Qualidade do sono é preocupação crescente entre marcas de beleza

Dormir bem melhora a concentração, fortalece a imunidade e auxilia na diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares

Foto: Pexels/Ron Lach
Qualidade do sono é preocupação crescente entre marcas de beleza

Não basta apenas dormir, é importante ter uma noite de sono de qualidade. Além de recarregar as energias, o sono melhora a concentração, fortalece a imunidade e auxilia na perda de peso, regulação do humor e diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares. E é com esse pressuposto que grandes marcas nacionais têm investido em linhas de produtos exclusivos para cuidados noturnos.

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Natura cria 'caneta' para ser usada em pontos de tensão, nos pulsos, colo e nuca

Recentemente, O Boticário lançou a coleção "Cuide-se Bem Boa Noite", com fragrâncias relaxantes para uma noite de sono tranquila. A linha conta com cremes e loções hidratantes, sabonetes, body splash e até aromatizador para a roupa de cama. O segredo da marca está na camomila, erva conhecida por suas propriedades calmantes.

Neste mês, a Natura repetiu o feito. A empresa expandiu seu portfólio com a linha "Tododia Todanoite", que também inclui sabonetes e hidratantes, além de um spray aromatizador de ambientes. A novidade ficou por conta de uma caneta que pode ser aplicada nos pontos de tensão antes de dormir. A fórmula combina as fragrâncias de chá de camomila e lavanda.

Ritual do sono

Quando o estresse e a inquietação tomam conta, temos a impressão de que, mesmo dormindo, nós não conseguimos descansar. Em média, os adultos necessitam de 8 horas de sono por dia, mas esse tempo pode variar de pessoa para pessoa. Alguns indivíduos se sentem bem dormindo por apenas 6 horas, enquanto outros necessitam de 10.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quatro em cada dez (40%) brasileiros têm algum distúrbio do sono. Os mais comuns são insônia e apneia do sono. A quantidade ideal de horas para se passar dormindo também varia conforme a idade. Um recém-nascido, por exemplo, dorme em média 14 a 18 horas por dia. Já na fase adulta, esse tempo fica em torno de 7 a 9 horas.

"Primeiro, a gente tem que entender qual é a nossa quantidade ideal de horas dormidas. Tem pessoas que precisam de 5 horas, outras que precisam de 6 a 7 horas, e tem também quem precise de até 11 horas. Então, a primeira coisa é você saber quantas horas precisa dormir e tentar adaptá-las ao seu dia a dia. Isso a gente pode descobrir dormindo livremente, no final de semana ou nas férias, quando acorda sem despertador", explica Helena Hachul, ginecologista, obstetra e especialista em Saúde da Mulher, Sono e Menopausa.

Cada organismo tem o seu próprio "relógio biológico". É comum ter preferências de horários para realizar atividades. É o chamado "cronotipo". Alguns indivíduos preferem dormir e acordar mais cedo, apresentando melhor desempenho no início do dia. Estas pessoas são chamadas de "matutinas".

Já as "vespertinas" se adaptam melhor dormindo e acordando mais tarde, com melhor desempenho em atividades à tarde ou à noite. Outras, por sua vez, não possuem essa tendência biológica tão marcada, tendo mais facilidade para se adaptar a diferentes horários. São as famosas "intermediárias".

Boa noite de sono

Uma boa noite de sono começa ainda durante o dia, comenta a médica. "Tem que ter horário para acordar, para fazer exercícios, para trabalhar, para descansar… para que a gente possa entrar no ritmo. Algumas coisas também podem atrapalhar o sono: tomar café depois das 16 horas, ter televisão no quarto, fazer refeições pesadas à noite", diz Helena.

Segundo o Instituto do Sono, além de uma quantidade suficiente de horas, também precisamos de fases do sono bem equilibradas. A quarta e mais profunda delas é chamada de "sono REM" e só ocorre pela primeira vez depois de cerca de 90 minutos dormindo, repetindo-se várias vezes ao longo da noite. Acredita-se que essa etapa é fundamental para a manutenção das funções cognitivas, como memória, criatividade e raciocínio lógico.

Em meio a uma rotina estressante de trabalho e às obrigações do dia a dia, tornou-se comum acreditar que dormir é luxo. Mas ficar em débito com o próprio sono pode trazer prejuízos a curto e a longo prazo — como irritabilidade, fadiga, dificuldades de memória e aprendizado e até riscos associados a problemas cardíacos, hipertensão, obesidade e ansiedade, além de acidentes.

O sono agora é preocupação crescente entre as marcas

Não é à toa que os odores vêm ganhando destaque na busca por saúde e bem-estar. O olfato está diretamente ligado ao sistema límbico: parte do cérebro na qual as memórias ficam armazenadas e de onde surgem as emoções. Por isso, certos cheiros são capazes de despertar lembranças e promover sensações como o relaxamento.

Enquanto a aromaterapia têm sido usada há milênios  na medicina alternativa para uso  terapêutico,  a indústria da beleza vem se apropriando  dos "poderes" químicos dos aromas para criar os chamados de "neurocosméticos". 

Além da Natura e O Boticário, a The Body Shop criou o "Kit Sono Reparador Sleep", com hidratante corporal, balm e óleo essencial de lavanda. Esse movimento, no entanto, não é restrito ao universo beauty. No mercado, já é possível comprar chás, velas aromatizadoras e cápsulas de melatonina, substância responsável por regular o ritmo biológico do corpo e que, por isso, ficou conhecida como o "hormônio do sono".

Dicas para dormir melhor

Além dos cosméticos, outras práticas podem ajudar a ter um descanso tranquilo e revigorante. O relatório Cartilha do Sono, publicado pela Associação Brasileira do Sono (ABS), lista algumas delas:

  • Evitar cochilos prolongados durante o dia. As sonecas não devem passar de 30 a 40 minutos após o almoço;
  • Experimentar terapias de relaxamento, como respiração profunda e meditação, antes de dormir;
  • Manter uma rotina regular com horário para dormir e acordar;
  • Manter o quarto escuro e silencioso à noite;
  • Evitar fazer atividades como assistir TV ou mexer no celular na cama;
  • Praticar exercícios físicos regularmente, mas evitá-los próximo à hora de dormir;
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo.

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** Gabrielle Gonçalves é repórter do iG Delas, editoria de Moda e Comportamento do Portal iG. Anteriormente, foi estagiária do Brasil Econômico, editoria de Economia. É jornalista em formação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).