O ano era 2015, e tudo parecia estar no seu devido lugar. A norte-americana Larissa Podermanski sabia que tinha vocação para ajudar os outros, então pediu demissão para fundar a própria ONG que dá auxilio as pessoas com deficiência intelectual. A vida pessoal também ia bem. Comprou a primeira casa e pensava em se casar com Martin, namorado que havia conhecido em um show da Mariah Carey quatro anos antes. Apenas um problema ainda não tinha sido descoberto: o câncer de mama. Em dezembro daquele mesmo ano, semanas antes de completar 30 anos, ela encontrou um nódulo no peito. Os detalhes da história foram descritos em uma reportagem no site "Health".
Leia também: O amor e suas diversas formas
A princípio, ninguém levou o nódulo muito a sério e nem imaginou que seria um câncer de mama . “Meus amigos disseram coisas do tipo: ‘Provavelmente não é nada’ e ‘É normal ter seios irregulares’. Até meu médico suspeitava que isso fosse desaparecer após o próximo ciclo menstrual”, conta Larissa em depoimento ao “Health”. Então ela decidiu esperar, porque sabia que os seios das mulheres realmente podem inchar e reter fluido extra no período pré-menstrual.
Mas o tempo passou e, em fevereiro de 2016, o nódulo no seio ainda não havia desaparecido. Fora isso, ela passou a sentir dor. Depois de alertar os médicos insistentemente, eles finalmente concordaram em fazer um ultrassom para tranquilizá-la. Os resultados foram normais, mas o protocolo exige que os médicos também façam uma biópsia e, três dias depois de começar os testes, um dos médicos a chamou e deu a triste notícia: “Desculpe, mas você tem câncer de mama”.
“Ninguém suspeitava que meu câncer fosse incurável. Nem eu, nem meu noivo, e nem os médicos, porque eu era muito jovem”, lembra Larissa. O excesso de confiança fez com que ninguém cogitasse a hipótese de examinar outras áreas do corpo para ver se a doença já havia se espalhado. Foi um grande erro, pois se tivessem feito teriam visto que o fígado também já estava comprometido.
Leia também: Casal que se uniu de forma inusitada viraliza na web; conheça a história
Após duas semanas, precisou ir às pressa para a sala de cirurgia por sentir uma dor intensa nos seios e ao longo da parte superior das costas. “Querendo descartar um coágulo sanguíneo, os médicos solicitaram uma tomografia computadorizada. Foi quando eles determinaram que eu tinha um câncer no estágio 4, também conhecido como metastático”, relata.
Casamento relâmpago
Recebendo a notícia, Martin olhou para a amada e perguntou: “O que você quer fazer?”, pois já imaginava todo o sofrimento que Larissa passaria durante o tratamento, principalmente quando tivesse que raspar os longos e encaracolados cabelos. E a resposta dela foi: “Quero me casar com você imediatamente”.
“Uma vez que decidi me casar, minha família e amigos se reuniram. Eles me ajudaram a encontrar um local, um fotógrafo e um vestido de noiva em menos de uma semana”, detalha Larissa. “Meu amigo que possuía um salão de cabeleireiro se prontificou a fazer meu cabelo. Outro amigo que é dono de um bar ofereceu o lugar. Parecia que cada parte do casamento era uma surpresa, não tive tempo de me preocupar nem me estressar com nada”, completa.
Em busca de respostas
Paralelo a isso, outra coisa importante aconteceu na vida dessa guerreira. Larissa é adotada e, após receber o diagnóstico do câncer, decidiu procurar a família biológica. Ela já tinha tentado encontrar a mãe de sangue em 2015, mas, na época, a agência de adoção a informou que mulher que a deixou em um orfanato havia morrido. Mesmo assim, Larissa decidiu procurar novamente. “Eu precisava saber se minha mãe tinha morrido do mesmo câncer. Eu queria saber mais sobre minha genética e se eu herdava uma predisposição à doença”, afirma.
Em poucos dias, descobriu que a mãe biológica realmente tinha falecido, mas não de câncer e, sim, de ataque cardíaco. Infelizmente, não conseguiu conhecer a mãe, mas encontrou um tio, uma tia, alguns primos e a avó e todos foram convidados para o casamento improvisado. “Fiquei honrada em saber que aquelas pessoas que tinha acabado de conhecer se importaram comigo e quiseram participar desse momento especial da minha vida”, fala. Parece que tudo isso demorou meses para acontecer, mas ela reencontrou a família e organizou o casório em apenas seis dias.
Vivendo com a doença
Depois de passar por tudo isso, ela reconhece que, antes de ter sido diagnosticada, sabia pouca coisa sobre a doença a e, logo que descobriu, tudo o que sabia era o que lia na internet, algo que não aconselha a ninguém.
“Lia muitas coisas terríveis sobre quimioterapia. As pessoas diziam que ninguém deveria fazer isso, pois é algo horrível. Mas isso não se aplicou a mim”, afirma. “Claro, que não é algo simples que faço voluntariamente, às vezes sinto náuseas e cansaço após as sessões. Mas, o procedimento é importante para algumas pessoas com câncer de mama metastático porque pode prolongar suas vidas por um ano ou mais”, acrescenta.
Por um tempo, Larissa parou com a quimioterapia e tentou seguir com terapia hormonal. Entretanto, passaram-se três meses e o os tumores do fígado começaram a se espalhar, por isso, precisou volta ao tratamento antigo. “Espero que a quimioterapia que estou fazendo agora funcione por um longo período de tempo. Mas, quando isso terminar, espero que exista outro tipo de medicação disponível para mim”, desabafa.
Leia também: Casamento é tão bom que acaba em rede de fast food
Planos e sonhos
Larissa ainda precisa conviver com a doença e segue em tratamento, porém a esperança é algo que nunca morre. “Há tantas coisas que eu ainda quero fazer na minha vida. Quero conhecer o maior número possível de partes do mundo. Para minha lua de mel, meu marido e eu fomos para a Áustria e a Polônia. E, agora também quero ir para a Alemanha, Itália e Irlanda e compartilhar minha história com os outros”, diz.
Ela continuará fazendo o que sempre fez: defendendo os outros e aumentando a conscientização – especificamente sobre câncer de mama metastático. Mesmo sabendo que algumas das principais organizações de câncer dos Estados Unidos doam dinheiro para pesquisas e tratamentos, Larissa vê o seu trabalho como fundamental. “Eu ajudo de alguma forma, pois sei que posso espalhar palavras de conforto para as mulheres na mesma situação e sei o quanto isso é importante”, finaliza.