Se você espirrou e acabou fazendo xixi na calcinha, isso pode significar que seu assoalho pélvico não está funcionando direito. Talvez você, assim como outras mulheres, nunca tenha ouvido falar da existência deste conjunto de músculos e ligamentos. Assim como na academia que fortalecemos os músculos do abdômen, pernas, glúteos e braços, esse também merece sua atenção.
Localizado na região entre o ânus e genitais , o assoalho pélvico dá sustentação a órgãos como bexiga, útero , intestino (e, no caso das mulheres trans, à próstata). “Ele é uma rede de sustentação, como o chão de uma casa. O assoalho tem várias funções, as mais importantes são segurar o xixi, o pum e as fezes. Ele também é responsável pela nossa postura, pois tem conexão com o tronco, e pode ajudar ou prejudicar a relação sexual ”, explica Laura Della Negra, fisioterapeuta especializada em assoalho pélvico.
A especialista explica que as mulheres cisgêneras e homens trans necessitam ter um cuidado maior com esses músculos. “A pelve da mulher é muito mais sensível em estabilidade e rigidez do que a dos homens. Os ossos dos ísquios são mais abertos para passar um bebê e temos um orifício a mais, a vagina, que deixa o tecido mais sensível”, diz.
Além disso, existem fatores de risco que podem agravar o mau funcionamento do assoalho pélvico, como a gestação e a obesidade, por conta do aumento de peso na barriga. Ele também pode ser afetado por traumas na região abdominal, como procedimentos cirúrgicos e cesárias. Atletas de alto nível e mulheres na menopausa também podem experimentar alguns problemas no assoalho pélvico.
Quando o assoalho pélvico não está funcionando bem podem surgir alguns problemas, como dor na relação sexual, incontinência urinária, fecal e de pum, dor na coluna e na região da pelve. “Nem sempre o assoalho pélvico está enfraquecido quando não está funcionando bem, às vezes ele pode estar hiperativo ou pouco coordenado”, explica a fisioterapeuta.
Entretanto, falar sobre fortalecimento do assoalho pélvico ainda pode ser um tabu entre as mulheres, já que muitas desconhecem a existência dos músculos ou não sabem onde se localizam.
Para Laura, o primeiro passo é desenvolver consciência do assoalho pélvico. Ela ensina a contrair e relaxar o ânus, como se estivesse “sugando um milkshake”. “Você vai sentir o ânus indo para dentro e a vagina também. Se você sabe fazer isso, já está um passo à frente da maioria das pessoas, 30 a 40% delas não sabem contrair”, conta.
Laura também aconselha ir a um fisioterapeuta especializado em assoalho pélvico. “É importante cuidar dessa musculatura e saber quando você tem que contrair e quando tem que relaxar. Desde crianças deveriamos aprender o que é essa musculatura e a função, especialmente para conscientização e prevenção de problemas futuros”.