Uma discussão inusitada movimentou um grupo do Facebook após uma usuária pedir ajuda urgente para sua amiga, que estava prestes a enfrentar uma "crise". Conforme relatado no post, ela poderia "ficar perigosa" caso o problema não fosse resolvido: o vibrador dela havia quebrado.
"O vibrador dela parou de funcionar. Já trocou as pilhas, mas nada. Estou falando sério. Alguém sabe onde CONSERTAM isso? Ela é muito apegada", escreveu a usuária, evidenciando o desespero da situação.
A publicação rapidamente gerou uma enxurrada de comentários. Muitos relataram já terem passado pelo mesmo problema, recomendando que ela comprasse um novo brinquedo, pois o antigo "não aguentou a pressão e foi a óbito". Contudo, uma sugestão chamou a atenção: "Leve seu vibrador para o hospital de vibradores."
"Percebi que o mecanismo era o mesmo de um brinquedo infantil"
Bartolomeu Queiroz de Alencar fundou, em 1983, o que inicialmente era um hospital de bonecas, focado exclusivamente em consertar brinquedos infantis. "Eu trabalhava com a Brinquedos Estrela, restaurando bonecas e brinquedos importados", conta Bartolomeu, em entrevista ao iG Delas.
A mudança veio em 2000, quando um casal apareceu na loja, em Osasco, perguntando se ele consertava "qualquer tipo de brinquedo". Imaginando que se tratasse de algo comum, ele respondeu que sim. "Para minha surpresa, era um vibrador. Quando abri, percebi que o mecanismo era o mesmo de um brinquedo infantil", relembra.
Percebendo ali uma oportunidade, Bartolomeu começou a oferecer seus serviços para sex shops em São Paulo, ampliando seu nicho. "Se antes eu consertava bonecas e carrinhos, agora também sou referência para quem tem um vibrador quebrado", afirma com orgulho. "Ninguém no mundo conserta vibradores, sou o único", acredita ele.
Os preços variam de R$ 40 a R$ 120, dependendo do modelo e do estado do dildo , mas podem ultrapassar esse valor caso o reparo seja mais complexo, já que a política de Bartolomeu é cobrar 30% do valor do produto.
"Os clientes acabam levando o vibrador para o chuveiro ou banheira, o que é fatal"
No início, Bartolomeu relata que os clientes sentiam vergonha de levar seus "meninos" — como ele carinhosamente apelidou os vibradores — até o hospital de bonecas. Muitos marcavam horários específicos para entregar os brinquedos eróticos sem serem vistos.
Hoje, o clima é mais descontraído. Os clientes vão até a loja sem cerimônia, e muitos fazem questão de lembrar Bartolomeu para tratar seus vibradores com carinho. O comerciante afirma que, atualmente, recebe em média 20 produtos eróticos por semana, com prazo de conserto de até três dias.
Segundo Bartolomeu, a maioria dos problemas ocorre por falta de manutenção adequada, principalmente no quesito limpeza. "Muitas vezes o problema está na bateria interna, que tem uma vida útil limitada, ou porque os clientes acabam levando o vibrador para o chuveiro ou banheira, o que é fatal", explica.
Em sua longa trajetória, Bartolomeu já consertou os mais variados tipos de vibradores: com câmera, bluetooth, e até um modelo que gemia. "Ainda não entendi por que alguém colocou uma câmera na ponta, mas, ultimamente, o vibrador só falta falar", brinca.