Acusada de tentar matar a mãe foi diagnosticada com TPM severa

Nikki J Owen ateou fogo na casa da família duas vezes; o caso da britânica foi histórico na Inglaterra

Nikki J Owen e a mãe
Foto: Tim Merry
Nikki J Owen e a mãe

Em 1978, a britânica Nikki J Owen foi acusada de tentar matar a mãe ao atear fogo na casa da família. O caso chocou o mundo e em 22 de dezembro do mesmo ano, a jovem usou, com sucesso, seu quadro de tensão pré-menstrual severa como condição de defesa. 


Ao The Mirror, a britânica contou que era uma criança modelo e adorava dançar, ganhando muitos concursos. "Mas quando eu cheguei à puberdade, meu humor escureceu dramaticamente e comecei a me machucar. Usando a navalha do meu pai, cortei meus cílios, sobrancelhas, raspei minha cabeça e cortei meu rosto".

Durante os períodos de ciclo menstrual, a então adolescente ficava mais violenta e certa vez, chegou a perseguir a mãe com uma faca. Por tentar se suicidar algumas vezes, Owen passou por 27 lavagens estomacais. "Meus pais não conseguiam entender o que havia feito sua filha parecer repentinamente violenta e sem autocontrole", disse.


Owen já havia ateado fogo na própria casa outra vez, aos 17 anos, enquanto estava sozinha. Nessa ocasião, vizinhos ligaram para o corpo de bombeiros e conseguiram apagar as chamas. Ela foi levada para a prisão, mas saiu após os pais pagarem a fiança. 


O incêndio e diagnóstico


"Quando eu tinha 18 anos, tentei queimar a casa novamente e desta vez, com minha mãe dentro dela. Acendi a colcha no quarto de hóspedes e me escondi na floresta local. Felizmente, mamãe sentiu o cheiro da fumaça e conseguiu apagar o fogo sozinha. Ela não sofreu nenhum machucado, mas contou que seu coração ficou partido ao ter que me denunciar à polícia", disse.


De volta a mesma prisão, Owen foi acusada de tentar matar a mãe e dessa vez, sem chance de pagar fiança. Ela tentou se suicidar na cadeia e precisou passar por uma cirurgia de emergência. 


Na solitária, a britânica conta que seu pai a visitou e disse que iriam tirar ela de lá. "Na prisão, fui visitada por oito psiquiatras. Fui descrita como 'incuravelmente louca, perigosa para a sociedade e psicopata maníaca'. Eles recomendaram que eu cumprisse prisão perpétua".

Tudo mudou quando os pais de Owen encontraram um psiquiatra que queria saber de onde esses surtos vinham. A mãe da jovem registrava os ciclos menstruais da filha em um diário, e foi ai que o médico conseguiu linkar as mudanças temperamentais com a data das menstruações. "Um ginecologista diagnosticou uma grave falta de progesterona, resultando em síndrome pré-menstrual extrema. Ela me tirou os remédios forte se começou o tratamento com progesterona".


Em três semanas, Owen já se viu diferente e conta que foi como se tivesse sido exorcizada, se sentia normal. O comportamento da jovem melhorou, ela foi tirada da solitária e conseguiu um emprego na prisão. O julgamento finalmente aconteceu e o advogado da jovem usou a TPM como fator atenuante na defesa. A síndrome nunca havia sido usada como defesa e o caso de Nikki J Owen entrou para a história. 


Agora, aos 61 anos, ela criou o projeto The Healing Hub, que ajuda pessoas a lidar com o estresse e a ansiedade. Hoje Owen é hipnoterapeuta e já ajudou mais de 2.500 com seu projeto. "Antes de meu pai morrer, em 2018, ele me disse que usa maior conquista foi me salvar", completou.