Você está mesmo passando tempo com seu filho ou só está perto dele fisicamente?

Passar tempo com seu filho vai muito além de apenas se sentar ao lado dele enquanto ele vê desenho. É sobre isso a coluna de Sarah Eleutério nesta semana aqui no Delas. E aí, mamãe, como está seu tempo com seus filhos?

Quem não queria passar mais tempo com seu filho, ter todo o tempo do mundo para estar mais perto dele? Bem, independentemente do quanto a gente se dedica, sempre é bom poder estar mais presente, né não? Mas uma coisa é importante saber, anota aí, mamãe: uma coisa é estar verdadeiramente com o filho, e outra – bem diferente – é estar ao lado dele apenas fisicamente. Já parou pra pensar nisso?

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Foto: Arquivo pessoal
Como você passa o tempo com seu filho? Que tal aproveitar de fato e deixar o celular e os problemas de lado?

Lembro quando, falando sobre passar tempo com seu filho , uma mãe me disse: “Meu Deus, eu nunca havia pensado assim... Eu não trabalho e passo o dia todo com minha bebê, mas estou sempre estressada fazendo as coisas da casa e, quando estou perto dela, fico no celular... Eu realmente achei que estava com ela o dia inteiro. E, na verdade, não estou nem por um minuto”.

Bingo! Era isso que eu estava fazendo essa mãe entender. Não estava com a filho nem por um minuto, não tinha verdadeiramente tempo com o filho, mas dizia aos quatro ventos – e a ela própria – que estava com a menina 24h por dia.

Mas, vamos lá, uma coisa temos que entender: ter filho hoje em dia não é como no tempo da nossa avó, quando as mães não trabalhavam fora de casa e se dedicavam quase que exclusivamente aos filhos.

A psicóloga Macira Sotero, especializada em terapia familiar, lembra que a pós-modernidade trouxe, junto com as tecnologias de informação e do conhecimento, várias atividades que não faziam parte do nosso repertório cotidiano. “Precisamos aprender línguas, praticar esportes, fazer ginástica, cuidar da nossa imagem estética, nos divertir, manter um relacionamento social com parentes e amigos e, claro, trabalhar”, diz.

Agora ficou difícil, né? Se a gente tem todo o direito – e tem mesmo! - de ter tantas atividades assim e tempo para nós mesmas, quando é que vamos cuidar desses meninos, curtir os filhos ? A resposta é simples, e a gente já falou nisso por aqui: não é quantidade de tempo que conta, e ,sim, a qualidade.

Você viu?

E a gente ainda pode ir além nessa questão de estar ao não com a criança, viu? Até porque podemos passar muito tempo cuidando das necessidades físicas do filho, como banho, troca de fraldas, papinhas... e nada disso significa estar atenta às necessidade emocionais, onde realmente a conexão materna é significativa.

E aí, ficou pensativa? Será que você está com seus filhos no dia a dia ou cuida só das obrigações? Sim, sim, eu sei que a rotina muitas vezes é cansativa. Eu sei mesmo, pode apostar! Isso de fazer bolsa da escola todo dia, separar a roupa do judô, colocar pra lavar o que voltou sujo, conferir a tarefa de casa, preparar o jantarzinho,… ai, a fralda acabou! E tem que comprar remédio porque ele tá tossindo à noite... Vixe, já cansei só de escrever.

E o pior, quando a gente chega em casa, e tem aquele tempinho para brincar no chão com o filho, o cansaço já está no limite. Melhor dar um tablet para a criança, porque ainda tenho um monte de coisa pra fazer em casa... Não é assim?

Então não, você NÃO está com seu filho no dia a dia. Não está tendo tempo com o filho. Ainda mais se, quando você consegue aqueles minutinhos preciosos para ficar coladinha com ele, o celular está junto, aí você dá aquela conferida nas redes sociais ou... “Ah, é a única hora que tenho para responder aos grupos de mensagens”. Sim, mamãe, mas é também a única hora que você separou para seu filho. E não é para tomar banho que ele está chamando sua atenção. É porque ele quer você, a sua atenção.

Para dedicar tempo aos filhos , não tem jeito, tem que deixar outras coisas de lado. “É preciso aprender a priorizar o tempo juntos e qualificar esse tempo com sensibilidade às necessidades físicas e emocionais da criança. Portanto, o essencial não depende só das horas passadas juntos, mas da segurança e confiança estabelecida nesse laço materno, na construção desse vínculo estruturador que lastreará todas as futuras relações dessa criança. No entanto, como em qualquer tarefa, para alcançar qualidade é preciso administrar o tempo, assumir compromisso, e ter dedicação”, explica Macira Sotero.

Aí, quando a gente fala em ser mãe ou pai, a gente está falando em fazer escolhas. Isso mesmo: escolhas! Se você tem coisa demais no seu dia a dia, vai ter que aprender a reorganizar essa rotina para inserir o item “filho” nela. Se existem demandas demais no seu dia a dia atual, a questão crucial é questionar se todas essas atividades são necessárias. É saber diferenciar o essencial do supérfluo. O urgente do fundamental. Se for o caso, questione se você – e, se for o caso, o pais da criança também – pode trabalhar menos enquanto os filhos são pequenos. Dá para os pais revezarem o tempo com os filhos?

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Psicólogos lembram que é importante dar todas as condições emocionais para que a criança possa lidar, lá na frente, com os embates da vida. Viu o poder da sua presença e do tempo com seu filho ? De sentar no chão, de dar carinho, de brincar, de dar atenção? Então, se organize, não se preocupe com a “quantidade de tempo”, mas comece a perceber a qualidade do tempo que estão junto. Sim, e deixa esse celular de lado e vai curtir esse filhote!