres, em comparação com os 13% atuais.

A executiva chegou à Suntory depois de estudar Português na faculdade

Logo, se tornou a primeira funcionária da empresa a trabalhar no exterior, ajudando a organizar a compra de uma vinícola na região francesa de Bordeaux. Ela também foi essencial para a entrada no mercado de refrigerantes europeus na década de 2000, quando a Suntory comprou as marcas britânicas Lucozade e Ribena, e mais tarde, dirigiu a fabricante francesa de refrigerantes Orangina.

Hoje, a Suntory obtém mais da metade de sua receita de vendas em mercados estrangeiros, e Makiko Ono diz que sua experiência no exterior foi fundamental para o desenvolvimento de sua carreira

Mas a questão é: como o Japão pode capacitar as mulheres para alcançar um sucesso semelhante? Já se passou uma década desde que o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe divulgou um plano para aumentar a participação feminina na força de trabalho. Mas os resultados não alcançaram sucesso. A executiva diz que o governo japonês deveria apresentar um "plano de ação concreto", já que a implementação de políticas é muitas vezes deixada para as empresas individuais.

Makiko, que é solteira, admite que provavelmente não teria alcançado seu papel de liderança se tivesse escolhido criar uma família

Mas diz que as mulheres na empresa não precisam mais fazer uma escolha tão rígida. "Agora 100% das nossas funcionárias que deram à luz voltam ao trabalho", disse ela.

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Quinta Brunson

A atriz de 33 anos é produtora, co-autora e estrela da série de comédia Abbott Elementary, que tem atraído elogios do público e até de críticos. Segundo ela, o show é inspirado em seus próprios professores, inclusive, em sua mãe, que foi professora por 40 anos na Filadélfia.

Reprodução/Instagram

Abbott Elementary foi renovada para um terceira temporada e recebeu sete indicações ao Emmy, tendo vencido três delas

A atriz atribui grande parte do sucesso da série e o desenvolvimento de seus personagens à sala de roteiristas, que é composta principalmente por mulheres. Como uma estrela em ascensão em Hollywood, ela espera estar dando um exemplo para as crianças negras em todos os lugares do mundo, mostrando-lhes que elas podem alcançar seus objetivos, não importa de onde venham.

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