Quando falar sobre sexo com os filhos pré-adolescentes? Delas responde

Segundo especialista, é preciso entender em qual fase seu filho ou filha está antes de começar a falar sobre assuntos que envolvem experiências sexuais

Recentemente, o Delas publicou uma reportagem explicando  o que é transar  e como esse assunto precisa ser debatido com os jovens, especialmente porque o ato é "idealizado" na TV e em conteúdos online. A partir disso, uma leitora (cuja identidade será preservada) nos relatou que tem uma filha de 13 anos de idade e que não sabe se já precisa começar a falar sobre sexo , e se sim, como levantar esse assunto com a menina de forma natural. 

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Ao falar sobre sexo com os filhos, é preciso estar atento aos questionamentos que essa criança ou adolescente faz


Para respondê-la e abordando de que forma começar a falar sobre sexo com os filhos pré-adolescentes, entramos novamente em contato com Débora Pádua, fisioterapeuta pélvica, sexóloga e educadora sexual. De acordo com a especialista, não existe uma "idade ideal", já que cada criança acompanha o mundo da sua própria maneira. 

Pensando nisso, é preciso saber que essa conversa vai depender muito da fase em que seu filho ou filha está. “As crianças têm alguns questionamentos diferentes dos adolescentes. Geralmente, os mais novos falam sobre a diferença entre meninos e meninas. Já na adolescência a conversa tem mais a ver com o ato do sexo em si", diz.

Assim, ela explica as respostas também vão variar conforme as perguntas forem surgindo e os pais ou responsáveis precisam ser cuidadosos nesse momento. “É necessário ficar sempre atento a essa criança ou adolescente, porque é importante estar aberto a ouvir essas perguntas, dúvidas e questionamentos quando a gente vai percebendo que eles estão se despertando aos poucos para esse assunto."

Mas, independentemente das idades, a sexóloga não recomenda dar todas informações de uma única vez, mas, sim, estar disponível para responder às eventuais perguntas conforme elas forem aparecendo. “Cada um tem um tipo de questionamento, mas, às vezes, você pode dar muito mais explicações do que a criança está querendo saber ou consegue entender.”

É importante falar sobre sexo com meninas e meninos

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É essencial que os pais comecem a falar sobre sexo com meninos e meninas, mas em épocas diferentes da adolescência

A especialista afirma que é importante falar sobre sexo com os filhos mesmo antes que eles iniciem a vida sexual. "Uma fase boa para abordar isso é já no início da puberdade, quando for possível perceber que tanto os meninos quantos as meninas começam a ficar um pouco ‘mais ligados’ no tema. Surgem os primeiros 'paquerinhas', e eles começam a ver o mundo com outros olhares e ter atitudes diferentes das crianças mais novas."

Geralmente, se esse tipo de coisa já aconteceu, é comum que o próprio filho vá procurar pelos pais para ter essa conversa e tirar algumas dúvidas. Porém, se isso não aconteceu, não é preciso entrar em desespero! Basta procurar formas para explicar o assunto de forma natural. "Arrumar uma ponte para falar sobre sexualidade , sobre o próprio corpo, é o papel da mãe, do pai ou do responsável que estiver mais próximo", afirma Débora.

Na opinião da educadora, a explicação na hora de falar sobre sexo não deve se diferenciar para meninos e meninas, mas, sim, focando na medida em que cada filho tem dúvidas. “A explicação para meninos e meninas só deve ser diferente na hora de falar sobre o corpo de cada um”.

"Então, para as meninas, esse tipo de coisa começa a acontecer junto da primeira menstruação (menarca), que pode ser um momento bom para o início dessa conversa ou para visitar um profissional pela primeira vez, porque é a partir dessa hora que o corpo da menina começa a se preparar mais para a sexualidade."

"Já os meninos pode ser um pouco antes, porque, às vezes, a ereção acontece antes da menarca e muitos começam a se masturbar cedo. O ideal é que esse momento em que os pais percebem que ele começou a tocar o próprio corpo e se autodescobrir não seja ignorado e que seja ponte para um diálogo aberto sobre o tema."

Se os pais estão com vergonha de abrir esse diálogo com os filhos, algo que, segundo Débora, é bastante comum, vale procurar um profissional (ginecologista, no caso das meninas, ou urologista, para os meninos) que consiga, além de dar explicações, ajudar o adolescente a entender melhor sobre o próprio corpo.

"Muitas vezes os próprios pais não tiveram grandes explicações sobre sexo, e isso pode dificultar um pouco. Também pode ser um pouco complicado [abordar o assunto] porque você não sabe o que se passa na cabeça desse pré-adolescente, então quando você começa a falar sobre sexo e sexualidade, pode faltar um pouco de jeito antes de perceber que eles já estão um pouco mais 'antenados' do que as crianças mais novas."

Como começar a falar sobre sexo com os filhos?

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Ao começar a falar sobre sexo com os filhos, os pais devem conversar entre si para alinhar os pensamentos e diálogos



Antes de mais nada, é extremamente importante que os pais conversem entre si antes de falar sobre sexo com os filhos.

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"Não dá para a criança conversar com a mãe e ela falar uma coisa sobre o assunto e, depois, o pai dizer outra. Os dois precisam falar a mesma língua e falar de sexo da mesma forma: de um jeito educativo, que não seja nada vulgar. É essencial que os dois tenham pensamentos parecidos sobre sexualidade porque isso vai formar a mentalidade dessa criança ou do adolescente sobre o sexo", afirma Débora.

Ao falar sobre sexo com crianças que ainda não chegaram à pré-adolescência, a especialista afirma ser muito mais fácil começar abordando as diferenças entre os corpos de meninos e meninas, ou seja, explicar que eles têm pênis e elas, uma vagina. "Mas os pais podem abordar o assunto com a linguagem mais infantilizada e que já utiliza com as crianças, como por exemplo, chamando pênis de 'pingulim' e vagina de 'perereca'", diz.

"Falar sobre essas diferenças é um jeito natural de se chegar nessa criança, já que, aos poucos, eles vão percebendo a diferença do corpo em comparação com o outro. Então, conforme forem crescendo, eles mesmos vão perceber aos poucos as diferenças entre mulheres e homens, como o fato de que as mães têm seios, enquanto os pais não.”

Outra abordagem para explicar essa diferença é falar, por exemplo, que os meninos fazem xixi de pé, enquanto as meninas precisam se sentar porque os órgãos por onde sai a urina são diferentes. “Vai muito da curiosidade de cada criança saber detalhes sobre esses assuntos”, explica a especialista.

“É uma abertura de portas para se falar sobre sexualidade e, depois, eles vão começar a fazer perguntas sobre como nasceram, por exemplo.” Quando essa hora chegar, a educadora sexual afirma que é possível usar histórias já conhecidas, como a que o pai “planta” uma “semente” na mãe ou que os dois “dão um abraço íntimo”.

Entretanto, na adolescência, é preciso falar sobre sexo de um jeito diferente. A educadora sexual afirma que, nesta fase, essa explicação se torna um pouco mais complexa porque os dois gêneros precisam entender, além da diferença entre os corpos, o que o corpo deles faz e como eles funcionam de uma forma diferente.

“Os meninos adolescentes precisam entender sobre o pênis: que o órgão fica flácido ou ereto dependendo da circulação de sangue e, também, sobre masturbação. Da mesma forma, quando se fala das meninas, é preciso explicar sobre a vagina e também abordar as sensações que ela pode sentir ao se tocar.”

Falar sobre sexo não significa reprimir o filho

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Falar sobre sexo não significa reprimir o filho, mas explicar quais são as responsabilidades que ele precisa ter ao transar

A masturbação é um tópico bastante importante dentro deste assunto. Segundo Débora, não é certo proibir que os adolescentes se toquem, afinal, é a forma que eles têm de conhecer o próprio corpo. Porém, é importante explicar aos jovens que o toque íntimo é algo particular e deve ser feito dentro de casa, no banheiro ou no quarto, enquanto se está sozinho.

Assim como não se deve reprimir os adolescentes que recém descobriram o prazer do toque, também não se deve dizer a eles para não transar, porque é algo que eventualmente vai acontecer. A profissional explica que o que deveria acontecer é, na realidade, uma conversa ampla sobre tudo que envolve o sexo.

“Os adolescentes têm de saber como é o corpo de cada um, a função do pênis e como é a vagina. Além disso, é legal abordar a perda da virgindade, da relação sexual, da penetração e é importante que eles saibam que existe um hímen que pode se romper na primeira vez. É importante dizer que os dois vão ficar nervosos, porque é um momento de descoberta para ambos, mas que o sexo é algo praticado pela maioria das pessoas e é normal.”

“Também é extremamente importante falar que sexo é bom, porque na hora que eles forem fazer, vão perceber que é bom, mas também é preciso falar de responsabilidade. Os pais precisam explicar que o ideal é que eles não contraiam nenhum tipo de doença, nem engravidem em um momento indesejado, ou seja, usem métodos contraceptivos. Deixar claro que os atos geram consequências e, por isso, eles precisam ser responsáveis.”

Outra questão que não deve ser deixada de fora dessa conversa é o consentimento. É preciso explicar tanto para as crianças quanto para os pré-adolescentes e adolescentes que cada um cuida do seu próprio corpo. Então não se deve tocar no corpo de ninguém, porque esse é um tipo de toque mais íntimo, mas também que ninguém deve tocar no corpo deles.

“Deveria existir uma conversa entre os próprios pais sobre como tocar o corpo dos filhos e explicar para essas crianças e jovens como eles podem e querem ser tocados. Isso afeta a sexualidade dessas pessoas no futuro e, independente da circunstância, abuso sexual é um assunto extremamente importante e que deve ser abordado pelos pais”, finaliza.

Tem alguma dúvida que envolve falar sobre sexo , sexualidade ou até mesmo posições sexuais? Faça como a leitora que nos mandou o questionamento e entre em contato conosco pelo email sexo@igcorp.com.br . Nós traremos uma especialista para respondê-la com sigilo total!