As terríveis espinhas, ou como são chamadas pelos médicos, a acne, são um problema de pele normalmente associado à fase da adolescência. Porém, nos últimos anos, também vem sendo vista em muitas mulheres na fase adulta. Segundo pesquisas divulgadas pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a condição afeta aproximadamente 54% das mulheres brasileiras com mais de 25 anos. Um estudo publicado no BWS Journal demonstra que em 18,4% dos casos, a acne se manifesta pela primeira vez nesse período da fase adulta
Apesar de mexer com a autoestima de muitas mulheres, médicos confirmam que é possível tratar esse problema. "O primeiro passo é justamente entender quais são os fatores que podem contribuir para o aparecimento da acne adulta", explica a médica dermatologista Natália Venturelli, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
A predisposição genética tem sido considerado um fator predisponente importante. "Algumas pessoas são geneticamente mais propensas a desenvolver acne, independentemente de sua rotina de cuidados com a pele ou estilo de vida", comenta a dermatologista.
O papel dos hormônios, principalmente os andrógenos (testosterona, o sulfato de desidroepiandrosterona e a diidrotestosterona) na formação da acne é bem conhecido. A médica explica que esses hormônios estimulam o crescimento das glândulas sebáceas e, por conseguinte, a produção do sebo. "Alterações hormonais, como a menopausa, a puberdade e a gravidez, podem afetar a produção de sebo na pele e, consequentemente, o surgimento de espinhas", pontua Natália. Ela também ressalta o papel dos medicamentos no aparecimento da acne, como o uso de anticoncepcionais que podem influenciar os níveis hormonais e trazer consequências para a pele.
O estresse também é um fator importante para o aparecimento da acne adulta. "Quando o corpo passa por uma situação estressante, libera substâncias inflamatórias que aumentam os níveis de cortisol. Ele, por sua vez, pode estimular a produção da secreção sebácea, que aumenta a oleosidade na pele, podendo levar ao bloqueio dos poros e ao surgimento de espinhas", explica a dermatologista. Além disso, o estresse também pode afetar o sistema imunológico, tornando a pele mais suscetível a infecções e inflamações.
Uma dieta rica em açúcares, laticínios, gorduras saturadas e carboidratos refinados (alto índice glicêmico) pode aumentar a produção de insulina e outros hormônios que estimulam a produção de oleosidade na pele. Isso também pode levar ao bloqueio dos poros e ao surgimento de acne.
Alguns produtos para a pele, como cremes, loções e maquiagens, podem conter ingredientes que obstruem os poros e levam ao surgimento de espinhas. “É importante evitar produtos comedogênicos, que 'entopem' os poros, e a aplicação excessiva de produtos para a pele na área afetada”, indica Natália Venturelli.
Negligenciar a limpeza regular da pele ou usar produtos agressivos pode retirar a oleosidade natural do rosto, levando ao ressecamento, irritação e poros entupidos.
Falta de sono, dormir em travesseiros sujos ou dormir com maquiagem pode contribuir para o desenvolvimento de espinhas, causando inflamação, estresse e acúmulo de oleosidade na pele. Assim como o estresse, a falta de sono também aumenta os níveis de cortisol podendo piorar a acne. "Segundo o estudo ‘Could adult female acne be associated with modern life?', a privação do sono associada ao estilo de vida moderno da mulher e ao estresse tem um impacto no aumento da secreção de hormônios relacionados ao estresse, podendo também ser um fator agravante para a acne", comenta Natália.
Já com relação relação ao tratamento de acne, a médica aponta que cada caso deve ser analisado individualmente por um médico especializado, mas que alguns cuidados podem ser seguidos durante o ano para manter a pele equilibrada: limpeza da pele pelo menos duas vezes ao dia com sabonete específico para cada tipo de pele (seca, oleosa ou mista), proteção solar, uso de medicamentos tópicos indicados por um dermatologista, alimentação saudável, evitar coçar ou espremer cravos e, em alguns casos, com a recomendação e acompanhamento médico, é possível também o uso de antibióticos ou Isotretinoina para casos persistentes ou com quadro inflamatório.