A ioga, prática que combina técnicas respiratórias, exercícios de postura, relaxamento e meditação, é uma atividade bastante procurada por quem quer melhorar o condicionamento físico, a flexibilidade e, de quebra, desestressar um pouco. Além de tudo isso, a prática também melhora a circulação sanguínea em todo o corpo, mexe com o equilíbrio e redução dos níveis de ansiedade.
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O que muitos não sabem, porém, é que praticar ioga também pode promover benefícios significativos para a vida sexual, tanto individualmente como na vida em casal. “Os benefícios físicos que a prática proporciona refletem diretamente na vida sexual, tendo em vista que o praticante terá mais energia, força, flexibilidade e resistência”, afirma a instrutora Leilane Lobo, certificada como treinadora da prática há nove anos e especialista em transformação do corpo feminino.
Como a prática funciona?
Essa prática surgiu na Índia, é bastante influenciada tanto pelo budismo quanto pelo hinduísmo e busca, por meio de exercícios envolvendo flexibilidade e alinhamento, equilibrar os chakras (pontos determinados do corpo que concentram energia). “Com a ioga, o praticante inicia despertando a energia do Muladhara Chakra, que é o primeiro e mais elementar, situado na região do períneo, no baixo abdômen”, afirma Leilane.
De acordo com treinadora, a movimentação desse chakra libera as energias contidas nele e faz com que elas percorram todos os outros chakras, ampliando o fluxo de energia vital da pessoa. Assim como prega o tantra, a filosofia da prática acredita que essa energia conecta cada pessoa tanto com o restante do universo quanto com o próprio interior.
É possível praticar essa atividade em aulas presenciais, em institutos ou particulares, ou até online, como as que são ministradas por Leilane, que exigem 20 minutos diários de dedicação. De acordo com a treinadora, quem busca os benefícios que a atividade promove deve praticá-la no mínimo duas vezes na semana.
Ela também enfatiza que qualquer pessoa pode ser adepta da atividade, inclusive grávidas e pessoas obesas. “A ioga é a atividade mais recomendada pelos obstetras durante a gestação. Não existe contraindicações, afinal de contas, vemos pessoas com sobrepeso e outras com idade avançada que são bem mais ativas do que muitos jovens ”, afirma a treinadora, ressaltando que o importante é as pessoas acharem uma prática que traga conforto e faça bem a elas.
Bem-estar emocional, físico e sexual
Quando a energia contida no Muladhara Chakra é liberada, ela se espalha pelo corpo e é trabalhada por meio dos exercícios. Ela promove uma sintonia maior da pessoa com ela mesma, já que faz com que ela observe melhor os limites do próprio corpo, as capacidades físicas, de concentração, equilíbrio e preste mais atenção na respiração.
O bem-estar emocional, por sua vez, está bastante relacionado aos benefícios físicos que a prática promove. De acordo com Leilane, prestar mais atenção em como o próprio corpo e a mente funcionam normalmente faz com que a pessoa encare as situações do dia a dia de uma forma diferente, diminuindo a ansiedade e o estresse.
Além disso, Leilane explica que os exercícios de elasticidade, equilíbrio e respiração tonificam os músculos do corpo como um todo, podendo fazer com que certas dores diminuam. Se livrar daquela dorzinha irritante que atrapalha a vida é algo que, sem dúvidas, traz benefícios também ao âmbito emocional.
Adquirir uma maior conexão com o próprio corpo e a própria mente também proporciona uma conexão melhor com outras pessoas, principalmente se o parceiro ou parceira também for adepto da prática. É aí que os benefícios da prática começam a se estender à vida sexual : de acordo com a treinadora, uma conexão mais intensa propicia uma relação mais completa e prazerosa, já que os parceiros se doam um ao outro de forma mais intensa e com mais cumplicidade. O autoconhecimento que a prática promove também é importante na questão sexual, já que pessoas que conhecem o próprio corpo também sabem melhor o que as agrada durante o sexo.
Assim como o pompoarismo, a massagem tântrica e o pilates, a ioga utiliza muito a região do quadril e os músculos da pelve durante os exercícios propostos. De acordo com a educadora sexual e uroginecologista Cátia Damasceno, o fortalecimento da musculatura pélvica e dos glúteos ajuda a tratar incontinência urinária, pode melhorar o funcionamento do intestino e até preparar a mulher para um parto normal, mas, além disso, pode melhorar tanto a quantidade quanto a qualidade dos orgasmos.
Atividade física ou tratamento?
Além dos benefícios citados, alguns estudos e especialistas apontam que a prática também pode ser utilizada para tratar algumas condições complicadas relacionadas à sexualidade tanto de homens quanto de mulheres.
Normalmente causado por questões emocionais, como traumas ou medos, o vaginismo é um problema que afeta a musculatura pélvica feminina, fazendo com que ela se contraia involuntariamente, tornando a penetração dolorosa e praticamente impossível. De acordo com a fisioterapeuta íntima Débora Padua, os músculos das mulheres que sofrem de vaginismo “não sabem” relaxar e precisam ser ensinados com fisioterapia e exercícios locais.
De acordo com Leilane, porém, a prática da ioga pode ser um ótimo tratamento para problemas como esse e também para a frigidez, ou seja, a dificuldade em sentir prazer durante o ato sexual. A treinadora afirma que pessoas que sofrem de problemas como esses muitas vezes estão com um bloqueio nos chakras e, já que a prática faz com que a energia vital da pessoa flua melhor, pode ajudar a resolver.
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Além disso, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estudos Unidos, a ioga também pode ser de grande ajuda para homens que sofrem de impotência sexual. A pesquisa analisou homens que batalhavam contra o câncer de próstata – cujo tratamento costuma gerar problemas no desempenho sexual – e promoveu sessões da prática para parte deles. Ao final do estudo, os pesquisadores perceberam que os sintomas da impotência diminuíram para aqueles que participaram das sessões e, ao mesmo tempo, eram mais persistentes para aqueles que não participaram.