Irmãs comandam loja de lingerie e buscam contemplar a diversidade da mulher

Irmãs querem representar os diferentes tipos de corpos e mostrar que "mulheres reais" também podem usar lingeries trabalhadas e sensuais

Qual a primeira imagem que vem a sua cabeça quando pensa em uma propaganda de lingerie? Provavelmente não é difícil pensar em uma mulher magra, que corresponda ao padrão de beleza estético. Se reconhecer no corpo dessa mulher “perfeita” é algo quase impossível em uma realidade onde o corpo feminino é, na verdade, tão diverso. 

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Michelle e Mariana criaram uma loja multimarcas de lingerie que busca contemplar a diversidade dos corpos femininos
Foto: Naked Fotografia
Michelle e Mariana criaram uma loja multimarcas de lingerie que busca contemplar a diversidade dos corpos femininos

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em 2013 mostra que mais da metade das brasileiras não acreditam que as propagandas mostrem a mulher da vida real. De lá pra cá se passaram quatro anos e o debate sobre a representatividade é cada vez mais forte e presente. Na tentativa de contribuir para a mudança desse cenário, as irmãs e sócias Michelle e Mariana Moll criaram a loja multimarcas de lingerie sensual "Quase Naked Fotografia" para mulheres reais.

Em entrevista ao Delas, Michelle conta que o desejo de criar uma loja de peças íntimas que abrangesse a diversidade do corpo feminino surgiu há alguns meses paralelo ao trabalho que ela e a irmã desenvolvem no projeto de ensaio sensual “Naked Fotografia”, onde fotografam mulheres com o objetivo de contribuir para elevar a autoestima delas.

Para compor a produção do ensaio sensual, as modelos costumam usar peças com detalhes como rendas e transparência, que deixam os modelos com menos cara de “dia a dia” e dão um toque especial às fotos. Geralmente, as peças são escolhidas por Michelle, fotógrafa, e Mariana, produtora, pensando na personalidade daquela mulher e qual o objetivo dela com as fotos.

Nesse processo de produção do fotográfico, elas começaram a sentir dificuldade de encontrar peças que fossem sensuais ao mesmo tempo em que contemplassem essa diversidade dos corpos. Michelle conta, por exemplo, que é uma tarefa quase impossível encontrar roupas íntimas para mulheres gordas que fujam dos cortes e cores clássicas, como o bege.

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A loja

As clientes e modelos começaram a gostar da curadoria de marcas e modelos feitas por Michelle e Mariana e passaram a mostrar interesse em comprar as peças que utilizavam durante o ensaio sensual.  Michelle conta que muitas mulheresm saíam do ensaio querendo levar a lingerie para casa. Foi aí que surgiu a ideia de criar uma loja especializada. “Acabamos unindo o útil ao agradável e criamos a loja”, diz Michelle. As irmãs passaram, então, a pensar em formas de oferecer lingeries que pudessem servir para todos os tipos de corpos femininos.

Foto: Naked Fotografia
A ideia da loja surgiu a partir da curadoria de lingeries que elas faziam para as modelos do projeto 'Naked Fotografia'


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A ideia foi sendo colocada em prática aos poucos. Elas contam que antes de surgir a loja oficial, ficaram cerca de cinco meses fazendo as vendas de maneira informal com as mulheres que procuraram o "Naked Fotografia" para um ensaio sensual. Com o sucesso, decidiram formalizar a venda e passaram a oferecer as peças no site oficial do projeto. Lá, as clientes encontram modelos de diferentes marcas e estilistas. "Como estamos nessa área do ensaio sensual, buscamos peças que seguem uma linha mais sensual e trabalhada", diz Michelle. 

Surgiu, então, a "Quase Naked Lingerie", uma brincadeira com o nome do projeto fotográfico, onde Mariana e Michelle apresentam diferentes modelos de calcinha, sutiã e body vistos em diferentes corpos. Existem desde de peças mais simples de veludo até modelos mais trabalhos que podem servir para compor um look mais ousado para sair à noite, por exemplo. As irmãs comentam que essa pluralidade de modelos, cores e detalhes é algo que atrai as clientes.

Além de divulgar a loja para as clientes, as irmãs criaram contas nas redes sociais dedicadas à loja,  onde mulheres que acompanham o trabalho de Michelle e Mariana, mas não fizeram um ensaio sensual, também se interessam pelas peças. “Criamos uma relação de confiança porque elas sabem que fotografamos mulheres comuns”, comenta Michelle sobre a relação que o trabalho que desenvolvem e a venda dos produtos. 

Foto: Naked Fotografia
Para garantir a representatividade, as irmãs escolhem modelos com diferentes tipos de corpos e usam programas de edição com cuidado

Ela explica que conceito por trás do "Naked Fotografia", que é o empoderamento e aumento da autoestima dessas mulheres também está presente nas loja de roupas íntimas. Sabendo da importância das lingeries na vida das mulheres, a ideia é que as elas se sintam confortáveis e bonitas em peças que fogem do básico, o que elas consideram difícil de encontrar no mercado comum.

"Quando vemos uma modelo com zero de gordura usando uma lingerie, achamos que aquela peça não vai ficar boa na gente e nos sentimos intimidadas", comenta Michelle. É exatamente esse sentimento de frustração que elas buscam acabar. Para isso, além das peças variadas, toda a produção e a forma como os produtos são expostos na "Quase Naked Fotografia" são pontos importantes. 

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Mulheres reais e representatividade

Michelle e Mariana contam que tiveram a preocupação de buscar modelos com diferentes corpos para vestir os produtos. “É importante ter representatividade na parte comercial para sermos sinceras com quem está consumindo”, diz. Além de mulheres reais para serem as modelos, o cuidado se estende para o momento de pós-produção das fotos, onde se atentam para o uso de programas de edição com cautela, atentando-se para não modificar os corpos ou esconder “imperfeições”.

Com esse cuidado e preocupação, as irmãs esperam que mais mulheres sintam-se representadas e confortáveis para buscar roupas íntimas que sirvam em seus corpos sem deixarem de ser sensual. 

Além de contribuir para aumentar a diversidade, Michelle e Mariana comentam que a ideia da loja de lingerie com mulheres reais também é fomentar o mercado e mostrar que essa questão realmente importa. “Queremos mostrar que pode”, finaliza a fotógrafa sobre diferentes corpos usando lingeries sensuais.