O que você precisa saber sobre o DIU?

Segundo o Ministério da Saúde, somente 1,9% das mulheres em idade fértil escolhem colocar o DIU

Foto: Unsplash/rhsupplies
O DIU geralmente tem o formato de 'T', com 36 mm de comprimento

Popularmente conhecido como DIU, o dispositivo intrauterino é um método contraceptivo com uma taxa de eficácia de 99,7%, se assemelhando a porcentagem de proteção da cirurgia de laqueadura. Contudo, embora tenha um alto nível de segurança e seja implantado gratuitamente pelo SUS, de acordo com o Ministério da Saúde, apenas 1,9% das pessoas com útero, em idade fértil, escolherem usar o DIU como método contraceptivo. 

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Além disso, muitos mitos, como o de crianças nascendo com o dispositivo intrauterino nas mãos, recheiam o imaginário popular. Entretanto, o contraceptivo conseguiu receber um pouco de destaque, devido à atriz de 18 anos, Mel Maia, ter feito o procedimento, após receber uma previsão, de uma sensitiva, de que ficará grávida no próximo ano. 


Visando esclarecer as principais dúvidas sobre o DIU, os ginecologistas e obstetras, Renato de Oliveira e Erica Mantelli, respondem os questionamentos mais frequentes sobre o dispositivo intrauterino: 

 Como o DIU funciona e é implantado?

O médico Renato de Oliveira explica que existe dois tipos de DIU, o hormonal e o de cobre ou prata, sendo o segundo tipo o oferecido gratuitamente pelo SUS. Essas duas variações do contraceptivo vão agir de formas diferentes no corpo da mulher. Ele também ressalta, que o dispositivo intrauterino não é abortivo. 

“No caso do DIU não hormonal, ele diminui a espessura do endométrio, que é a parte de dentro do útero, tornando ele não receptivo e atrapalhando a implantação de um possível  embrião. Enquanto o DIU não hormonal, através de um processo inflamatório interno, torna o útero um ambiente hostil para implantação do embrião no endométrio. Em todos os casos, nós não estamos falando de métodos abortíferos. Nós estamos falando de evitar a implantação. Então não nem se chega a engravidar”, diz o especialista. 

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Por sua vez, Erica Mantelli esclarece que o procedimento de colocar o DIU é algo simples e rápido, podendo aplicar anestesia, caso a paciente tenha necessidade. Atualmente, por recomendação do Ministério da Saúde, o DIU deve ser colocado apenas por médicos capacitados e não por enfermeiros. 

“O dispositivo intrauterino é implantado pelo ginecologista em um procedimento simples, através da inserção pelo colo do útero. Esse processo pode ser realizado em um ambulatório, que é dentro do próprio consultório e na grande maioria das vezes tem a necessidade de anestesia”, afirma a profissional. 

Existem efeitos negativos do DIU? Ou casos em que ele não é indicado?

Segundo a Mantelli, as contra indicações para evitar o uso do contraceptivo são para casos muito específicos, como o de pessoas que ainda não tiveram relação sexual com penetração vaginal, ou se a paciente tiver alguma doença inflamatória pélvica. 

“As principais contraindicações para colocar o DIU é se houver alguma alteração da anatomia do útero. Como se a paciente tiver alguma doença inflamatória pélvica, sendo algumas delas: câncer do colo do útero, gestação e sangramento uterino anormal ainda não identificado. Ou no caso de mulheres com câncer de mama, em que também não é recomendado o DIU hormonal”, fala a obstetra. 

Tendo em vista que as contra indicações são exceções, Renato aponta alguns dos riscos e efeitos colaterais que o DIU pode causar. O médico afirma que o desconforto que algumas pessoas possam sentir, com o contraceptivo, está muito mais ligado com uma implementação errada dele, do que de fato com a performance do dispositivo intrauterino. 

“Os efeitos negativos do DIU estão principalmente relacionados quando ele não está bem posicionado, aumentando a dor ou sangramento. Existe o risco ainda de perfuração do útero e ele acabar sendo deslocado para dentro da cavidade abdominal, precisando de um procedimento cirúrgico para sua remoção. Algo raro. E o efeito negativo do DIU mais comum é o aumento do sangramento uterino, geralmente um dia, então quem menstrua quatro dias passa a menstruar cinco e para algumas pacientes pode aumentar as cólicas no período menstrual, principalmente nos não hormonais”, esclarece Oliveira. 

Quais são os mitos mais frequentes sobre o método? E a partir de qual idade o DIU pode ser usado?

Para a obstetra Erica, existem três principais mentiras criadas sobre o DIU, sendo elas que o método causa aborto, infertilidade e que pode atrapalhar durante as relações sexuais. Sobre o primeiro mito, ele já é esclarecido no início da matéria, pelo ginecologista Renato de Oliveira, que explica que o DIU não interrompe a gestação, mas sim, a evita. 

“Além da ideia de que o dispositivo intrauterino é abortivo, outro mito frequente é de que o DIU causa infertilidade, o que não é verdade. Assim que o contraceptivo é retirado, a fertilidade é restabelecida. As pessoas também acreditam que o DIU atrapalha a relação sexual, o que não é verdade”, responde a especialista. 

Agora, sobre a restrição de idade, o obstetra Oliveira informa que não existe idade certa para colocar o DIU, sendo ele indicado desde a iniciação da vida sexual. No entanto, o profissional  alerta sobre o cuidado com a idade que essa atividade sexual será iniciada. 

É importante frisar que, de acordo com a legislação brasileira, menores de 14 anos não possuem consentimento sexual. Por isso, relações sexuais com menores dessa faixa etária é entendido como abuso de incapaz. 

“O DIU pode ser utilizado em qualquer idade, porém o bom senso na questão do início da relação sexual é sempre um norteador para colocar o DIU. Outra questão que é importante também saber é a taxa de expulsão do DIU. Para quem nunca engravidou a chance de expulsão é uma, a cada dez mulheres. Para quem já engravidou é uma, a cada trinta mulheres. Então o fato de nunca ter engravidado não é uma contraindicação para o DIU, mas é algo que tem que ser ressaltado como fator de risco e fácil adaptação”, conclui o ginecologista.