Como falar da morte para o seu filho? Psicanalista explica

No meio de uma pandemia, conversar com as crianças é a melhor forma de fazê-las entender a situação

A morte é um assunto difícil, em todas as classes sociais, raças e religiões. No meio de uma pandemia ouvimos muitas vezes por dia a palavra "morte", e se nós ouvimos, as crianças também ouvem. Por esse motivo, e também porque crianças podem ser afetadas pela morte de um ente querido, precisamos saber como abordar esse assunto com as crianças.

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Aprenda a falar da morte com o seu filho
Foto: Pixabay
Aprenda a falar da morte com o seu filho

Mas como lidar com um tema tão complicado, com seres tão frágeis como nossos filhos? Primeiramente não comece a falar sobre esse tema sem um motivo, deve-se falar sobre morte com uma criança, somente se for questionado ou se tiver que contar sobre a morte de alguém próximo a ela.

As crianças estão acostumadas a ver a morte, nos desenhos animados e nos filmes, o problema é que a criança não compreende o que de fato é a morte. Nos desenhos animados , o personagem morre e depois esta vivo de novo, ou então morre e ninguém fala para onde foi ou a dor que causou. Os personagens se machucam mortalmente e em seguida continuam o desenho como se nada houvesse acontecido, e isso é a morte para as crianças, algo que acontece em um momento e logo depois passa.

Você viu?

Uma criança de dois anos não consegue compreender a morte. A compreensão total costuma ocorrer a partir dos seis anos, mas não é por isso que você não pode dizer a ela se precisar ou se ela perguntar.

Não minta, e não use subterfúgios, do tipo, ela está dormindo para sempre, ela foi morar com o papai do céu. As crianças acreditam nos adultos, se você fala para ela que a pessoa que morreu esta dormindo, ela pode ter medo de dormir e não acordar mais, se ela foi morar com o papai do céu, porque ela não pode vir me visitar ou eu ir visita-la?

Diga a verdade, para crianças até os seis anos,não adianta tentar minimizar com palavras e muitos argumentos que a criança não será capaz de compreender. Criança fantasia muito, e após alguns minutos de conversa ela começa a fantasiar coisas em sua cabeça. O ideal é explicar de maneira sucinta o que é a morte, dentro do que você acredita, e deixar a criança assimilar, estando pronto para responder eventuais dúvidas.

Para crianças maiores de seis anos é quase a mesma coisa, porém, nessa idade a criança já consegue compreender o que é a finitude da vida, e as suas consequências, por isso a partir dessa idade quando explicamos a morte podemos discorrer um pouco mais sobre o assunto, sempre falando a verdade em uma linguagem simples e direta.

A criança tem que saber que a morte acontece, e o que ela representa, para que morre e para quem fica. A morte, como todos os outros assuntos que surgem e podem ser de interesse da criança, devem sempre ser tratados com muita honestidade e respeito, perante a criança e suas dúvidas.