Hematomas e autoconfiança: como foi fazer pole dance pela primeira vez

Nossa repórter como foi experimentar essa atividade física e os efeitos dela no corpo e na autoestima: "vai ter gorda fazendo pole dance, sim!"

As academias nunca foram a minha praia. Esse ambiente que serve para as pessoas ficarem saudáveis acaba sendo hostil com as pessoas gordas, como eu. Durante a adolescencia, a convite de uma amiga, decidi me matricular em uma. Fui apenas um mês, antes de me sentir mal com os olhares e as risadinhas que escutavam.

Eu gosto muito de andar, então esse virou o tipo de exercício que eu gosto de fazer - afinal, ser gorda não é sinônimo de ser sedentária . Contudo, nos últimos meses acabei deixando essa atividade de lado, devido à pandemia. Foi quando uma amiga minha contou que tinha começado a fazer pole dance e que eu deveria tentar também.

Confira meu relato da minha primeira aula de pole dance
Foto: Arquivo pessoal
Confira meu relato da minha primeira aula de pole dance


A princípio, fiquei receosa, desconversei e expliquei pra ela que tinham pessoas que nasciam com coordenação motora e eu não era uma delas. Todas as desculpas eram pra esconder o fato que eu tenho um pouco de vergonha do meu corpo. Eu não me acho feia, mas tenho minhas inseguranças. Mas, ao ver a felicidade de uma das minhas melhores amigas contando sobre as aulas, pensei: por que não? 


A alma do estúdio

As 19h da última quarta-feira, 14, estava esperando minha amiga com um short e um top, na porta do prédio. Segundo ela me aconselhou, quanto menos roupa você usa, mais fácil de fazer os movimentos.

Assim que abri a porta do Blackwater Studio , me senti mais tranquila. Quem comanda o lugar é a Mia Knoche. Nosso primeiro contato foi com ela de ponta cabeça na barra fazendo uma pose que até agora me pergunto como ela consegue.


O lugar é pequeno e aconchegante. As luzinhas azuis são da mesma tonalidade do cabelo da professora e por alguma razão aquilo me acalmou. Além disso, fui recebida por um sorriso acolhedor pelas outras alunas e sabia que ninguém estaria ali pra me julgar.

Tinham alunas magras, gordas, algumas mais experientes, outras que estavam começando. Mia dava atenção para todas. Quando alguma conseguia fazer o movimento perfeito, ela dava pulos de alegria como se tivesse acabado de saber que tinha ganhado na loteria.

Você viu?

Aquecimento antes de ferrar com seu corpo

A primeira parte da aula é totalmente dedicada ao alongamento, que Mia diz ser essencial. “E muito importante alongar o corpo antes de ferrar com ele”, brinca. Eu jurava que aquecer o corpo não ia ser uma tarefa tão complicada e eu nunca me enganei tanto na vida.

Enquanto a professora se mantinha pleníssima, parecendo que acabou de acordar de uma gostosa soneca da tarde, eu, por outro lado, parecia que tinha corrido cinco São Silvestres. Não tinham nem se passado 20 minutos da aula.

Depois do aquecimento, limpei a barra e Mia começou a me explicar como minhas mãos deveriam ficar posicionadas, como eu deveria movimentar. O primeiro movimento foi bem simples, era simplesmente girar. 

Assim que eu fiz o movimento, por mais simples que possa parecer, eu me senti poderosa, senti imbatível, senti que podia escalar a barra até o topo como uma bailarina. Obviamente que eu não consegui, aquela tinha sido minha primeira aula, né?

Foto: Arquivo pessoal
Vai ter gorda fazendo pole dance sim!


Um porto seguro

A aula passou tão rápido que nem percebi. Acho que a descarga de serotonina foi tão grande (isso realmente acontece quando se faz exercícios, eu achei que era uma lenda urbana do pessoal fitness).

Mas, preciso falar bem sério com vocês: doi. Doi muito. Quando a adrenalina acabou, meu braço tremia tanto que eu tive que pedir ajuda pra carregar meu celular. Nos outros dias eu senti partes do meu corpo que eu nem sabiam que existiam, foram dois dias à base de relaxante musculares.

Você que chegou até aqui, deve estar se perguntando se eu vou continuar fazendo. Sim, eu vou, inclusive, enquanto eu termino esse relato, já estou pensando que roupa que eu vou hoje e se tomar um dorflex antes da aula é uma boa ideia.

Acho que o pole dance, não é apenas vai me ajudar, porque é um belo de um exercício e eu estava muito sedentária. Mais que isso, ele vai trazer uma confiança que eu precisava em relação ao meu corpo.


Agora eu entendi quando minha amiga disse que o pole dance era o porto seguro dela. Óbvio que eu não sai de lá dando piruetas, meu corpo ainda tem alguns roxos espalhados pelo corpo, mas não vejo a hora de ir de novo. E super recomendo todas a fazerem o mesmo.