Em 2018, ficou claro que deixar de usar uma roupa por achar que ela não fica adequada no seu corpo é “coisa do passado”. Ao longo do ano, muitas mulheres romperam os padrões de beleza e mostraram que não existem regras para montar um look incrível e que é possível vestir o que quiser (e arrasar!), assim, do jeitinho que você é.
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A pressão estética para seguir os padrões de beleza
e o assédio masculino colaboraram durante anos para que as mulheres deixassem de seguir suas vontades e passassem a se vestir da maneira que é “aceitável” para a sociedade.
Sendo assim, gordas passaram a esconder suas curvas, quem tinha peito pequeno nunca usava decote, celulites eram camufladas com shorts na praia, roupas justas não combinavam com quadris largos e assim por diante.
Mas, felizmente, os tempos mudaram e as mulheres estão cada vez mais cientes de que essas construções não passam de imposições descabidas. A única orientação a ser seguida é de ser feliz com a roupa que você se sentir bem.
Para celebrar o empoderamento feminino
e a autoaceitação, separamos uma lista com quatro momentos que as mulheres provaram que estilo combina com tudo, principalmente com amor próprio. Confira.
1) Esqueça os padrões de beleza: cropped é uma peça para todas!
Uma das combinações mais usadas em 2018 - e que deve se repetir em 2019 - é a dupla cintura alta e cropped. As duas peças estão em alta e já fizeram muito sucesso neste ano em todos os corpos - incluindo os gordos, que, em outros tempos, estavam acostumados a serem “escondidos”.
Infelizmente, algumas pessoas ainda acreditam que é preciso ter um certo padrão corporal para usar o conjunto. Mas o único erro nessa situação é esse pensamento, e a melhor maneira de provar que o julgamento é preconceituoso e inválido é ter, cada vez mais, mulheres com pesos e medidas diferentes usando essa roupa.
A modelo plus size Felicity Hayward, de 29 anos, tem sido uma inspiração nesses casos . Ela mesma já chegou a ouvir na rua que estava "gorda demais" para usar um conjunto de peças pretas composto por uma calça de cintura alta combinada com uma blusa que deixava parte da barriga à mostra. A experiência foi compartilhada nas redes sociais.
"Para a mulher mais velha que estava passando por mim na rua enquanto eu estava usando esse conjunto, que riu e gritou na minha cara 'você está gorda demais para usar essas roupas', você escolheu a garota errada para tentar machucar", escreveu em publicação no Twitter que, mais tarde, também foi postada no Instagram.
"Só porque você não é uma pessoa confiante para ser você mesma sem culpa, não queira descontar suas inseguranças nos outros", diz. Felicity ainda menciona que ficou brava e reclamou alto do comentário na hora, querendo deixar claro como esse tipo de reação negativa ao corpo de outras pessoas é errado e pode afetá-las. “Minha altura, peso e forma não são uma ofensa, é meu direito."
Felicity afirma que todo mundo pode usar a roupa que quiser e acrescentou a hashtag "Amor próprio te torna bonita" na publicação como motivação para as pessoas aceitarem os próprios corpos e ganharem confiança para serem elas mesmas. "Não deixe ninguém destruir sua beleza", ressalta.
2) Tutorial para usar biquíni: tenha um biquíni
Com a chegada do verão, é importante lembrar o que é preciso para usar biquíni: ter um corpo e um biquíni. Qualquer modelo. Qualquer cor. Qualquer tamanho. No último ano, mulheres mostraram que a expressão “ corpo de praia ” deve ser usada para todos os tipos físicos, afinal, o tal “projeto verão”, com barriga e abdômen definidos não está com nada. O que vale é encarar o "projeto vidão".
Com barriga negativa ou saliente, o que importa é, mais uma vez, ser feliz. Claro que o processo de autoaceitação não é fácil. É preciso reconhecer as características de cada uma de nós e entender que algumas delas não são imperfeições, como muita gente afirma. Pode levar algum tempo, mas quem já passou por isso garante: a vida fica muito mais leve e bonita.
Exemplo disso é a modelo canadense Isabella Forget, que quando questionada sobre usar biquíni sendo gorda em um dos comentários nas fotos que compartilha em seu Instagram durante as férias, respondeu da maneira mais natural possível: “É fácil, você coloca um biquíni e não dá a menor bola para o que os outros podem pensar.”
Em apenas dois dias, a também influenciadora digital conseguiu mais de nove mil likes e centenas de comentários. “Eu evito contato visual e finjo que estou sozinha e sou uma rainha em um ilha incrível”, explica ainda Isabella Forget em seu post.
3) Roupa de academia não é só para modelos fitness
Duas lições que aprendemos este ano sobre as roupas de academia em mulheres que não seguem o padrão “fitness” esperado: primeiro que não é porque uma mulher está se exercitando que ela quer, necessariamente, se tornar magra e definida , e segundo que se uma mulher gorda não tiver uma roupa adequada para treinar, ela jamais atingirá o corpo magro - se esse for o seu objetivo.
Ou seja: não faz o menor sentido achar que esse tipo de vestimenta não combina com pessoas que não sejam esbeltas. Mas, mesmo que exista um debate sobre inclusão na indústria da moda e sobre a falta de representação de diferentes corpos, muitas mulheres, incluindo modelos plus size que integram campanhas publicitárias, ainda sofrem com comentários gordofóbicos e pejorativos.
Um exemplo foi o caso envolvendo Callie Thorpe , que posou para fotos de uma marca de artigos esportivos com roupas de ginástica. "Ninguém nunca vai comprar roupas de ginástica de alguém que parece nunca ter se exercitado um dia na vida", foi um dos comentários que ela recebeu quando anunciou que faria a campanha.
"Só porque você come demais não significa que merece ser o rosto de uma marca de produtos esportivos", comenta outro usuário. "Você sabia que apenas pessoas 'fit' merecem estar em campanhas 'fitness'?", escreve um terceiro.
Após ler os comentários, Callie decidiu dar uma lição para os gordofóbicos. "Primeiro, como uma pessoa vai ficar 'fit' se elas não têm roupas para se exercitar? E, em segundo lugar, como você pode falar sobre a força de alguém ou sobre como essa pessoa é 'fitness' pela tela do celular?", questiona.
“Estou cansada de pessoas maltratando, fazendo piada e rindo de pessoas que se parecem comigo. Não ligo se você me julga, pessoa que não quer ver meu corpo em roupas de ginástica. Eu não estou aqui por você, estou aqui por pessoas que se parecem comigo, para mostrar como um corpo como o meu fica em um conjunto de treino. Eu faço isso para que as pessoas se sintam inclusas na conversa de que geralmente são excluídas", desabafa.
Ela ainda manda um recado para os seguidores, afirmando que o que realmente importa é se sentir bem consigo mesmo, independente da aparência ou do peso. "Não deixe ninguém te excluir ou fazer você se sentir como se não pertencesse a aquele lugar só porque não se encaixa nesse estereótipo. Faça o que for melhor para o seu corpo e para a sua vida", finaliza. Quanto poder!
4) Livre, leve, solta e sem sutiã!
Assim como tivemos mulheres mostrando que dá pra usar de tudo, também vimos exemplos de que você pode fazer o que quiser com suas roupas, inclusive não usar, se assim desejar. Usar sutiã é, para muitas mulheres, um " mal necessário ". Mas será mesmo? Quem só usa a peça por conta da vergonha de deixar o volume à mostra deveria repensar a atitude.
Alguns exemplos podem servir de inspiração, como a atriz Bruna Marquezine, que falou abertamente gostar de ficar sem a peça: “ Eu não gosto de usar sutiã, não”, disse em entrevista à Quem quando participava de um evento que apareceu sem a lingerie.
“Usei muito [sutiã] na fase de adolescência, quando você ainda não se aceita, não se sente bem com seu corpo, tem um pouco de vergonha”, recordou a atriz, que faz uma comparação com o corpo masculino, onde o mamilo - a grande polêmica de ficar sem sutiã, por conta da marca que ele faz na roupa - é aceito naturalmente pela sociedade, enquanto nas mulheres é visto como um "tabu". "No Carnaval, se eu estampar o bico, tudo bem, não tem problema. Mulher pode aparecer o volume, mas não pode mostrar o bico, mas bico homem tem igual."
Seja com sutiã ou sem, de biquini, cropped, roupa de academia ou qualquer outra peça de roupa, o importante é se sentir bem consigo e com seu corpo. Para isso, um bom jeito de começar 2019 é repensando os padrões de beleza para compreender que o que é bonito é aquilo que te faz feliz.