Segundo um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, por meio do CRESEX (Centro de Referência e Especialização em Sexologia), do Hospital Pérola Byington, 48,5% das mulheres procuram auxílio médico por falta ou diminuição do desejo sexual, decorrentes de disfunções sexuais.
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Além de falta de libido, 23% sofrem de ausência de orgasmo (anorgasmia), sendo mais comum na menopausa, acometendo de 10% a 33% das mulheres. Cerca de 18,2% das pacientes avaliadas apresentavam dificuldade de chegar ao orgasmo, 9,2% tinham dispareunia (dor intensa durante a relação sexual) e 6,9%, inadequação sexual (níveis diferentes de desejo em relação ao parceiro).
Anorgasmia é uma das disfunções sexuais mais comuns. Anorgasmia, ou transtorno do orgasmo feminino, pode ser definido como uma inibição recorrente ou persistente do orgasmo, que é manifestada por sua ausência ou retardo, após uma fase de excitação sexual adequada em termos de intensidade e duração. É considerada uma das disfunções sexuais mais comuns, junto com a falta de desejo sexual.
“O distúrbio, também chamado de síndrome de Coughlan, se caracteriza pela dificuldade (ou ausência total) recorrente ou persistente de chegar ao orgasmo durante uma relação sexual ou masturbação”, afirma Claudia Petry, pedagoga com especialização em Sexologia Clínica, membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana) e especialista em Educação para a Sexualidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/SC).
Segundo a sexóloga, as causas da anorgasmia são orgânicas/fisiológicas, socio e psicossociais: desordens psicológicas em geral; tabus atribuídos ao sexo; baixa autoestima; desconhecimento do próprio corpo; educação inadequada sobre sexo, gerando culpa ou pensamentos desviantes durante a relação; inibição do corpo ou das preferências sexuais.
As causas físicas podem envolver alterações neurológicas, lesões medulares, desequilíbrio hormonal, uso de medicamentos, desequilíbrios da musculatura íntima, entre outras. “Além disso, traumas relacionados ao sexo, como abuso sexual ou relações dolorosas, podem desencadear a anorgasmia”, reforça Claudia Petry.
Como saber se tenho anorgasmia e qual o tipo?
A anorgasmia é dividida em vários grupos, sendo estes os mais comuns:
Anorgasmia primária
Ocorre quando a mulher nunca teve um orgasmo, seja por meio da relação sexual como pela masturbação. As causas são: traumas relacionados a abusos ou estupro; inexperiência sexual; falta de conhecimento sobre sexualidade; questões socioculturais; falta de intimidade com o(a) parceiro(a) ou problemas no relacionamento; patologias como o transtorno da dor gênito-pélvica, que causa dores na relação sexual; e falta de autoestima e autoconhecimento.
“Mulheres que sequer conhecem a sensação do orgasmo é mais comum do que se imagina, já que estes fatores travam o relaxamento mental, tão necessário para atingir o clímax, pontua a sexóloga.
Anorgasmia secundária
Acontece quando a mulher já experimentou o orgasmo em períodos anteriores, mas, por motivos diversos, deixou de tê-lo de forma sistemática. Sendo assim, este tipo de anorgasmia pode ser definido como a perda da capacidade de ter orgasmos.
Há uma série de causas que podem estar relacionadas com este quadro, como depressão, transtorno de ansiedade, alcoolismo, uso de drogas, alterações hormonais (como a diminuição do estrogênio na menopausa) e lesões pélvicas. “Assim como na anorgasmia primária, a secundária também pode ter relação com traumas sexuais”, complementa Claudia Petry.
Anorgasmia situacional
Neste caso, a mulher não consegue atingir o orgasmo com algumas pessoas ou em determinados momentos, como situações de risco. “Para alguns, transar no banheiro do avião, por exemplo, pode ser altamente excitante. No entanto, para a mulher com este distúrbio, a preocupação acaba bloqueando o prazer“.
Isso ocorre devido a dores causadas pela tensão muscular pélvica, pela baixa hormonal que prejudica a lubrificação ou até mesmo por algum desconforto associado ao(a) parceiro(a).
Quais os tratamentos
Segundo a sexóloga, para fechar o diagnóstico de anorgasmia, é preciso que o quadro tenha duração de cerca de 6 meses, com frequência e intensidade orgástica baixa ou ausente e/ou orgasmo tardio, com sensação de prazer também reduzida ou ausente.
O primeiro passo é procurar um médico e realizar exames para identificar possíveis causas orgânicas. Se estas forem descartadas, deve-se buscar ajuda especializada de sexólogos/terapeutas sexuais.
De acordo com Claudia Petry, o tratamento para anorgasmia propõe a reformulação de conceitos sobre o sexo, a comunicação assertiva entre um casal e, principalmente, o autoconhecimento, a descoberta do próprio corpo, os estímulos ainda desconhecidos e as origens dos desconfortos.
Também vale apostar na fisioterapia pélvica, estimulando a musculatura do assoalho pélvico que, a longo prazo, fortalece os músculos e a sensibilidade da região genital.
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“Quando o sexo representa dor, dificuldade, medo, estresse e insatisfação, deixa de ter o seu propósito, que é o prazer, o bem-estar para mente e corpo. Daí a importância de buscar ajuda e trabalhar o autoconhecimento, explorar seu corpo, seus desejos e, principalmente, eliminar as barreiras que te impedem de ter uma vida sexual saudável”, finaliza Claudia Petry.