As 5 mulheres que nos mostram que a luta contra o machismo ainda não acabou
Casos de assédio, abuso e violência contra a mulher chamam atenção para o debate e mostram que ainda são uma realidade no Brasil e no mundo
Por iG Delas |
O machismo ainda é bastante recorrente na sociedade. E mesmo todos os protestos e campanhas pelos direitos das mulheres e contra as atitudes machistas não mudam o fato de que o problema persiste e afeta milhares de pessoas mundialmente. Casos de assédio, abuso e violência física ou psicológica ainda persistem e, infelizmente, fazem parte da realidade feminina.
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Pensando em todas as situações que aconteceram em 2017 — e não foram poucas —, o Delas separou cinco histórias de mulheres que chamaram atenção ao mostrar que, da mesma forma que o machismo ainda existe, a luta também precisa continuar. Confira:
1. Mutilação genital feminina é tema de campanha impactante e criativa
Em junho, a organização alemã Terre Des Femmes lançou a campanha "Open Your Eyes" para alertar sobre a mutilação genital feminina, um problema que atinge mais de 200 milhões de mulheres em todo mundo. A prática é definida como retirada total ou parcial da parte externa dos órgão sexuais femininos.
De acordo com informações da organização, é tradição em em alguns lugares do mundo que a mutilação seja feita em mulheres desde a infância até a vida adulta. “Hoje em dia, a prática é feita em algumas áreas por equipes com treinamento médico, mas isso não evita os danos físicos e psicológicos a longo prazo."
“A mutilação genital feminina tem menos razões religiosas e mais culturais, sociais e muitas vezes econômicas. As meninas não circuncisadas correm risco de serem excluídas. A circuncisão muitas vezes é um pré-requisito para um casamento do qual a mulher e a família são financeiramente dependentes", afirma a organização. A OMS (Organização Mundial da Saúde) também alertou que os efeitos da circuncisão são semelhantes aos do abuso sexual. Veja história completa aqui.
2. Para alertar sobre assédio nas ruas, jovem compartilha fotos com assediadores
Durante um mês, Noa Jansma tirou fotos ao lado de homens que praticaram algum tipo de assédio com ela na rua, principalmente com comentários indesejados, e compartilhou as imagens em uma conta no Instagram. O objetivo é aletar as pessoas sobre objetificação das mulheres e que esse tipo de atitude não é percebido pelas mulheres como um elogio.
Em entrevista ao “BuzzFeed News”, a jovem holandesa explica que a ideia surgiu após uma conversa sobre assédio com colegas de classe. Enquanto parte da sala, formada por mulheres, entendia exatamente o que uma mulher sofre ao andar nas ruas, os homens não conseguiam acreditar que este tipo de coisa ainda acontecia.
Você viu?
A partir disso, cada vez que um ou mais homens chamavam sua atenção na rua, Noa pegava o celular e tirava uma foto com eles. “Eu achei que eles desconfiariam de mim, que eles entenderiam o meu objetivo de tirar selfies com eles. Então estava receosa. Entretanto, na maior parte do tempo eles estavam com o polegar levantado, estavam felizes porque, honestamente, achavam que estavam me elogiando." Leia sobre o caso aqui.
3. Por conta de foto mostrando pelos na perna, artista sofre até ameaça de estupro
Ao participar de uma campanha de uma marca de produtos esportivos, a artista plástica sueca Arvida Byström sofreu ameaças de estupro. O motivo? Ela deixou a depilação de lado e passou a exibir as pernas e axilas cheias de pelos. No Instagram, a foto recebeu mais de 20 mil comentários, e a maioria das pessoas questionou a higiene da moça por manter os pelos.
“Minha foto ganhou uma série de comentários desagradáveis na última semana. Eu, que sou completamente capaz, branca e cis, com uma única característica inconveniente de ter pelos na perna. Literalmente, eu tenho recebido ameaças de estupro por inbox. Não posso nem imaginar como é não ter todos esses privilégios e tentar existir neste mundo”, desabafou Arvida na legenda da foto. Confira história aqui.
4. Assédio no carnaval: "Hematomas vão sumir, mas nunca vou esquecer", diz vítima
Uma pesquisa do Instituto Avon deste ano, em parceria com o instituto de pesquisa Data Popular, mostra que o preconceito e o machismo impulsionam o assédio sexual. Os resultados indicam que 78% das jovens brasileiras já foram assediadas, receberam cantadas ofensivas, violentas e desrespeitosas ou foram abordadas de maneira agressiva em festas ou em locais públicos.
E, infelizmente, os dados refletem a realidade. No Carnaval, muitos casos de assédio e violência contra a mulher foram denunciados. Entre eles, o da atriz Carolina Froes, que foi abusada e agredida em um bloco de carnaval na cidade de São Paulo. Ela decidiu relatar o ocorrido a fim de encorajar outras mulheres a fazer o mesmo.
Em uma publicação no Facebook, Carolina conta que estava na multidão e um homem a puxou com força e tirou a parte de cima da roupa dela. “Caí. Sem blusa e sem ajuda. Foi quando machuquei meu braço. Levantei ainda mais nervosa, gritando mais alto e preparada pra machucá-lo mais."
Algumas pessoas a seguraram e o homem foi embora rindo. Ela conta que ficou sem forças e não acreditava que as pessoas não fizeram nada. “Meu braço vai desinchar, os hematomas vão sumir. Os arranhões na pele do agressor também. Mas eu nunca vou esquecer”, afirma. Leia relato completo aqui.
5. Brigas entre Marcos e Emilly no "BBB" aquecem debate sobre violência psicológica
Um caso que gerou bastante discussão dentro e fora da internet foi o do casal Emily e Marcos. O relacionamento dos dois ex-participantes da edição 17 do "Big Brother Brasil" levantou a questão da violência psicológica e da agressão contra a mulher depois das diversas brigas televisionadas.
Um dos momentos mais chocante das discussões foi quando Marcos encurralou a moça em um canto da sala e colocou o dedo na cara dela enquanto gritava. Outras cenas também mostraram Marcos imobilizando Emilly enquanto a moça pedia que ele a soltasse e paresse de machucá-la.
No programa, o apresentador Tiago Leifert ressaltou a importância de abordar assunto e afirmou que a produção do “BBB” havia conversado com o casal, se colocando à disposição de Emilly para o caso de ela se sentir ameaçada.
A polícia chegou a ir na casa do reality após a delegada Márcia Noeli, diretora da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá, instaurar um inquérito para investigar suspeitas de agressão. No mesmo dia, Marcos foi expulso do programa e discussões sobre machismo e relacionamento abusivo tomaram conta das redes sociais. Veja o caso e opinião de especialista sobre o tema aqui.