Dia dos namorados: três histórias de amor para aquecer o coração

Três histórias de amor reais para inspirar e lembrar que esse dia é mais do que sobre dar ou ganhar presentes

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Casais contam suas histórias de amor


A maioria das pessoas gosta de uma boa história de amor , seja nos filmes , na  música  ou romances da literatura. Cada casal tem sua história, única e especial. Embora a pandemia tenha afastado as pessoas, o amor continua acontecendo, mesmo nos tempos do corona .

Neste Dia dos Namorados, o iG Delas conta três histórias para aquecer o coração nestes tempos difíceis. São histórias de gente real, que se encontrou e quis ficar junto, apesar das diferenças e adversidades. Elas ajudam a nos lembrar que esta data não é sobre consumo, mas sobre o amor - que sempre acaba dando um jeito de nos encontrar.


Uma espera de 10 anos

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Eric e Vanessa levaram 10 anos para ficar juntos

Apesar de estarem juntos há cinco anos, a taróloga Vanessa Illa e o barman Eric Corazza se conheceu em uma manhã de domingo, em 2005, quando ela esperava o ônibus para ir trabalhar. Vanessa era funcionária em uma loja no centro de São Paulo e naquele dia ela foi escalada para trabalhar. Enquanto esperava o seu ônibus, viu Eric chegar de longe, virando a esquina em direção ao ponto.

“Todo rockeiro, cabeludo. Eu pensei: ‘Nossa, quem é você?’ Mas também imaginei que ele devia estar saindo da casa da namorada dele, pois eu conhecia todo mundo no bairro e nunca tinha visto ele lá.” Eles pegaram o mesmo ônibus e foram trocando olhares até que ele desceu e Vanessa seguiu viagem.

Dois anos depois (2007), Vanessa repetiu de ano no Ensino Médio e trocou de escola. No novo colégio e com novos amigos, ela foi até uma praça onde tinham pessoas andando de skate e Eric estava lá de novo. Ela lembra que o reconheceu na hora.

“Ele era amigo de pessoas que eu conhecia. Um dia calhou da gente pegar o mesmo ônibus de novo e dessa vez nós descemos no mesmo ponto. Ele foi para um lado, eu para outro, mas ficou uma sensação de que tinha algo. Um tempo depois a gente acabou se conhecendo mesmo. Sempre com segundas intenções, mas nunca aconteceu nada de fato”, lembra.

Até que um dia, enquanto Vanessa estava trabalhando, chega uma mensagem de texto de um número desconhecido perguntando: “E aí, o que você vai fazer na sexta-feira 13?”. Ela ficou curiosa e ligou perguntando quem era.Era Eric, que já aproveitou a ligação e a chamou para acampar com ele e mais um amigo em Paranapiacaba.

Eles chegaram à noite na cidade e precisaram caminhar em uma trilha de 12 quilômetros para chegar até o camping - e deram com a cara na porta. O camping estava fechado, mas a caseira falou que eles podiam dormir em um quarto com beliches que tinha no lugar. “A gente estava lá, cada um na sua cama e em determinado momento, eu fui convidada a sentar na cama do lado do Erick, e a gente acabou dormindo  de conchinha. Não ficamos e não aconteceu mais nada, mas a gente passou uma noite de conchinha”.

Só no dia seguinte - a tal sexta-feira 13 com Lua cheia -, no Festival de Inverno de Paranapiacaba que os dois voltaram sozinhos e ficaram pela primeira vez. O namoro não engatou na volta para São Paulo.  Eric ainda ficava com outras meninas, então ele e Vanessa só ficavam algumas vezes. Até que ela iniciou um relacionamento com um amigo dele e Eric seguiu seu caminho.

Vanessa e o amigo de Eric se separaram, mas os dois já tinham perdido o contato. Ela se casou com outra pessoa depois de um tempo e teve uma filha. Eric também se casou e teve um filho - as duas crianças nasceram no mesmo ano, mas com meses de diferença. “De vez em quando a gente trocava uns e-mails com fotos dos filhos, mas nada muito profundo”, recorda.

Eric se separou primeiro e Vanessa depois, cada qual com seus motivos. Até que finalmente eles voltaram a ficar juntos. “Já haviam passado dez anos até a gente ficar juntos de verdade. Eu resisti, mas no fim acabei cedendo. Pensei: Vamos testar. Das duas uma, ou a gente vai se dar muito ou nos separamos e nunca mais olhamos um para o outro”, diz.

Eles estão juntos há cinco anos e saíram de São Paulo para Pirinópolis (GO), com sonhos de construir uma vida em família juntos, com os filhos que eles tiveram de seus relacionamentos anteriores. “Eu acho que nossa história é muito especial. Eu olhei para ele, foi amor à primeira vista. Depois a mensagem de texto misteriosa com planos para sexta-feira 13. Agora estamos aqui construindo o nosso cantinho com os nossos filhos. De longe é o melhor relacionamento que eu já tive.”

Simpatia para Santo Antônio

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Kátia, Cláudio e a filha Maria Fernanda

A psicóloga e pedagoga Kátia Vieira (46) e o professor de educação física e capoeirista Cláudio Souza Romeu (47) se conheceram em um forró, em 2001. Ela tinha acabado de conhecer e se encantar pelo forró universitário. Na época, a psicóloga estava enrolada com dois ficantes.

“Um estava me cozinhando há anos e não assumia o namoro nem posição nenhuma. O outro, meio correndo em paralelo, era o meu professor de ginástica da academia, que eu estava paquerando”, conta.

Em uma quarta-feira, Kátia convidou o professor da academia para ir ao forró, só que ele desmarcou em cima da hora, dizendo que tinha jogo do Palmeiras e que ele não podia perder. “Eu me um lixo, me senti largada trocada, né? Por um jogo de futebolI E aí eu não quis saber. Eu peguei uma amiga minha, falei:  "Eu vou sair, eu vou pro forró de qualquer maneira”, recorda a pedagoga.

Foi nesse forró que Kátia e Cláudio se conheceram. Dançaram, ele tentou ficar com ela, mas ela não quis porque ainda estava com a cabeça fervendo pela situação do jogo do Palmeiras, além de já estar dividida entre duas pessoas. “Um terceiro não ia dar certo”. Só que quando ela estava indo embora, ela lembra de ter se arrependido muito de não ter ficado com Cláudio. “Eu perdi a minha energia. Uma depressão, parecia que tinha perdido a chance da minha vida”, lembra.

Passado quinze dias do primeiro encontro, era 13 de junho de 2001 e a psicóloga foi à missa de Santo Antônio - uma tradição dela -, pegar o pão do Santo Antônio e fazer uma simpatia para não faltar comida em casa: colocar o pão dentro do arroz. “No final da missa, eu conversei com o santo. Falei: ah, meu Santo Antônio. Puxa vida, sou uma pessoa tão sozinha, sou filha única, não tenho mãe, vivo com meu pai... Dá um adianta aí pra nós, que o negócio tá feio”. 

Kátia saiu da missa, deixou o pão em casa e foi para o forró. Quando estava na fila para entrar, Cláudio passou por ela no sentido contrário, como se estivesse indo embora. Ela acenou, chamou, sorriu, mas não teve resposta. A psicóloga ficou chateada e entrou triste na balada. “De repente, lá dentro, eu encontrei com ele de novo. A gente se esbarrou e dessa vez a gente dançou, a gente ficou e a gente nunca mais se desgrudou.” 

Domingo, 13 de junho, Kátia e Cláudio completam 20 anos juntos. A filha deles, Maria Fernanda, completa 11 anos dia 3 de julho. “O que me toca mais foi esse sentimento que eu tive de parecer ter perdido uma grande oportunidade na minha vida. E acho, realmente, que meu encontro com o Cláudio não é de agora. Eu acho que a gente tem um encontro marcado aí de outras vidas”, concluiu Kátia.

Amor e aceitação

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Amanda e Isabella na praia

Antes de terem um relacionamento, a ilustradora Amanda Marques Moreira (23) e a supervisora de call center Isabella Almeida Da Hora (22) trabalharam juntas. Naquele período, Isabella foi chefe da Amanda por cerca de um mês, ao tirar ela de uma equipe onde sofreu lesbofobia.

“Ela sabia que eu vivia situações complicadas, mas não tinha noção exatamente do que acontecia. Na tentativa de me ajudar, ela me puxou para a equipe dela. Só que aconteceram outras coisas e eu saí da empresa”, conta a ilustradora.

Elas acabaram se aproximando com a saída da Amanda. Ofato que não repercutiu muito bem entre os exs colegas, rendendo brigas e término de amizades, especialmente porque a ilustradora ia toda sexta-feira encontrar Isabella. Mesmo sem assumirem o namoro, elas decidiram viajar juntas para Arraial do Cabo. Pouco antes da viagem, Isabella pediu Amanda em namoro.

“O que eu nunca imaginei é que ela fosse conhecer minha família, porque eu sabia da minha realidade, a realidade da minha família e como eles pensavam em relação à minha sexualidade. A primeira vez que eu falei dela para a minha mãe, contei que estava namorando, foi também a primeira vez que a minha mãe demonstrou interesse em saber. As outras vezes ela nem quis saber o nome da pessoa”, recorda.

Passado alguns dias, a mãe da ilustradora convidou a supervisora para ir até lá conhecer a família. Desde então, as duas convivem com a família uma da outra, com respeito e aceitação. Isabella e Amanda estão namorando há quatro meses, mas já fazem planos juntas.

“É engraçado que há um tempo atrás ela era a minha supervisora e hoje ela é minha namorada. A gente tá procurando apartamento, nós estamos planejando comprar um carro. É muito surreal porque as vezes ela tá aqui na minha casa, aqui com a minha família mesmo. Quando a gente pensa, nunca imaginei isso na minha vida: alguém que eu via na empresa e conversava dentro do oficial, chegou a isso”, diz Amanda.