Repórter do Delas participou do desfile de retorno da Mancha Verde ao Grupo Especial do carnaval de São Paulo. A seguir, ela narra a experiência, comenta o lugar da mulher nas torcidas de clubes de futebol e a polêmica com selfie de Viviane Araújo
Pelo nono ano consecutivo, tive o prazer de pisar no sambódromo do Anhembi pela Mancha Verde, minha escola do coração. Sim, sou palmeirense, assídua frequentadora de partidas de futebol e carnavais.

Futebol é coisa de mulher, sim!
Aliás, é bom que se diga: futebol não é coisa de homem. Vou a estádios desde os 9 anos com a minha irmã, Bárbara. Meu pai nos acompanhava e, hoje, tenho inúmeros amigos que fiz nessas ocasiões.

Adeus ao rebaixamento
Ao contrário de 2015 - quando senti a frustração de ver minha escola ser rebaixada para o grupo de acesso - este ano a alegria foi imensa. Como diz um samba enredo da história da escola: “Perseverar. Lutar, não desistir. Resistir”. Já são nove anos na avenida e desfilei tanto no grupo especial quanto no grupo de acesso, e senti rolarem lágrimas de tristeza e felicidade.
Neste ano, escolhi desfilar na ala dos “Amigos da Mancha”, que permite usar apenas um camisão, uma calça branca e um sapato branco para atravessar o sambódromo.

Para meus pais e amigos, que se dividiram entre alas no chão, carros alegóricos e até mesmo a bateria - onde estreei na escola, em 2008 - a opinião é a mesma: foi um dos melhores desfiles da Mancha Verde naquele domingo (7).
Concentração cinco horas antes
Emoções à parte, apesar de carnaval significar festa, para quem opta por desfilar por uma escola de samba, a parte da diversão vem só depois de atravessar a avenida.
Como temos de chegar à quadra da escola mais ou menos cinco horas antes do desfile, os preparativos começam cedo. Ao acordar, a emoção já toma conta. Pelo menos na minha casa é assim: colocamos o samba enredo para tocar mil vezes e choramos ao ouvir todas.
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Gosto de chegar pronta e sempre escolho maquiagem verde, apesar de não ser uma regra. A três horas do desfile, pegamos o ônibus para o sambódromo.
Selfie polêmica de Viviane Araújo
Infelizmente é proibido entrar na avenida usando qualquer coisa que não faça parte da fantasia. Celular, câmera, chapéu, máscara e até mesmo colares, anéis, brincos muito grandes podem fazer com que o jurado desconte pontos no quesito fantasia. Fotos, como as minhas, somente na concentração. Aí, a gente esconde o celular e não pega até o desfile chegar ao fim.

Neste ano, a rainha de bateria, Viviane Araújo, foi flagrada com seu celular no recuo da bateria.
O resultado foi o desconto de um décimo na nota de fantasia (9,9), que apesar de ser um quesito de desempate, não impediu que a escola fosse campeã.

Nota zero no quesito paquera
Aquele momento entre chegar ao sambódromo e pisar na avenida é um misto de sentimentos: nervosismo, distração, tensão. Não tem espaço para paquera, vaidade ou qualquer outra coisa que não esteja dedicado a ajudar a escola de samba a dar o seu melhor.
Por isso, uma dica: se você quer curtir uma azaração no próximo carnaval, desfilar por uma escola de samba não me parece a melhor escolha. Definitivamente, não é um lugar para beijar na boca, paquerar ou beber.
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10 coisas que você precisa saber para desfilar na avenida no carnaval:
1 - Avenida é lugar de concentração e tensão;
2 - Diversão é para depois do desfile;
3 - Se você optou por desfilar, tem que ter a responsabilidade de não exagerar na bebida antes de entrar na avenida;
4 - Selfies são legais, mas elas são liberadas antes e depois do desfile. Durante o desfile, qualquer coisa que não faça parte da fantasia, deverá ser escondido;
5 - Desfile não é lugar para namorar;
6 - Cantar o samba enredo é uma obrigação para quem desfila. Se o jurado vir que um componente não canta, a escola perde ponto;
7 - Dançar também é uma regra. Se você ficar parado e não mostrar empolgação, a escola pode ser penalizada;
8 - Nos desfiles aparecem muitos famosos e é melhor evitar aglomerações em torno deles;
9 - Caso você escolha desfilar nos carros alegóricos, deverá subir com muita antecedência e permanecer lá por muito tempo;
10 - Você deverá comparecer aos ensaios técnicos da escola.

* Beatriz Bradley, 22, é repórter do Delas, apaixonada pelo Palmeiras, pela Mancha Verde, por futebol e carnaval.