Aulas de automaquiagem a mulheres cegas e com baixa visão em São Paulo
Curso de automaquiagem valoriza a beleza e melhora a autoestima das participantes que são cegas ou com baixa visão
Maquiagens, espelhos e pincéis na mesa mostram que a sala está pronta para mais uma aula de automaquiagem. As alunas chegam, sentam cada uma em seu lugar e se preparam para os ensinamentos da professora, a maquiadora e consultora de imagem do Jacques Janine, Chloé Gaya.
O que tem de diferente? O curso de automaquiagem
, criado pela rede em parceria com a Laramara – Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual, tem como principal objetivo valorizar a beleza e melhorar a autoestima das participantes que são cegas ou têm baixa visão
. No caso da baixa visão, são usados espelhos de aumento no processo, e para aquelas com cegueira, profissionais do Jacques Janine - que acompanham a maquiadora nas aulas - orientam as alunas durante cada passo.
Segundo Lilia Giacomini, pedagoga que realiza atendimentos de atividades de vida autônoma na Laramara, a oficina de automaquiagem é uma experiência nova para a associação.
“Estamos iniciando um projeto que é um complemento de outras ações oferecidas pela instituição no universo das atividades de vida autônoma, para que a pessoa com deficiência visual aprenda a se cuidar melhor e conheça sua própria identidade. E, quando pensamos em valorizar a beleza , respeitando as características de cada um, também percebemos um avanço nas relações pessoais, contribuindo para inclusão social”, destaca.
As seis aulas do curso incluem teoria e prática e significam uma oportunidade enriquecedora de autoconhecimento. Entre os assuntos abordados estão desde a rotina de cuidados de preparação da pele, as funções dos produtos e texturas e até os truques de como fazer um delineado.
Tudo foi adaptado para experiência tátil e de acordo com a individualidade de cada aluna. Elas escolhem o melhor método para o uso e a aplicação da maquiagem .
“A maquiagem faz parte de nossa imagem pessoal e ela é muito importante, pois influencia na maneira como nos sentimos diante do mundo. Quando nos sentimos mais bonitas, elevamos nossa autoestima e ficamos ainda mais felizes. Foram meses de muito estudo e pesquisa para chegar nas aulas apresentadas. O resultado é muito gratificante e a troca é muito grande. A cada aula eu aprendo tanto quanto elas”, comenta Chloé.
"Fiquei muito surpresa com as aulas, achava que seria algo simples. Acho muito importante a gente se sentir bem, somos iguais a todo mundo. A única coisa que não conseguimos é enxergar. O resto é tudo a mesma coisa", diz a aluna Deborah Perossi, de 56 anos.
Deborah é cega e trabalha como massoterapeuta há alguns anos. Supreendida com a positividade das aulas, ela comenta o quanto isso faz diferença para a autoestima das mulheres com deficiência visual.
"Uma vez, fui à um casamento e outra pessoa me maquiou para a ocasião. Passaram um lápis nos meus olhos e todo mundo me elogiou, falando que ficava bem e que destacava os meus olhos. Tudo que elogiam a gente quer, né? E hoje eu sei como fazer, fico muito feliz com isso", diz a aluna mostrando que aprendeu como se faz, segurando o lápis e passando com perfeição nos olhos.
As aulas aconteceram no Instituto Laramara, em São Paulo, e o c urso de automaquiagem terá uma nova turma no início de agosto, ministrada novamente pelos profissionais do Jacques Janine. O projeto conta com o apoio da Vult Cosméticos, que doou os itens de make para a oficina.
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