Produtora de moda diz ter sofrido racismo em loja do Shopping Iguatemi

A produtora de moda Naiara Albuquerque tentou entrar na loja Lool para escolher peças que seriam usadas pela atriz Taís Araujo na série 'Aruanas', da Globo, mas foi impedida de entrar

Foto: Reprodução/ Google Maps
Shopping Iguatemi, em São Paulo


Naiara Albuquerque iria escolher algumas peças da loja de acessórios de luxo Lool, localizada no Shopping Iguatemi, em São Paulo, para a atriz Taís Araujo usar em 'Aruanas', série da Globo. A produtora de moda, no entanto, diz que foi impedida de entrar no estabelecimento na última quinta-feira (21).

O empréstimo dos acessórios para a produção da série já tinha sido combinado com o marketing da loja. Mas quando Naiara, que é uma mulher negra, chegou ao local para retirá-los, uma vendedora pediu para que ela ficasse do lado de fora da loja. Em um primeiro momento, a profissional pensou se tratar de algum dos protocolos de segurança contra a Covid-19. 

Mas, depois de circular pelo shopping para aguardar o atendimento, ela reparou que quatro clientes, que não eram negras, estavam sendo recebidas pela vendedora dentro da loja. O relato foi feito ao jornal Folha de São Paulo pela advogada de Naiana, Juliana Souza.

"Esse caso extrapola o que a gente está acostumado a ver em episódios de racismo. Se trata de uma discriminação direta. É racismo porque ela não pôde permanecer dentro da loja", disse à coluna de Mônica Bergamo.

Em comunicado publicado nas redes sociais, a marca pede desculpas. "Nunca compactuamos com qualquer ação discriminatória, seja ela racial, de gênero, sexualidade ou classe e seguimos não compactuando”, diz a Lool.

O texto ainda diz que a empresa está repensando as políticas internas de contratação e treinamento de colaboradores. Além disso, a fundadora da marca, Luiza Setúbal, entrou em contato com Naiara Albuquerque.

"Como a gente está tratando de racismo institucional, a marca precisa construir, de fato, uma série de medidas para a revisão dessas práticas racistas", disse a advogada Juliana Souza, afirmando que medidas legais serão tomadas e que a produtora está à disposição para pensar em uma proposta de reparação que sirva também à comunidade negra.

Nota de esclarecimento do Shopping Iguatemi

A assessoria de imprensa do shopping afirma que iniciou um processo de apuração assim que soube do “incidente” e que se desculpou “imediatamente pelo mal-entendido” com a produtora. O texto diz, porém, que o “incidente não caracterizou qualquer ato de racismo por parte de nossa colaboradora, que apenas pediu que a produtora esperasse a conclusão de um atendimento.” Diz, ainda, que a empresa é “contra qualquer tipo de discriminação e se coloca “à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários para demonstrar que não houve preconceito e nem discriminação racial.”