Sandy diz que não vive sem maquiagem. Terapeutas comentam

Cantora confirmou em entrevista para Angélica que não posta foto sem filtro e não se reconhece sem pintura

Foto: Reprodução/TV Globo
Sandy diz que não vive sem maquiagem

No Fantástico deste domingo (26), Angélica abriu as portas de sua casa para conversar com grandes mulheres brasileiras e compartilhar histórias inéditas sobre sua vida e carreira, e tratamentos que beleza. No primeiro episódio, a artista falou sobre como foi começar a carreira ainda criança. Sandy, Fernanda Souza e Maisa — três mulheres que também começaram muito cedo no trabalho — participaram da conversa.

Sandy fez uma revelação. "Eu vejo vocês postando foto sem filtro, eu não consigo", relata a cantora. "Eu não me sinto à vontade com que as pessoas me vejam nua e crua. Eu não ando sem maquiagem", completa.

A cantora ressalta que não abre mão da maquiagem: "Eu não me acho bonita, e não me sinto confortável. Acho que é porque eu cresci assim, me vendo maquiada, me vendo arrumada. Pra mim é muito normal, minha cara é aquela. A minha cara é essas que as pessoas veem pronta. Eu estou desacostumada da minha cara normal", diz Sandy.

Falas como a de Sandy sobre sua dificuldade em se expor com o rosto clean e sem filtros levanta questões sérias sobre riscos da pressão estética na sociedade atual. Segundo a psicóloga mineira, especialista em relacionamentos e mentora de mulheres, Juliana Pereira, a exposição constante às imagens com filtro e aos padrões irreais de beleza pode ter impactos significativos na autoimagem e na saúde mental das pessoas, especialmente das mulheres.

“A pressão estética leva pessoas a buscarem um ideal de beleza muitas vezes inatingível. Isso pode se manifestar de várias maneiras, desde a obsessão com a aparência física até à busca incessante por padrões de beleza estereotipados. No caso de Sandy, sua relutância em aparecer sem maquiagem revela como a pressão estética pode moldar a percepção que os indivíduos têm de si mesmos.”

O primeiro risco associado à pressão estética é, segundo a psicóloga, a construção de uma autoimagem distorcida. A constante exposição a imagens retocadas e padronizadas pode levar as pessoas a desenvolverem uma visão deturpada de seus corpos e rostos, alimentando inseguranças e insatisfações e, muitas vezes, resultando em problemas de autoestima e ansiedade.

“Nós estamos perdendo a nossa real identidade. A Sandy, ao dizer que não se reconhece porque está acostumada a se ver pronta, mostra que ela não consegue enxergar sobre si, tanto os defeitos como as qualidades, como sardas, manchinhas, olheiras. Isso adoece, pois quando não me reconheço, é como se eu estivesse sempre em uma crise de identidade , tentando ser algo para o outro.”

Juliana pondera que não há problema algum em querer se arrumar, a partir do momento que isso seja feito para si. Quando é feito por conta de um padrão, torna-se escravidão de uma figura que ela não é.

“Nos vermos sem filtros, sem maquiagem, sem nossas roupas de sair, é o momento em que tiramos nossas máscaras. É o encontro que temos com a gente e se não conseguimos nos aceitar assim, sempre vamos precisar da admiração do outro. Precisamos ficar bem quando olhamos no espelho e vemos rugas, sardas e manchas, pois isso tudo conta uma história. Podemos e devemos melhorar, mas existem coisas que são nossas e fazem parte do processo de envelhecimento. Ela é linda, deve ser ainda mais bela sem maquiagem, mas não consegue se enxergar assim.”

É muito importante, segundo a profissional, que a sociedade esteja ciente dos riscos associados à pressão estética e trabalhe para promover uma cultura que celebre a diversidade e aceite as imperfeições.

“A compreensão de que a beleza vem em diferentes formas e idades é crucial para construir uma sociedade mais saudável e inclusiva, onde as pessoas se sintam confortáveis em sua própria imagem, sem a necessidade de constantes retoques e filtros.

Para o psicólogo Alexander Bez, a necessidade de maquiagem vai além do aspecto externo, sendo intrinsecamente ligada às demandas da exposição pública, influenciando e moldando as personalidades das mulheres envolvidas. No caso de artistas, essa condição se intensifica, tornando a maquiagem indispensável e inseparável na construção de suas vidas.

"É fundamental reconhecer que as estruturas mentais são únicas para cada indivíduo, direcionando as dinâmicas psicológicas de suas vidas cotidianas. No caso específico de uma figura pública como Sandy, afirmar que a busca pela beleza está relacionada a pressões externas ou a uma deficiência de autoestima torna-se impraticável. Sua singularidade artística e a condição inata contribuem para essa abordagem", explica Bez. 

Por outro lado, diz o terapeuta, a psicologia sugere que fazer parte de uma autoestima equilibrada pode envolver cuidados pessoais, como estar sempre arrumada e maquiada. "Para muitas mulheres, isso contribui para uma sensação positiva em relação a si mesmas, alinhada com sua natureza adquirida artisticamente. Criticar a felicidade delas nesse contexto é desnecessário; o que realmente importa é o bem-estar individual".

Ao abordar a "beleza adquirida artisticamente", refere-se à conotação da profissão exercida desde a infância, aos 6 anos, sem distorção de imagem aparente para a pessoa em questão. "Não são evidenciados transtornos relacionados à percepção de imagem, e qualquer desconforto pode ser atribuído à familiaridade desde cedo com essa condição. A sensação de desconforto em relação à própria aparência é considerada normal, não indicando necessariamente algum transtorno psicológico", acredita o psicólogo. 


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