Comparações até depressão: como a internet pode afetar a saúde mental

Apesar de aliadas, as redes sociais podem causar mudanças comportamentais nocivas para a vida fora da tela

As redes sociais transformam as relações

Ao passo que as ferramentas são grandes aliadas do dia a dia, o desenvolvimento das plataformas para o consumo de propaganda e o surgimento rápido de influenciadoras mudaram a maneira como o cérebro se comporta, de acordo com o psicólogo Luiz Mafle.

Como essa mudança funciona?

"A estratégia dos algoritmos, likes e engajamentos ativa o mecanismo de recompensa em nosso cérebro. Por conta do impulso constante para checar se recebemos uma mensagem, nos sentimos desconfortáveis e impelidos a olhar a todo instante o celular”, explica Mafle.

O problema está na internet em si?

O psicólogo afirma que o grande papel das redes sociais em informar e conectar pessoas não deve ser esquecido. Mas o especialista aponta que as demandas rapidamente descartáveis da internet e a pressão para agir de determinadas formas podem impactar as existências fora da tela. Veja quais gatilhos da internet afetam o psicológico.

1- Vício nas redes sociais

As redes sociais são desenhadas para impulsionar o efeito da dopamina no corpo. Além disso, se implementa uma necessidade constante de estar conectado e receber interações, por exemplo. “O hábito e a facilidade de acesso ao celular, fazem com que o acionemos com mais frequência”, diz. Uma forma de reduzir danos é estipular horário para uso, desligar notificações e ficar longe do celular: “Se o alcance ficar mais difícil, tendemos a pensar mais se iremos buscá-lo ou não”.

2- Ansiedade e depressão

Seja uma pessoa influenciadora ou não, cada um desenvolve uma persona na internet que não necessariamente condiz com a vida real; sendo que, nas redes, a tendência é de que tudo que é mostrado é 100% feliz e positivo, mesmo quando isso for irreal. “Neste momento, se nega parte da própria personalidade, o que é uma autoagressão”, diz. “Uma reação da nossa mente, nesta hora, são esses sintomas patológicos, que só são superados, quando podemos viver, mais livremente, todas as emoções”.

3- Cyberbullying

O anonimato garantido pela internet, bem como o distanciamento das emoções de pessoas desconhecidas, pode favorecer agressores a usar a internet como uma maneira de disseminar ofensas. “A falta de percepção da reação do outro facilita o cyberbullying e, por conta do volume de mensagens negativas, os efeitos também são potencializados. Esse volume pode ser ainda maior devido ao efeito manada, pois, para se sentir incluído, o ser humano tende a repetir o comportamento de um grupo”, pontua o especialista.

4- Comparação em relação a autoimagem

Apesar de existir uma pluralidade maior de corpos na internet, as redes sociais ainda reforçam os padrões estéticos estabelecidos. Quando essas imagens são consumidas em excesso, o cérebro entende que é uma imagem a ser imitada, o que pode gerar frustrações quanto a aparência. “Um processo de desintoxicação destas imagens ajuda, evitando personagens que apresentam esse padrão de beleza, e vendo mais as pessoas reais ao seu entorno, no trabalho, na escola, nos espaços públicos”, recomenda o psicólogo.

5- Comparação com a vida perfeita

O psicólogo reforça que a internet se torna um espaço que busca propagar apenas pensamentos e sentimentos positivos, mesmo que eles sejam falsos. “Comparamos com as nossas vidas e nos sentimos piores, por não conseguirmos determinados status sociais ou alegria sem fim”, diz. Com a comparação, as pessoas desvalorizam os sentimentos reais ou a própria vida, o que gera ansiedade e sensação de insuficiência.

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